2. A morte.

71 9 21
                                    

&. Escutar a música e ler a letra para melhor experiência.&


Odeio esse lado dele.

Ele coloca a mão na cabeça novamente, apoiando a outra mão no chão.

— Minhas memórias...

Não entendo, era temporária a poção?

— Rainha mentirosa...

Ele coloca sua outra mão na cabeça.

— Não posso me esquecer dela.

Ele retira sua adaga do bolso, percebo que na verdade, era a minha.

— Zack?

Chamo por seu nome, nem sinal dele me escutar.

Então ele começa a escrever algo em seu próprio braço, usando a adaga como uma caneta-tinteiro.

Rastejo até ele, estico a mão para o tocar, porém minha mão fica paralisada.

Escuto o murmúrio sobre minha cabeça. O que vi, fez meu corpo espectral congelar.

Um ser com cabeça ossificada de cervo, não tinha olhos porem, senti seu olhar sobre mim. Um lodo escuro cai de sua boca em cima do meu braço.

Zack para por um segundo, olhando para trás, para nossa direção. Porém eu não olho para ele, apenas para a criatura sobre a minha cabeça.

Ela range os dentes quando mecho o meu braço para perto do Zack. Então entendi o que a senhora falou sobre não interagir com os vivos. Essa coisa iria me pegar se eu fizesse isso.

Zack fungou com o nariz, ele parecia perceber que algo estava errado. No entanto voltou a fazer o que estava fazendo, marcando algo em seu braço.

Puxei meu braço. A criatura bestial aproximou o rosto do meu, ela cheirava a morte, o único cheiro que consegui sentir depois que morri.

— Não interaja com os vivos...

Ela disse a centímetros do meu rosto, sua voz cadavérica e não humana gelaram meus ouvidos. Apena assenti com a cabeça. Ela se levantou com seu corpo humanoide e voltou para a floresta.

Procurei a senhora com o olhar, ela chegava da floresta acompanhada por um homem jovem, ela parece mais jovem agora também. Porém não consigo sentir felicidade por ela no momento que estou agora.

Ela acena com a mão para mim, dá a mão para o jovem e desaparece.

Estou sozinha, sozinha nesse mundo que me parece ser pior que o real.

O pior da morte não é morrer, e sim o que vem depois dela, foi o que eu percebi.

Zack se levanta. Seu rosto está frio novamente.

— Mas que mer...

Ele olha para o próprio braço. Está escrito ressuscitar.

— Eu estou maluco...

Ele limpa o sangue de seu braço, e começa a andar de volta a direção da capital, depois levanta voo.

Apenas o acompanho, levanto tremendo do que ainda vi. Levanto voo junto com ele, entretanto antes olho para trás vendo o rastro de morte que ele havia deixado.

Não demorou muito para chegarmos, os guardas já o conheciam e apenas o deixaram passar, ele também estava determinado a passar mesmo que os guardas não deixassem.

Sob Suas AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora