Capítulo 35

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PARTE DOIS 


As férias de Malfoy estavam sendo bem tediosas. Na verdade, um pouco pior que tediosas, por que tinha um ar que rondava a casa, de que algo não estava no lugar. 

A Mansão Malfoy sempre tinha gente caminhando pelos corredores ultimamente, e isso deixava ele muito cansado. 

Ainda assim, dificilmente via seus pais. Estavam sempre em reuniões, ou fora de casa. Só os via em breves momentos entre sair de um corredor e entrar em uma sala — e fechar a porta na cara dele. 

Havia essa movimentação estranha, e ele estava quase sempre sozinho, mas ainda tinha aquela pontinha de felicidade, quando seu relógio esquentava. 

Às vezes, a vontade dele era apertar esse botão uma vez atrás da outra, e nunca mais sentir o metal gelado outra vez. 

Os dias mais felizes das férias eram os dias de trocar cartas. 

Hermione e ele haviam decidido trocar cartas toda sexta-feira. Ele enviava a dele, e depois quando a coruja voltasse, trazia a carta dela. 

Ele gostava de ler sobre o dia a dia de Hermione e como ela parecia feliz. Gostava de saber que ela estava indo no teatro com seus pais, indo jantar em restaurantes, e até mesmo acampar! 

Ele sentia um pouco triste. Queria pais assim. 

E então ele sempre inventava alguma coisa para contar nas cartas. Não diria somente "olá Hermione, passei a semana inteira enfiado em meu quarto fazendo absolutamente nada!" não mesmo. 

Em uma das cartas ele contou sobre um jogo de quadribol entre amigos que nunca existiu. Falou sobre uma viagem a Paris com seus pais, a qual ele nunca viajou. Falou sobre um restaurante no qual ele nunca comeu. E assim por diante. 

Não queria matar a pobrezinha de tédio lendo suas cartas. Tinha medo que se não tivesse nada interessante para dizer, ela pararia de ler, e não mandaria mais nada. 

Mas nunca sentiu tanto ciúme quanto na carta em que Hermione disse que iria passar as duas últimas semanas de férias na casa dos Weasley. 

Era isso. 

Ela mencionou com muita alegria que o Sr. Weasley havia a convidado para ir aos jogos da Copa Mundial de Quadribol, e ela estava muito animada. 

Mas Malfoy só conseguia pensar em como ela passaria dias grudada em Rony Weasley, e Harry Potter, e nos gêmeos... 

Ele sentiu inveja. 

Queria poder passar uma fração de suas férias com ela, pelo menos. Jamais fizeram algo mais divertido do que se encontrarem escondidos. Exceto pela vez que eles voaram juntos no primeiro ano, e então Hermione desistiu das aulas de vôo para protege-los. 

Ele queria fazer coisas diferentes com ela. Fazer um pique-nique, leva-la ao parque, ou simplesmente poder sentar nos jardins da escola para conversar com ela, e beber suco de abóbora refrescante no verão. 

E então, cada vez que refletia muito sobre isso, sentia um gosto amargo na boca. 

Até que um dia a porta de seu quarto se abriu, e era seu pai. O homem, sempre com feições severas olhou para ele.

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