1985

11 5 0
                                    

Olhou em volta, vendo a casa arrumada e aromada adequadamente, de novo.

Deu um suspiro de cansaço, se apoiando na vassoura.

Seu pai havia saído de casa mais cedo hoje, dando-lhe um momento de paz.

Pensou em descansar no campo de flores. Atrás de sua casa, um grande campo de lavanda e margaridas perfumava o exterior da casa. Ele amava o cheiro de lavanda. Ainda se lembrava quando deitou sob o sol, entre elas. Estava um clima frio, por isso usava seu casaco velho de lã verde. Acabou pegando no sono naquele dia. Foi o último dia em que seu pai foi amigável e gentil.

Batidas na porta o fizeram despertar, havia cochilando apoiado na vassoura e nem tinha percebido.

Andou até a porta, puxando as mangas do único agasalho que possuía, o casaco de lã verde. Destrancou e puxou a porta velha que rangeu, revelando um policial na casa dos 40, gordo e com a expressão séria. Ele o conhecia, era um dos amigos de seu pai.

— Bom dia, Hoseok.

— Bom dia, senhor.

— Seu pai está?

— Não, ele saiu mais cedo, hoje.

— Mas que diachos... okay, obrigado, garoto.

Fechou a porta ao vê-lo entrar em sua viatura. O espaço agora vazio em frente a casa, lembrou-lhe do antigo fusca que sua mãe dirigia.

A saudade o atacou, os olhos lacrimejaram e ele se apoiou na parede. Estava quase sem ar e não sabia se estava com asma ou se estava morrendo.

Sentou no sofá com algumas molas para fora, respirando fundo.

Talvez eu deva mesmo fazer terapia. — Pensou, levantando e saltitando até os fundos da casa, estava com um sorriso no rosto se nem saber o motivo.

Largou a vassoura no lugar certo, indo em direção ao campo de lavandas e margaridas.

Girou com os braços abertos e olhos fechados, sentindo o aroma revitalizando-o.

Deixou cair para trás, deitando entre as flores.


Seu pai havia chego. O jantar já estava pronto e a mesa posta.

Viu ele sentar em uma das duas cadeiras, apoiando a cabeça sobre as mãos.

— Papai, o que aconteceu?

— Gabe veio aqui, não é?

— Veio, sim.

— Ele disse que precisava conversar sobre coisas de trabalho e também mencionou "o escravo do meu filho".

— Mas por que ele disse isso?

— Você abriu a boca para ele?

— Não! De jeito nenhum, eu só disse que você tinha saído mais cedo.

— Que seja, ele falou que eu deveria te colocar para fazer terapia. Sabe quanto custa uma consulta de terapia?? Acha que estamos com essa bola toda, Hoseok?

— Não, papai.

— Sua sorte é que eu tenho uma amiga de longa data que trabalha nesse ramo, talvez ela possa te dar as consultas.

— Amiga de longa data? É aquela mulher que você beijou uma semana depois do meu aniversário de doze anos?

— Por que não guarda essa boa memória para a terapia?

— Desculpe, papai...

The End of SunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora