Despertador
Um Bom dia, eu acho.
Sempre ao meu despertar, presencio as mesmas coisa, um som que antes utilizava pra sair da cama no sentimento espontâneo de felicidade que borbulhava minha alma, o som de "Happy" que antes dançava em meu coração, atualmente faz com que pareça milhões de gnomos dançarinos em meu cérebro, me faz querer estraçalha seus corpos animados, mas nunca consigo mudar, parece que meu corpo prefere acordar mais cedo umas 4:45, uns cinco minutos antes, para que possa desligar antes que o som ecoe em meus ouvidos, cinco minutos olhando pro teto frio de meu quarto escuro.
Ao abrir os olhos, percebo meu quarto: pequeno, escuro, mas com pequenas decorações bregas da minha fase de adolescente iludida. Hoje, aos 25 anos, vejo o quão patética eu era. Bate um sentimento amargo de arrependimento só de ver esses quadros 'Good Vibes' feitos de MDF, em uma parede de tons de terra amarelada, com nichos empoeirados de livros de romance ilusórios, sobre uma 'alma gêmea' perfeita, linda e fofa. Agora, são apenas lembranças de uma adolescente ingênua, rolando na cama toda envergonhada, lendo um 'te amarei pra toda vida' de um menino descolado da escola que só queria arrancar de você a preciosa pérola que guardava para dar de presente àquele que chamava de 'alma gêmea'. Hoje, estou sem pérola e sem amor.
"Nisso, já se passaram os cinco minutos de sossego. No quase soar do despertador, eu o desligo. Às 4:50 entro no chuveiro, em um banheiro sujo e apertado. Sem tempo para curtir e sem tempo para reclamar, tomo meu banho frio para acordar. Às 5:00 estou arrumada, sem muito frufru. Quem antes era a pessoa mais bem cuidada, hoje veste apenas uma calça de alfaiataria preta, uma camiseta branca manchada de café, um sobretudo cor de caqui e um cachecol vermelho vinho.
Arrumo meus longos cabelos pretos, sem corte, em um coque desajeitado, para combinar com as olheiras profundas. Tomo um café preto bem reforçado e umas torradas com geleia. Às 5:10 pego minha bolsa, com poucas coisas, e saio de casa, provavelmente esquecendo algo.
Ao sair, vejo uma sala com muitas coisas, mas o que realmente me faz sorrir é quando me deparo com uma prateleira simples de madeira, com um vaso simples. Embaixo, um talho de madeira esculpido à mão:
'A felicidade está nas pequenas coisas da vida.
-Mamãe.'
Assim que saio, recebo uma forte brisa fria no rosto, que me faz me encolher no cachecol. Saio andando com passos extremamente fortes e rápidos, sob um céu nublado, provavelmente prenúncio de chuva iminente. Ao virar a esquina, vejo a entrada do metrô. Ando rapidamente quando avisto um bêbado, já conhecido por mim, sempre caído na escadaria do metrô. O estranho é que ele não parece um morador de rua qualquer, está sempre pelo menos bem vestido: um sobretudo preto, uma blusa flanelada laranja, calça jeans um pouco desgastada e rasgada, sapatos sociais ressecados, cabelos grisalhos presos em um pequeno rabo de cavalo, barba rala e sobrancelhas grossas.
Algo me diz para parar e desviar o caminho, mas meu senso me diz para ignorar e continuar. De repente, ele segura meus pés repentinamente.
— ME SOLTA, SEU MALUCO!
— Vamos lá pra casa, você é bem gostosa.Um sentimento de raiva e adrenalina me consome. Dou um chute bem dado no meio do rosto, que o faz se afastar de dor. Aproveito a chance e corro para o metrô. Sempre via esse alcoólatra no caminho, mas ele só falava coisas sem sentido e ficava me olhando. Era desconfortante, mas hoje não esperava tal atitude. Apesar de bêbado, achava que ele tinha um pouco de senso; percebo que não.
Ao entrar no metrô e, finalmente, me sentar, consigo me acalmar. Respiro bem fundo e solto o ar devagar. Acho estranho... nunca consegui entender o que ele falava, mas já esperava que um dia ele fizesse algo assim. Talvez dessa vez ele não estivesse tão bêbado, o que me faz pensar que, com um resquício de sobriedade, ele agiu dessa maneira. Quem dirá sóbrio. Queria que esse tipo de verme fosse morto, até porque não serve para nada, apenas para ser um empecilho na vida dos outros, como uma praga a ser eliminada.
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Por Trás de Jonh Doe
FanfictionEm uma manhã cinzenta, uma investigadora forense de 25 anos luta contra a monotonia e os arrependimentos de sua juventude. Após um encontro perturbador com um bêbado, ela se depara com a rotina entediante do trabalho até que seu chefe, Dimitri, lhe...