capítulo 3

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                  Abrindo os olhos

Hoje estávamos vivendo tudo isso, hoje estávamos alí, eu, Tom e Cris estávamos HOJE juntos, e hoje só hoje, um dia qualquer da semana sorteado por uma sequência de atrasos e surpresas desanimadoras da vida e talvez, hoje seja o dia certo para tudo aquilo, o dia certo para viver, a hora certa de mudar, fazer o que eu quero fazer, deixar que a vida me leve, viver comigo mesmo e deixar que as surpresas do dia a dia tracem o meu destino, e hoje vou fazer acontecer, deixar rolar e me soltar das correntes que eu mesmo me coloquei.

Com a vida e fatos dela fui perdendo toda minha confiança nos outros e vivendo alienado a "coisas importantes" como: escola, cursos e trabalho que com isso deixei de ser eu mesmo e nem lembro quando foi a última vez que eu fui eu, e agora eu "sou da minha tribo a vontade de fugir", passei esse tempo todo sendo minha prisão, sendo minha própria tribo que me enganava, uma tribo formada por um só e nela haviam regras, éticas e sua suposição de um mundo exterior, e agora estou "tentando" fugir dessa tribo... Tentando fugir de mim.

_ Você mesmo! Venha! - diz o rapaz que apresentava aquele show, ouvindo-o nos chamando parei com os meus "devaneios reptilianos" e foquei no presente, ele apontava para a minha mesa, mas mais especificadamente para Cris.

Olhando o estado da Cris percebi que não iria dar muito certo, ela estava já alterada com o vinho e pelo visto o Tom também ao vê-lo meio que gritando mandando a Cris ir. "Isso não vai dar certo!" repeti em minha mente, mas tava na hora de ser mais liberal, então só achei uma única alternativa..

_ ELA VAI COM PRAZER! - digo em voz alta para o rapaz que a pouco apontava para a minha mesa.

Com isso todos presentes no lugar, nos encontramos olhando para ela e ela com uma cara que eu nem sei o que significava, então Tom se levanta e vai no ouvido dela e diz alguma coisa e ao parar de falar ela faz uma cara duvidosa, então vou até ela e a levanto e meio que a empurro para o rapaz e antes que ela possa falar alguma coisa ele a entrega o microfone e sai, e alí está ela, parada sem fazer nada só olhando para a platéia, percebo que ela passa o olho em toda a área e ao pousar em mim, ela faz um pequeno gesto de raiva.

_ Então, que música você acha que ela vai cantar? - pergunto a Tom.

_ Não sei, só sei que tenho que gravar isso! - respondeu tirando com dificuldade o celular do bolso. " está bêbado? E ainda são 19:00 horas!" pensei enquando via a cena.

_ Essa é uma música para lembrar os meus amigos - diz Cris e ao falar vejo o Tom sorrindo, era óbvio que ele sabia qual era a música.

E então ela continua.

_ PA, PA, PA, PA, PA, PA, PA... PA, PA, PA, PA, PA, PA, PA, PA ...

Não acreditava no que via e ouvia, era a Cris em um bar/pizzaria, cantando, para todos e o pior era a música, ela estava cantando a música das Olimpíadas e todos ficaram com cara de paisagem, no caso ninguém prestava muito atenção no que cantavam e quem cantava, porém Cris conseguiu a atenção de todos. Com a mina visão periférica vejo alguém se debatendo, viro o rosto e vejo Tom morrendo de rir.

Com isso tudo começo a rir também, e logo Cris começa a falar novamente.

_ Brincadeirinha galera, vou cantar uma música que vem passando em minha cabeça por um tempo e de boas, gosto muito dela. - disse ela sorrindo e obviamente bêbada.

_ Qual música será que ela vai cantar? - perguntei mais para mim que para Tom.

Ela fala com o pianista e guitarrista volta para o seu lugar e começa o instrumental e depois de um tempo ela abre a boca para começar.

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