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"Amor, nós construímos essa casa sobre memóriasTire uma foto minha agora, balance até você verE quando as suas fantasias se tornarem o seu legadoMe prometa um lugar na sua casa de memórias"

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"Amor, nós construímos essa casa sobre memórias
Tire uma foto minha agora, balance até você ver
E quando as suas fantasias se tornarem o seu legado
Me prometa um lugar na sua casa de memórias"

(House of Memories - Panic At The Disco!)

San Jose del Mar sempre cheirava a peixe e mar.

A praia ficava a quase sessenta quilômetros da cidade e mesmo assim, eu acordava todo dia com a maresia em meu nariz. A culpa era do imenso paredão de rochas e montanhas que se projetava desde a costa, como um bloqueio para o mundo externo. Era isso que tornava aquela parte do mar tão exclusiva e enchia a faixa de areia de casas de praia exclusivas. Pessoas gostavam da privacidade que aquele mundo oferecia.

Esse, infelizmente, era um privilégio que eu não tinha.

— Pela milésima vez, Rosália, eu não peguei a droga do seu carregador!

— Samantha, olha essa boca!

— Mãe, a Samantha pegou meu carregador de novo!

— Eu vou colocar as duas de castigo, estão me ouvindo? Se resolvam de uma vez antes que acabem sem sair de casa até o Natal.

— Mãe! Foi tudo culpa da Samantha.

— Minha? Rosália, foi você quem começou!

Tomei um longo gole de café amargo. As vozes e passos irritados no andar de cima continuaram e eu tentei ignorar a barulheira.

— Esse brinquedo é meu, seu idiota! — Uma voz estridente gritou atrás de mim.

— Eu vou contar para minha mãe que você pegou minha bola!

— Conta, Júlio, eu duvido, eu duvido, eu duvido...

— Mãe! O Alex tá sendo chato!

Enchi a caneca mais uma vez. Eu iria precisar da minha dose tripla de cafeína se quisesse sobreviver.

Aquela era uma típica manhã na casa dos Rivera. Era a consequência de morar com todos os meus parentes no mesmo ambiente e eu já deveria estar acostumada, mas detestava.

Lavei a louça do café, tentando ignorar as discussões que explodem ao redor de mim. Samantha e Rosália ainda discutiam pelo carregador, Alex, meu irmão mais novo e Júlio choravam para suas respectivas mães a perda do brinquedo e tia Sarah e tio Oscar falavam alto sobre o restaurante da praia.

—... Aquele menino foi um bom assistente, uma pena que precisou sair. Mas quero chamar ele de novo.

Deixei uma xícara cair pelo susto na pia. Por sorte não quebrou.

— Grace, tá tudo bem?

— Tá sim, tio Oscar, só tô terminando de limpar.

Sorri para a figura baixinha, de cabelos pretos e olhos escuros. Ele franziu a testa, ganhando muitas dobrinhas na pele, e pegou as chaves em cima da mesa. Ao lado dele, uma mulher mais alta, loira e queimada de sol segurava sua mão com carinho. Ela me lançou um olhar cúmplice e eu engoli em seco.

Quente como o VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora