capítulo 2 - interrogatório

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Nós não queríamos realmente sair do carro quando o sinal do intervalo das onze tocou, mas duas ligações depois e pelo menos um de nós mudou de idéia. Jake, Mel, Addy e Lilly já haviam sido chamados para uma pequena 'reunião' informal com dois detetives, duas pessoas de cada vez e agora faltavam apenas David e eu.

Pelo visto não poderíamos ir embora sem cumprir essa tarefa.

Por isso resolvemos - fisica e metaforicamente - deixar o calor do aquecedor e ir para o frio hostil do lado de fora, que, nesse horário, melhorou apenas uns poucos graus.

seguindo diretamente para a diretoria, encontramos nossa pequena amiga loira sentada em um dos sofás da recepção, pressionando um pedaço de gaze em três arranhões que pareciam feios.

— Aquela vaca sabe onde fazer unha postiça - foi o seu cumprimento à nossa chegada - O diretor e os tiras estão conversando um pouco, acho que logo vai ser a vez de vocês.

— Foi muito ruim? - Dai perguntou, se jogando no sofá ao lado dela enquanto eu ficava em pé, observando os dois.

— Não posso dizer isso. Eu e Mel fomos juntas, e eles não fizeram nada fora do esperado, as perguntas, eu digo, tudo muito igual daquela vez que falaram com a gente depois que Lei... Desapareceu. Até mesmo a aparência deles parece de uma série. Donuts mergulhados no café e tudo.

Addy era uma pessoa que falava bastante, principalmente quando estava nervosa.

— Você pegou uma suspensão? - ela negou com a cabeça.

— Não, eles disseram ao diretor que isso era esperado de uma das amigas da vítima - a sua voz estava um pouco mais amarga agora, um pouco mais triste - que nós estamos chocados com a notícia, somos apenas adolescentes e tudo. Aquele papinho subentendido que os nossos pais falam, sabe? Se você contar não vamos ficar bravos, por isso diga a verdade. Eu recebi apenas uma advertência.

— Meu irmão tinha me dito para ficar quieta por um tempo. Acho que isso vai valer para todo mundo.

— Ethan geralmente dá bons conselhos - Dai concordou comigo, examinando cuidadosamente os arranhões no antebraço dela - você deveria passar álcool aqui.

— Álcool arde. Eu passei água na enfermaria. Aquela mulher rabugenta nem deu uma segunda olhada - ela fez careta.

— Lave com soro fisiológico então. Apenas para limpar um pouquinho. Unhas são sujas.

— Principalmente as daquela porca - concordei com um sorriso fraco.

Adriana suspirou e assentiu.

— Tudo bem, vou esperar o diretor sair e ir para o ambulatório. Quem sabe eu consigo uma liberação.

— Por causa de alguns arranhões? - ele pergunta - eu duvido.

— Ela pode sonhar - murmuro, esfregando a testa um pouco antes de cruzar os braços.

Minha testa estava molhada de suor frio ou aquilo era a oleosidade natural do fim da puberdade?

Antes que meu comentário fosse rebatido, a porta do diretor se abriu e eu descruzei os braços, colocando-os quietos, parados paralelamente em relação ao corpo e esticados, fazendo com que eu ficasse levemente desconfortável.

Da sala saíram o diretor e sua secretária; um homem baixo e roliço, com um bigode de ar suspeito e uma boca muito fina junto com uma mulher morena, com ombros largos e alta, de aparência latina, respectivamente. Em seguida vieram os detetives, que também eram uma dupla estilo casal: a mulher tinha porte esportivo e era meio ruiva, meio morena, olhos de azeitona e nariz italiano; o homem era uma parede.
Talvez eu devesse prestar mais atenção nos traços dele, assim como fiz com os dela mas não havia muito mais o que dizer sobre aquele senhor, tudo nele dizia: pedra, mármore e tijolo; era grande e alto com nada mais do que poucos cabelos ralos na cabeça e um nariz que deveria ter sido reto e empinado mas que agora era torto e meio estranho. Provavelmente uma fratura que resultou em um desvio de septo grave.

𝘛𝘩𝘦 𝘚𝘦𝘤𝘳𝘦𝘵𝘴 𝘈𝘣𝘰𝘶𝘵 𝘜𝘴Onde histórias criam vida. Descubra agora