1985

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   Hoseok estava se sentindo estranho. Não sabia se havia gostado ou se literalmente estava desconfortável.

Lembrou que Todd havia conversado com ele sobre assexualidade. Era ele. Definitivamente.

Seu pai e ele não estavam mais se falando tão bem, como naquele no final de semana. Ele havia voltado a fazer os afazeres de casa e continuando a descansar no campo de margaridas e lavandas.

O sol não parecia estar quente. Ele aparentava estar fraco e levemente frio.


Estava terminando o almoço. Seu pai chegaria daqui a pouco.

Ouviu batidas fracas na porta e ao se aproximar, viu Ashley parada na frente dele.

— Oi!

Ela tentou o beijar, porém no mesmo momento por um reflexo, Hoseok foi para trás.

— Oi, Ash.

— Tudo bem? Eu fiz algo errado?

— Não... sinto muito, Ash, mas não acho que quero ter um relacionamento. A culpa não é sua, eu gosto de você, é só que... eu sou assexual.

   — Não, não, Hope! Eu não me importo com isso, ainda quero continuar sendo sua amiga.

   O garoto sorriu. Era o primeiro sorriso verdadeiro que o garoto havia soltado desde o momento que saiu de sua cama.

   Ashley o abraçou.

   — Eu só vim ver como você estava, tenho algumas coisas para fazer em casa.

   — Nos vemos amanhã?

   — Com certeza. Eu venho passar a tarde contigo.

   — Tchau, Ash.

   Fechou a porta ao vê-la se afastar. Ele andou até o fogão, tirando a janta e colocando a mesa. Estava cansado, mas seu corpo se recusava a sair de casa para ir até o campo. Mesmo sabendo que as flores estavam perfumadas e o sol forte e quente.

   Deitar sobre as flores o revitalizava, entretanto naquele momento, parecia um empenho mais extenso do que ele possuía.

   Sentou-se na cadeira da mesa, deitando sobre seus braços. O que era para ser apenas um descanso, virou um sono profundo de alguém que não havia parado para descansar nem por um segundo desde que levantou da cama, de manhã.

   Hoseok tinha ultrapassado demais os seus limites, dessa vez. Ele sempre acabava fazendo uma pausa, mas precisava tirar a noite com Ashley e o comportamento explosivo de seu pai, da cabeça.

   Voando ao redor do sol. Dando-lhe um abraço quentinho. Ele não se queimava. Era melhor amigo do sol.

   Havia uma ligação entre ambos. O sol o aquecia, entrando pelos fios de lã já levemente desfiados de seu casaco verde. Os cabelos voando ao vento.

   "Sol. Eu me sinto sozinho! Sinto falta da minha mãe"

   "Você tem a mim, Hope. Sempre estarei te iluminando. Se você for embora, eu também irei"

   "Sol, você é meu melhor amigo!"

   Abriu os olhos ao ouvir a porta fechando. O pai havia a batido propositalmente.

   — Se está dormindo, espero que tenha terminado tudo que mandei você fazer. — Sua voz era ameaçadora.

   — Eu terminei.

   — Todd morreu hoje.

   Hoseok quase saltou da cadeira, deixando os braços caírem ao lado do corpo.

   — O quê?

   — Ele deu um tiro na própria cabeça. Foi encontrado no quarto dele. Tiveram que arrombar a porta.

   "Achei algo lá em casa que estou guardando para mais tarde."

   Ele tinha encontrado a arma de seu pai e estava a guardando em sua gaveta.

   — Então era disso que ele estava falando.

   — Você saiu com ele de novo? — Perguntou, claramente estava alterado.

   Papai havia bebido...

   — Ele veio aqui em casa para se despedir.

   — Está segundo os mesmos passos que ele, não está?

   — Do que está falando?

   — Eu achei os teus "remédios", Hoseok.

   Ah, não!

   — Papai, isso não é droga, eu juro!

   — É o quê? Remédios para dor de cabeça? Me poupe, Jung Hoseok! Eu não te criei assim! Já não basta a vagabunda da sua mãe!

   Hoseok sentiu como se algo o apertasse.

   — Não a chame assim. Ela não fez nada mais do que trazer amor para essa família, enquanto você trás discórdia!

   — E adiantou de quê? Vivia se entupindo de remédios até que finalmente decidiu se tacar embaixo de um caminhão!

   Hoseok sentiu as lágrimas começarem a descer.

   — Eu queria que tivesse sido você.

   — O que disse?

The End of SunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora