Capítulo quatro

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Uraraka estava decidida. Iria falar com Bakugou e esclarecer, de uma vez por todas, o motivo para ele estar ignorando ela. Era uma segunda-feira chuvosa e ela quase perdeu o ônibus. Sentou na cadeira do fundo e encostou na janela, olhando a enxurrada de água cair do céu. Estava um pouco frio, mas nada que ela não pudesse aguentar até chegar na escola.

Sabia que Bakugou pegava o ônibus naquele horário também e sempre era o segundo a chegar. Ela ficou bem atenta ao momento em que ele entraria pelas portas.

Ele não apareceu e aquilo a deixou ainda mais irritada. Iria encurralar aquele garoto e o obrigar a dizer o motivo para estar a ignorando. Quando chegou na escola, vasculhou todos os cantos até encontra-lo com Kirishima, perto dos armários. Ela respirou fundo e andou até ele.

Quem a viu primeiro foi Kirishima, que acenou com um grande sorriso no rosto. Quando Bakugou virou para ver quem era, achando ser Mina, congelou. O que aquela garota queria? Enlouquece-lo enquanto ele nutre sentimentos por ela?

- Bakugou-kun, podemos conversar às sós?

- O que você quer, cara de lua? É tão "íntimo" que você não pode nem contar na frente do cabelo de merda?

Ela mexeu na saia, mordendo o lábio inferior. Ele era tão difícil de lidar.

- Por favor.

Eijiro sentiu o clima mudar ali e se despediu dos dois, dando a desculpa de que sua namorada estava o chamando.

Katsuki só queria virar de costas e ir embora, mas Ochako segurou a barra da blusa dele.

- O que eu fiz pra você estar assim? Eu... Achei que estávamos nos dando bem.

Bakugou suspirou, se apoiando no armário e cruzando os braços enquanto a encarava.

- Eu tenho os meus motivos e eles não são necessariamente sobre você.

A garota sentia o lábio inferior sangrar um pouco de tanto que ela o mordia.

- Você ainda vai na minha casa fazer o trabalho? Já estamos chegando perto da data de entrega.

- Sim, vou continuar nosso trabalho, não admito notas baixas, você sabe.

Ochako suspirou, irritada.

- Você está sendo mais frio do que antes. Eu não sei o que eu fiz de errado, então como vou me desculpar por algo que eu não sei?

- Bochechas, eu não tô pedindo suas desculpas. Já disse, não tem nada a ver com você.

- Aconteceu alguma coisa? Alguma crise ou algo do tipo?

Bakugou fechou os olhos com força e a encarou novamente.

- Pra que caralhos você quer saber disso?

- Por que eu me preocupo. Somos amigos, não somos? E eu te conheço, sei que você está agindo esquisito.

Ele riu, olhando para a garota com ironia.

- Você não me conhece, cara redonda. Não conhece nem metade do que eu sou.

Ochako segurou uma das mãos do loiro.

- Então me deixa te conhecer. Eu quero saber quem você é.

O coração de Bakugou saltou e ele sentia o doce toque delicado das mãos fofinhas de Ochako segurando seu pulso.

Ele não tinha nada a perder, então se inclinou sobre a menina, olhando profundamente seus olhos castanhos e deixando que sua forma se sobrepunhasse, encurralado-a.

- Você tem certeza disso? Tem certeza que quer entrar nessa?

Uraraka engoliu em seco e assentiu, seu coração também batendo rapidamente. Ela retribuiu o olhar fixo dos olhos vermelhos de Bakugou e arfou. Se alguém passasse naquele momento, acharia que o loiro a estava intimidando, entretanto, Ochako nunca se sentiu tão protegida do que aquele momento.

A chapeuzinho e o lobo mauOnde histórias criam vida. Descubra agora