Noite turbulenta

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Acordei com um trovão e sentei na cama com meu coração batendo rápido demais, o quarto estava escuro e por um momento minha mente lembrava de ter deixado a luz acessa, a unica luz escassa vinha da janela que estava com a cortina aberta, a chuva ainda era violenta, o barulho do vento era forte e fiquei por um momento paralisada, não ouvia nada a não ser a chuva, sai do quarto devagar tentando chegar a escada sem rolar por ela e quebrar o pescoço, e por sorte a luz da janela do quarto dos meus avós ajudava, quando olhei para o mesmo a cama não estava mais lá, por um momento tentei entender o que estava acontecendo, quando mais um trovão me fez pular e escorregar para o degrau de baixo, me segurei firme olhando para baixo e vendo a pouca luz que tinha, desci tentando acalmar meu coração, provavelmente estava tudo bem, eu só estava assustada por conta da chuva e a queda de energia, respirei fundo quando meu pé tocou o chão e senti o vento frio, a porta ainda estava aberta, mas não podia ver meu avô sentando do lado de fora, olhei pela sala que estava literalmente vazia, a poltrona verde-escuro favorita da vovó que me sentei mais cedo não estava lá, nem a poltrona de couro marrom reclinavel do vovô, a lareira apagada, fui para a cozinha que estava da mesma fora, vazia, meu coração estava acelerado e eu sabia que alguma coisa tinha acontecido, aode estava eles, e as coisas da casa, ouvi um barulho na sala e por um momento o medo me tomou e tudo que consegui fazer foi ficar em silencio, orei para qualquer divindade que estivesse disponivel para que fosse apenas coisa da minha cabeça, um sonho, apenas isso, um terrível pesado, logo vovó me acordaria para o lanche da tarde e eu iria rir disso mais tarde, mas agora minha mente me mandou sair pela porta de trás o mais rápido possível e foi exatamente isso que fiz, a chuva estava fria e eu senti meu corpo lutar para correr pela floresta e utrapassar os obstaculos que ela me impunha, meus pés descalços me faziam correr mais lento do que eu queria, mas a figura negra atrás de mim fazia com que eu corresse o suficiente para que meus pulmões começassem a protestar, com medo do que me seguia eu não olhei com atenção o suficiente para trás e quando percebi rolei um morro e tudo ficou escuro.

 - Será que está morta? - Uma voz longe falou enquanto eu sentia algo me cutucar, abri meus olhos vendo alguém de cabelos verdes antes de apagar novamente ou apenas um palavrão e uma luz violeta.

.... Quebra de tempo...

Acordei levantando mais uma vez assustada olhando para os lado, estava em uma sala branca e com cheiro de produtos de limpeza, várias macas com lençóis brancos igual a que eu estava deitada tomavam a sala, uma porta na parede oposta que eu estava e uma pequena mesa tinha alguns papéis e uma caneta, coloquei meus pés para um lado da maca pronta para descer quando a porta abriu de repente e um moça de cabelos castanhos em um coque entrou, seus olhos dourados se fixaram em mim e fechou a porta indo na minha direção.

 - Fico feliz que tenha acordado, como se sente? - Sua voz era calma e percebi que ela tinha uma prancheta e uma caneca que começou escrever assim que parou na minha frente.

 - Aonde estou? - Falei olhando ainda ao redor, eu sabia que ali era pequeno demais para ser um hospital ou seja lá o que for.

 - Você está em Alba Schola. - Fiquei quieta esperando ela continuar, ou pelo menos, rir e dizer que era brincadeira e que eu estava no hospital, mas nada veio.

 - Aonde? - Tentei novamente, já que ela parecia distraída escrevendo furiosamente.

 - Qual o seu nome? - Ela parou olhando agora parecendo preocupada.

 - Aneline... - Tentei lembrar de mais alguma coisa, mas minha cabeça doeu. - Ai... - Meu gemido não passou despercebido.

 - Parece que você sofreu uma pancada forte, se lembra de alguma coisa antes daqui? - Ela agora colocou a prancheta em cima da cama e olhou com preocupação.

Fiquei em silêncio, mas não pude disfarçar o pânico que me tomou, e quando percebi estava hiperventilando, minha visão começou a escurecer e senti a mulher tentar me deitar novamente, e como estava me sentindo fraca apenas cedi ao seu esforço e deitei novamente.

 - Está tudo bem, você bateu a cabeça e está com uma perda de memória, tenta manter a calma você está segura e bem agora, vamos ajudar você em tudo que conseguirmos. - Sua mão em meu ombro me foi acalmando aos poucos, e com isso senti minha respiração voltando ao normal. - Eu vou buscar água, fiquei um pouco deitada sim.

Ela saiu do quarto rapidamente e eu fiquei ali deitada, mais calma, porém com a mente a mil, tentando lembrar o que eu estava fazendo antes de acordar ali, lembro que estava na mata, quando caiu de um barranco e vi uma mulher com cabelos verdes, e então uma luz violeta e tudo ficou escuro, estava tentando entender o que eu estava lembrando quando a porta abriu novamente e eu comecei a me levantar para tomar água quando olhei e vi a mulher de cabelos verdes que tinha um sorriso grande, seus olhos eram de um verde vivo e ela usava uma saia rodada que ia até o joelho, blusa social branca não alinhada e uma terninho no mesmo tom azul escura da saia.

 - Graças aos Deuses você não está morta, imagina o susto que tomei quando você rolou morro abaixo e ficou lá parada caída, mas eu tenho que admitir aquele feitiço me pegou de jeito. - Ela falou fechando a porta e vindo na minha direção, e se sentou na maca ao lado agora ficando de frente para mim que já tinha conseguido sentar e estava tentando entender o que ela tinha acabado de falar.

 - Feitiço? - Minha voz era rouca depois de tudo o que estava acontecendo eu não podia me sentir culpada por estar sobrecarregada.

 - Você não lembra, certo deve ter perdido a memória, também a queda foi feia, mas tudo bem o que eu contei foi a mais pura verdade, contei também para a diretora Dália, provavelmente ela vai querer que você fale o que se lembra para saber sua família e... - Sua voz foi interrompida pela porta que abriu e a mulher anterior entrou com uma segunda atrás dela, ela era alta, loira, cabelos lisos e alinhados, corpo magro e olhos azuis frios.

 - Senhorita Tebet acredito que está em horário de aula. - A voz da loira era mais gentil do que eu podia imaginar e vi um certo brilho ao ver a garota à minha frente bufar.

 - Eu sei, só queria saber se ela estava bem.

 - E então, Doutora Cristina? - A loira olhou para a morena que tinha uma garrafa de água.

 - Ela está fisicamente bem, apesar da pancada na cabeça não teve traumas ou feridas visíveis, provavelmente um feitiço de cura, Agnes? - A Doutora me entregou a garrafa e olhou para a Agnes.

 - Eu não fiz nada, eu só a transportei com o Brian, ela se curou sozinha já que eu tinha visto sangue. - A garota se levantou e deu espaço para a Doutora.

 - Certo, ela teve uma perda de memória, provavelmente devido a pancada na cabeça. - Cristina terminou olhando para a loira.

 - Pois bem, eu sou a diretora Dália, muito prazer, independente do que tenha acontecido ou de onde veio você é mágica, e com o feitiço de cura mostra que é uma feiticeira branca, então tem uma vaga garantida na Albas Schola, então seja muito bem vinda, claro que te daremos todo o suporte para entender o que aconteceu e de onde você veio, já chamei um especialista do governo mágico, Agnes ajude ela se entrosar e tudo mais, vocês vão dividir o quarto, tudo que ela precisa já foi providenciado, alguma pergunta querida? - Ela agora parecia realmente uma diretora ditando ordens com tanta segurança.

 - Obrigada por me aceitar. - Eu não sabia o que estava acontecendo ou quem eu era, mas sabia que sozinha eu estava perdida e aqui estava minha oportunidade perfeita para entender quem era eu o que aconteceu comigo.

 - Não precisa agradecer, é seu direito estar aqui. - Ela deu um sorriso e saiu.

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