(📖) ▐ ࣭⸰ NASCIDA PARA MORRER . ︵
╰──╮𝒞𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 SEIS ¡!❝ Não me deixe triste, não me faça
chorar Às vezes o amor não é o
suficiente e a estrada se torna difícil
Eu não sei o porquê Continue me
fazendo rir, vamos ficar chapados A estrada
é longa, nós continuamos Tente
se divertir nesse meio-tempo ❞╰ ・ ・ ・ ・ ・ ╯
NAQUELA MANHÃ EM QUE O SOL SE fazia presente passando seus flashes pelas frestas das persianas do quarto gelado, acordei com uma dor de cabeça mais do que irritante. Não me lembrava de muita coisa, nem sabia o que fazia ali, o que me preocupou. Notei que ainda usava minhas roupas da noite anterior, então nada do que eu pensei aconteceu. Que bom. Meu corpo parecia implorar por um descanso, mesmo eu tendo dormido muito. O sol estava forte o suficiente para identificar que já era pelo menos de tarde, fazia tempo que não acordava tão tarde assim.
Meu olhar vagou lentamente pelo quarto onde me encontrava. Era confortável, arrumado e estranhamente familiar pra mim. Afastei o lençol do meu corpo, sentei-me na cama e esfreguei os olhos delicadamente. Voltei a olhar para a janela e fiquei ali observando por um tempo, continuaria se não fosse pelo barulho que ecoou dentro do cômodo quando a porta foi aberta.
Meu coração fez o favor de errar todas as batidas assim que vi Rafael com um copo d'água na mão. Seus cabelos estavam bagunçados e seus olhos deixavam claro o quanto estava com sono, provavelmente tomei sua cama na noite anterior. Ele pareceu surpreso ao me ver acordada, provavelmente esperava que estivesse dormindo, evitando esse tipo de momento constrangedor.
— Bom dia. — O vi engolir a seco e fechar a porta atrás de si. — Trouxe água para tomar o remédio, imagino que esteja com uma dor de cabeça do caralho.
— Estou.
Nós dois trocamos olhares rapidamente, me fez estremecer. Fazia tanto tempo que não olhava para seus olhos azuis e mesmo depois de anos, eles ainda tinham o mesmo efeito sob mim. Lange veio ao meu encontro e entregou-me o copo de água gelada, ele logo abriu a gaveta da mesinha de cabeceira, onde pude observar algumas tralhas que ali tinha. Uma cartela de remédio foi entregue para mim.
— Fiz vitamina de morango, sei que você só consegue tomar isso quando acorda. — Rafael falou ao se distanciar de mim.
Não sei se minha expressão surpresa ficou aparente, mas a verdade era: nunca iria imaginar que ele lembraria de uma coisa tão besta dessas. O transtorno alimentar é algo que enfrento desde dos dezessete anos quando comecei a namorar Rafael, a comparação mas redes sociais e a disforia nunca foram algo que me ajudaram mentalmente. Lange sempre me ajudava quando possível quanto a isso.
Assim que terminei nosso relacionamento, procurei tratamento e até hoje venho sendo acompanhada por terapeuta e nutricionistas. Passar disso não vai ser fácil, sei disso.Era óbvio que reencontrar Rafael teria impactos em mim quais não esperava, sempre tenho vontade de chorar quando o encaro fixamente, ou até mesmo quando penso nele. Mesmo ficando bêbada, isso não é o suficiente, afinal, sempre que eu acordo, tudo volta a ser como era. As vezes eu só desejava tirar férias da minha vida.
— Ouviu algo que eu disse? — A voz grave dele foi o que me tirou dos pensamentos, o encarei, deixando claro que não havia prestado atenção. — Falei que qualquer coisa que precisasse eu estaria na sala.
— Ah, ok.
Ele me olhou uma última vez antes de fazer seu caminho para fora do quarto. Finalmente pude soltar o ar que nem sabia que estava preso nos meus pulmões. Agarrei o cobertor numa maneira falha de me acalmar, tudo ainda era muito muito muito estranho. Não demorei para tomar o remédio e torcer para que a dor de cabeça passasse logo. O único sentimento que meu corpo exaltava era o de desespero, talvez por estar sozinha com Rafael na casa dele novamente. Se isso não fosse o significado de que eu ficaria mais doente da cabeça do que o normal, não sabia o que significava.
Ao levantar da cama demorei de me acostumar a andar novamente, certifiquei-me de pegar meus sapatos e minha bolsa que se encontravam no mesmo cômodo qual eu dormia. Um suspiro pesado escapou dos meus lábios ao deixar o quarto com todos os meus pertences.
Obviamente antes de sequer pensar em sair dali, tomei a vitamina (que por sinal estava muito boa) e depois de longos minutos pude tentar deixar o apartamento pela porta de entrada. Só não esperava que seria burra a ponto de deixar meus dois saltos caírem no chão. O estrondo foi alto o suficiente para que Lange fosse verificar o que havia acontecido. Ele me olhou de cima a baixo e arqueou uma sobrancelha.
— Já vai? Precisa de ajuda com alguma coisa? — Perguntou, e eu neguei.
— Obrigada pela hospedagem noturna. — Sorri de lado, tentando deixar aquela situação o menos estranha possível.
— Não sabia que você viria ontem, caso soubesse eu poderia... Ter pelo menos sido um pouco mais amigável. Não tem sido fácil esses dias. — Rafael levou sua mão até a nuca, não demorando para sorrir sem graça.
— Pois é... Digo o mesmo. — Suspirei. — Não tem sido fácil fingir que nada aconteceu.
Um silêncio estranho e até mesmo constrangedor pairou entre nós dois. Nossos olhos se encontraram numa tentativa falha de fazer aquilo ficar menos sinistro. Minhas mãos tremeram e minhas pernas estavam mais instáveis que normalmente ficavam ao encara-lo. Poderia esperar qualquer coisa saindo da boca de Rafael, qualquer coisa mesmo, até as mais absurdas. Mas nunca pensei em ouvir as palavras quais esperei por tanto tempo.
— Quer conversar sobre? — Ele perguntou, e meu coração pareceu errar a batida ao ouvir sua voz.
Minha garganta secou por completo, meus sentidos ficaram confusos e tudo em mim borbulhou como lava. A partir disso eu soube, as coisas poderiam ser diferentes daqui pra frente. Não sei se eu, Ellie Davis estava preparada para ter uma conversa com Rafael. Ele poderia ter mudado, queria acreditar fielmente nisso, mas nunca iria conseguir, não por completo.
— Quero. — Respondi, largando minha bolsa e sapatos no chão. Se eu queria que Rafael tomasse uma iniciativa sobre o passado, o momento era agora. As coisas não se resolveriam se apenas ele tentasse, eu teria que cooperar também.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐑𝐄𝐀𝐃𝐄𝐑 ; 𝗥𝗮𝗳𝗮𝗲𝗹 𝗟𝗮𝗻𝗴𝗲
Fanfiction𝗗𝗘𝗔𝗥 𝗥𝗘𝗔𝗗𝗘𝗥; Never take advice from someone who's falling apart 𝗿𝗮𝗳𝗮𝗲𝗹 𝗹. | Onde 6 anos depois de um término de ralacionamento, Ellie decide escrever um livro sobre seu ex namorado. Ou onde Rafael Lange é surpreendido após ver o...