A filha do sequestrador

por que você não me beijou?

-hm... verdade ou desafio

-de duas pessoas?

-tá, quer jogar o que?

-jogo do silêncio

-NÃO, PELO AMOR DE DEUS

-então eu não sei Robin

-deixar o outro com ciúmes?

-robin, a gente se conhece não tem nem uma semana e não tem porque ter ciúmes

-como não? Claro que tem

-a gente nem se gosta robin, não tem porque sentir ciúmes

-claro... brigar de mentira até brigar de verdade?

-sei não viu, acho sem graça

-então deixar o outro com ciúmes até ficar irritado

-você não vai desistir da ideia do ciúmes né? - Ele balançou a cabeça de forma negativa e sorriu - tá, mas já vou logo avisando, é muito difícil me deixar com ciúmes

-mas é muito fácil te deixar irritadinha

-só tenta

-viu, já tá irritada

-a ideia é deixar o outro irritado por conta de ciúmes, e não por excesso de raiva

Eu não sei porque aceitei a brincadeira, era um joguinho sem graça e sem noção, mas o robin não ia parar de encher o saco enquanto eu não aceitasse.

-eu começo - ele coçou a garganta - eu só aceitei ficar na sua casa porque a vizinha é bonita

-primeiro lugar, é um homem, segundo, se quiser vai embora, só não garanto que vai continuar vivo

-não quero mais jogar com você, é muito chato

-começou, agora aguenta... eu só não te beijei das vezes que você tentava se aproximar porque você não faz meu tipo

-acho que é porque você nunca beijou ninguém

-você que pensa

-eu não quero mais brincar, você não fica brava

-eu falei que era difícil, mas quer fazer o que agora?

-calma... antes quero que você me fale a verdade

-sobre?

-por que você não me beijou?

Eu congelei, não sabia o que responder, eu queria beijar ele mas conheci ele há pouco tempo.

-porque eu não te conheço

-sou robin arellano, tenho 13 anos, moro com o meu tio, amo os filmes operação dragão e o massacre da serra elétrica. Pronto, agora me conhece

-robin, eu te conheço há três dias, não dá pra eu te beijar

-claro que da

-da pra mudar de assunto? Não quero ficar falando sobre isso

-se você me conhecesse a mais tempo, você me beijaria?

-robin, já deu de falar disso

-só responde

-não sei, acho que sim

-de quanto tempo você precisa pra beijar alguém?

Eu suspirei. Não queria ficar falando sobre isso

-eu teria que confiar na pessoa, me sentir confortável com ela, não tem um "tempo certo" pra isso. Agora, deu desse assunto

-tá bom...

Eu me deitei na minha cama e fiquei olhando pro teto, ele deitou do meu lado e fez a mesma coisa. Depois ele me olhou e eu olhei pra ele também, ele olhou nos meus olhos, na minha boca, nos meus olhos e voltou a olhar o teto.
Querendo ou não eu gostava dessas olhadas dele, me dava arrepio (no bom sentido).

-s/n

-eu

-pode ligar pro fin?

-acho melhor não... foi a primeira noite dele e ele já recebe muitas ligações..

-como assim? Ligações de quem?

-você não ia acreditar se eu contasse

-claro que ia

Eu me sentei e ele também

-aquele telefone não funciona na linha normal, mas de algum jeito, as vítimas do meu pai conseguem falar com quem está preso lá

-você está querendo dizer que os mortos estão falando com o fin?

-exatamente isso, e quando eu saí aquela hora, eu passei do lado do porão e vi ele com o telefone no ouvido

-sera que ele vai ficar bem?

-não sei, mas espero que sim.

Ele estava muito nervoso. O robin estava sentado na minha cama com o pé no chão, ele estava tremendo a perna e batendo os dedos na coxa dele (como se estivesse tocando teclado na própria perna)

-ei - eu segurei a mão dele - relaxa tá? Ele vai ficar bem

Ele olhou pra mim e deu um sorrisinho, depois eu encostei minha cabeça no ombro dele e ficamos olhando pra janela.

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Uma coisinha bem clichê, não achei tão bom mas é a vida kkkk