Jimin estava visivelmente nervoso e apreensivo. A tensão na sala era palpável, e suas mãos suavam enquanto suas pernas se moviam ansiosamente.
O ômega passou as três primeiras aulas em um estado de tensão. A sensação estranha e desconfortável de ser observado por outra pessoa era evidente. Embora fosse comum que as pessoas o encarassem ao passar pelos corredores e até mesmo em sala de aula, essa situação era completamente diferente. Era como se algo estivesse perfurando suas costas e cada pequeno movimento que o ômega fazia parecia errado. Jimin continuou tentando inutilmente virar-se para a parede, na tentativa de fazer com que a visão da pessoa (por mais que soubesse quem era) para si fosse nada mais que suas costas, mas era impossível, pois seus graus de miopia o prejudicavam a enxergar corretamente naquela posição.
Após a apresentação do alfa para a turma, o ômega não o ouviu falar novamente, exceto quando perguntou se um assento estava vago, aparentemente próximo aos outros lúpus. Jimin não tinha certeza, pois não olhou para trás em nenhum momento, recusando-se a fazê-lo, diferentemente da beta que se sentava ao seu lado e parecia estar com torcicolo. Era estranho e sufocante que seu cheiro parecesse tão forte, mesmo que ele não estivesse, de fato, liberando sua essência. A fragrância de puro cacau e café preenchia o ambiente e fazia ambos, o ômega e seu lobo, salivarem. Sentia-se agoniado e inquieto com aquilo, era tão estranho. Queria fugir daquele local, sair correndo o mais rápido possível, contando os últimos minutos para o fim da aula demasiadamente longa de física.
O sinal anunciando o início do intervalo foi como um alívio para o ômega que se sentia oprimido. Ele fechou o caderno rapidamente e levantou-se da cadeira, quase correndo para fora da sala. Após sentar-se em um banco afastado no gramado, o rosado pôde ver Jungkook passar pelo refeitório ao lado de Hoseok, Namjoon e Yoongi. Era até engraçado a forma como os pescoços viravam para poder encarar os lúpus.
Ele tinha conhecimento dos inúmeros pedidos para passar os cios que os rapazes recebiam. Ele nunca tinha tido um, mas ao ver todas as pessoas (principalmente ômegas) reclamando sobre o quão doloroso era o primeiro cio de uma forma agonizante, o ômega conseguia entender o motivo de muitos implorarem e se submeterem à ajuda de alfas, principalmente os lúpus.
O ômega terminou sua refeição enquanto lia seu livro e, em seguida, dirigiu-se à sala de aula. Notou que havia um aglomerado de pessoas na entrada do refeitório, impedindo a passagem para o corredor. Respirou fundo virando-se na direção contrária, deu uma volta maior para acessar o corredor pela entrada do outro lado do campus.
Lamentando-se ao notar que a situação no local não era muito diferente e, na verdade, parecia pior, o ômega suspirou. Alguns jogadores do time e líderes de torcida estavam causando um tumulto desnecessário ao se abraçarem de forma exagerada.
Respirou fundo e decidiu não retornar todo o caminho novamente, apenas para evitá-los. Segurou o livro firmemente em frente ao corpo e começou a caminhar rapidamente, evitando contato visual com qualquer pessoa presente. Sentiu o coração acelerar e quase correu ao passar por eles.
- Opa rosinha, você está com pressa? - O Park ouviu a pergunta irônica e a risada que todos deram; ignorou e continuou andando mais rápido, sendo parado quando o mesmo garoto se colocou à sua frente - Você não vai pedir licença, gracinha?
- Deixe o garoto - Jimin ouviu a voz de Namjoon soar aborrecida. O garoto se aproximou na companhia dos lúpus que pareciam não tão amigáveis quanto ele. Talvez por ser líder do time, mas o Kim sempre intervinha em possíveis brigas e desentendimentos que pudessem ocorrer com os jogadores dos times, muitas vezes retirando-os dos jogos. Ele realmente não se importava com o quão bravos eles poderiam ficar - e ficavam.
- Não se preocupe, Nam - O garoto sorriu de uma forma que Jimin considerou desagradável, passando os dedos levemente por seu braço, o que o faz dar um passo para trás incomodado - Eu só estou dizendo ao jovem ômega aqui, que ele deve pedir licença ao passar pelas pessoas, principalmente, nós alfas - Encarou o lúpus sorrindo de forma falsa, antes de passar as mãos por seus ombros como se o limpasse - Principalmente você sendo um lúpus. Deve impor respeito sobre esses ômegas tão mal educados.
- Saia logo da frente - Jungkook interrompeu a conversa antes que Namjoon pudesse responder, ficando de frente para o rapaz. Ele parecia impaciente, encarando o alfa de cima. Jimin percebeu o quão alto ele era quando se colocou ao seu lado. Sua essência o sufocava; ele se sentia tão submisso e seu lobo ronronava como um gatinho no cio.
- Você deve ser o novo lúpus que comentaram - Ele sorriu presunçosamente - Não conhece os ômegas daqui, são todos muito mal educados, precisam aprender que no mundo, quem governa são os alfas.
- Não me importo com a porra da tua classificação - Jungkook se aproximou mais, ficando quase colado ao alfa - Estou mandando você sair da minha frente - O rosnado soou baixo e grave, a essência sendo liberada fazendo o ômega tremer (não de uma forma ruim, mesmo que fosse humilhante admitir aquilo).
- Espero que isso não seja uma briga, ainda mais no seu primeiro dia, Jungkook - O diretor apareceu no corredor de forma repentina. Os dois alfas o ignoraram completamente ainda se encarando como se fossem voar um no pescoço do outro (por mais que o lúpus parecesse definitivamente mais propenso àquilo) - Por favor, vão para a sala de vocês. Não quero reclamações, brigas ou desentendimentos envolvendo você, Jungkook. E você Yejun, o corredor é livre para todos passarem, você não é o dono de nada - Se colocou entre os dois que pareciam ainda mais irritadiços - Mesmo que pedir licença não mate ninguém.
Jungkook reagiu de forma negativa, rosnando ameaçador, quando o homem mais velho tocou seu braço. O homem rapidamente retirou a mão, pigarreou e olhou diretamente para Jungkook.
- Algum problema, senhor Jeon?
- Estamos em uma escola ou em um curso de boas maneiras? - Jimin prendeu a respiração. As veias saltando nos braços do lúpus enquanto ele falava de forma agressiva parecendo não se importar com a posição do outro - Você também vai se curvar para mim já que eu sou um lúpus? Ou isso só serve para os ômegas? - O silêncio nunca pareceu tão longo. O diretor parecia não acreditar que alguém realmente estava falando consigo daquela forma e Jimin realmente imaginava que ele não acreditasse. Em todos os anos em que estudou naquela escola, era rotineiro que os ômegas tivessem que abaixar a cabeça ao passar pelo diretor, já que ele considerava aquilo o básico de respeito a se ter com alfas, os - na sua visão - governadores de tudo.
No entanto, Jungkook não era um ômega e não se curvaria para ninguém, muito menos para um alfa meia raça que se achava superior a todos os outros. Ele era um lúpus e tinha orgulho disso. Não precisava se curvar para ninguém e não permitiria que ninguém o tratasse com desrespeito.
- Desconsiderarei isso, já que é seu primeiro dia. Não temos tratamentos diferenciados para ômegas e alfas, todos são tratados igualmente nesta instituição. De qualquer forma, não tolero que fale comigo dessa forma. Não sei como era em sua antiga escola, mas aqui você me deve respeito. - Seria realmente imponente, isso se o diretor não fosse consideravelmente menor que o lúpus e falasse de forma quase amedrontada. - Agora, todos para suas respectivas salas. Não quero mais intrigas por hoje.
Por fim, ele saiu da frente. Jungkook encarou Yejun mais uma vez, antes de olhar para o ômega que ainda parecia estático. Jimin olhou para o alfa, seus olhos eram tão bonitos, parecendo tão contraditórios ao lúpus de segundos atrás. Eram tão brilhantes e cativantes, que pareciam quase como de uma criança curiosa. O ômega suspirou sentindo seu lobo abanar o rabo e se remexer como um cachorrinho que ganhara um osso, pigarreou antes de sair andando rapidamente na frente e ir para a sala. Aquilo tudo tinha sido demais para si.
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O Melhor de Mim - Jikook (ABO)
FanfictionTalvez, nem tudo fosse perfeito. Talvez aos poucos eu me entregaria à depressão que acarretaria ao fim da minha vida. Talvez eu morresse por alguma doença, ou, quem sabe, fosse agredido à ponto de meu corpo não aguentar e pedir descanso. Um descans...