5º Cap: Marcas Invisíveis

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Ofegante, suada, um sentimento de desespero me faz acordar com um pulo, como se tivesse sonhado que estava caindo. Olho para o relógio e, o que pareceu horas, foi apenas cinco minutos. O pânico me envolve, e coloco as mãos na cabeça, me debruçando sobre a mesa. Um turbilhão de pensamentos começa a me atormentar: Que merda foi aquilo? John Doe? Quem ou o que ele é? Agora, toda vez que fecho os olhos, vejo seu rosto, marcado em minhas pálpebras como uma cicatriz.

Olho ao redor e vejo que a porta de Dimitri está aberta. Me levanto, com o objetivo de pegar a tal "autorização". Quando começo a andar, uma pontada aguda atinge meu abdômen, fazendo-me parar bruscamente, dobrando de dor.

— Aí! — Tento abafar o grito, apertando o local dolorido.
— O que foi? — pergunta o colega de mesa ao lado, preocupado.
— Nada... só bati a mão na mesa — disfarço, tentando controlar o incômodo.

Mudo de direção, indo diretamente ao banheiro, cambaleando. Uma sensação de urgência me domina. Quando entro, confiro se as cabines estão vazias e me posiciono diante do espelho. Com dificuldade, começo a tirar minhas roupas, lutando contra a dor. Quando finalmente removo a última peça superior, meu coração dispara: uma grande mancha de sangue cobre a parte inferior do meu tronco. Com as mãos trêmulas, levanto a blusa para ver melhor e quase perco o fôlego. Ali, gravado de forma grosseira em minha pele, está o desenho de um coração, com as palavras "John Doe" esculpidas, como aquelas que costumamos ver nas árvores, mas, desta vez, gravado diretamente em mim.

Um arrepio gélido percorre meu corpo. Como isso aconteceu? Eu estava no escritório o tempo todo. Não havia como ele fazer isso tão rápido. Algo sobrenatural? A ideia me assusta. O que estou enfrentando? Não é só um assassino. Estou lidando com algo muito além do que consigo entender.

Antes que eu possa processar tudo, ouço passos do lado de fora. Alguém está entrando no banheiro. Em pânico, pego minhas roupas rapidamente e corro para uma das cabines. Dentro, meus pensamentos estão a mil. Olho ao redor e vejo um rolo de papel higiênico. Pego um chumaço grande e, com pressa, tento limpar o sangue da pele, sem deixar vestígios. Ninguém pode saber disso.

De repente, uma frase ecoa em minha mente como um flashback:

"Ninguém vai interferir... você é perfeita."

Essa lembrança me atinge com força. Não sei muito sobre ele, mas sei de uma coisa: ele não vai parar até me ter. O bêbado, aquele homem que tentou me agarrar... logo depois estava morto. Ele está me observando. Não sei como, não sei de onde, mas se alguém tentar interferir nesse jogo, ele vai eliminá-los. Dimitri... meu coração aperta ao pensar nele. Nunca fui de pedir a Deus, mas, em meio a lágrimas, silenciosamente suplico: Por favor, que ele te proteja, Dimitri. Não quero perder mais ninguém.

Enxugo os últimos resquícios de sangue e respiro fundo. Não posso mostrar medo.

Saindo do banheiro, me deparo com um funcionário

-Você está aí. Dimitri está te chamando em sua sala

-Obrigada

Finalmente, gentilmente abro a porta de sua sala, a tensão já evidente no ar. Ele está debruçado sobre a mesa, os ombros curvados, a expressão rígida, quase irada. Ao entrar, o ambiente pesa, como se o ar fosse mais denso, opressivo, quase como em um funeral. Fecho a porta atrás de mim, garantindo nossa privacidade.

— Chefe, eu preciso...

— S/N, quando você vai perceber... — Ele me corta bruscamente, a voz entrecortada de dor. Sua expressão, que antes parecia de fúria, agora reflete uma tristeza profunda, quase melancólica.

— Como assim?

— S/N... você sempre foi assim. — Ele desvia o olhar, como se tivesse dificuldade em sustentar o peso das próprias palavras. — Nunca se importou com nada, nunca se permitiu sentir... nem pelos outros, muito menos por você mesma. Desde quando brincávamos daquele jogo de tabuleiro... Desde a faculdade. Eu... eu sempre amei você.

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⏰ Última atualização: Oct 13 ⏰

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Por Trás de Jonh DoeOnde histórias criam vida. Descubra agora