Marca de nascença

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 - Acredito que tenham terminado. - Dália entrou de forma abrupta me fazendo pular do meu -acento, meu coração acelerou e percebi aquela fina conexão com Sebastian ser quebrada.

 - Sim, acabamos por hoje, daremos alguns dias para que o feitiço Regressus possa agir, por hora continuarei a investigar. - Seu olhar era sério e em momento algum me deixou, e mesmo que eu não olhasse podia sentir seus olhos, era algo quase físico.

 - Pois bem, Anelise deveria voltar para seu dormitório, o toque de recolher já vai começar. - De forma nada sutil me vi sendo convidada a sair dali e foi isso que fiz.

Minha mente ainda estava tentando processar o que tinha acontecido e não registrou o caminho que pareceu rápido demais para o dormitório, Brian e Agnes estavam conversando e pararam quando me viram.

 - Aí está nossa garota, como foi com o homem do governo? - Naquele momento me senti tentada em despejar tudo que tinha acontecido em cima dos meus amigos, mas algo me parou, talvez um instinto de autopreservação, quase como uma voz em minha mente.

 - Começamos pelo básico. - Dei de ombros pegando a garrafa de vinho que por infelicidade já estava vazio, que novidade.

 - Deixe-me adivinhar, Regressus? - Assenti me jogando no sofá grande ao lado de Brian.

 - Bom o livro que te emprestei estava certo no fim, mas alguma coisa que descobriu nele? - Agnes pega uma garrafa embaixo da mesa que tinha ainda metade do conteúdo e me oferece recebendo um olhar indignado de Brian.

 - Hei. - Tentou alcançar a garrafa, mas fui mais rápida.

 - Bom, o motivo da minha mente não ter sido curada pela minha magia de cura não é muito promissor. - Abri a garrafa bebendo no gargalo, quem poderia me culpar estava sendo uma semana difícil.

 - Quanto mistério, o que você descobriu em apenas um dia de leitura? - Ela tinha me entregado esta manhã, um pedido específico para descobrir exatamente o porquê da minha mente continuar um papel em branco.

 - Temos três opções, a primeira é que o dano não é físico e sim psicológico, algum trauma talvez, segundo, alguém lançou um feitiço para que eu não me lembrasse e o terceiro motivo, é o que eu menos gosto é, que talvez isso seja uma trava familiar, era muito comum na na grande guerra, e devido minha idade isso é possível. - Uma trava familiar nada mais era do que um feitiço que vai de geração em geração de família de feiticeiros escuros que para manter seus segredos, usavam para caso alguém fosse capturado pelo outro lado, não pudesse se lembrar de nada do seu passado, sem passado, sem informação confidenciais para o lado inimigo.

 - Mas isso só é usado por família escuras, você não pôde ser... - Brian parou de falar quando olhei para ele.

 - Isso são apenas hipóteses, como você mesmo falou são três e pode ser qualquer uma delas. - Agnes encerrou a conversa e eu voltei a beber.

Quebra de tempo...

" - Vamos fazer um feitiço de regressão, ele é um feitiço simples e neutro, mas vai ajudar a incentivar sua mente a começar a lembrar sozinha, você tem que se concentrar no que quer lembrar, ou seja, quem era e de onde era antes daqui...

Uma voz soava longe enquanto mais uma vez eu corria pela floresta, a chuva fria, as roupas e cabelos molhados e pesados, meu corpo entrando em protesto pelo esforço demasiado, o trovão, o rosnado, a sombra negra de olhos violetas e a sombra cinza se chocando, mas não parou por aqui, eu continuei correndo quando me desequilibrei, e cai morro abaixo, eu sentia pontas afiadas me arranhando e a terra grudando em mim, meus olhos fechados, um forte golpe na minha cabeça e então parei de rolar, uma sensação de formigamento na minha nuca e então vi alguém se aproximando, um flash violeta..."

DescendênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora