O caminho de volta

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Pov Pedro

A gente tinha acabado de pagar as coisas e eu me afastei pra ligar pro Renan.

— Oii cara, já terminaram de comprar tudo? - o Renan diz assim que atende a chamada.

— Sim, a gente já comprou tudo.

— Então já posso ir buscar vocês? - ele perguntou.

— Na vdd eu tinha pensado em outra coisa, eu queria passar mais um tempo sozinho com o João então pensei em voltarmos andando, eu sei que vai  acabar atrasando tudo um pouquinho mas... - eu começo a dizer e ele me interrompe.

— Fica tranquilo, a gente espera um pouco mais, as garotas vão entender. - ele me diz

— Valeu cara, você sempre me ajuda. - eu digo agradeço por tudo.

— Relaxa, amigos são pra isso, aliás você parece realmente gostar dele, espero que seja pra valer. - ele me diz, eu tenho um melhor amigo incrível.

— Eu gosto, e também espero que seja, bom a gente tem que ir logo porque estamos levando sorvete e se demorarmos muito vai derreter completamente, tchau cara - eu digo me despedindo.

— Tchau Pedro.

Quando desliguei a ligação voltei pra perto do João que estava me esperando na porta.

— Tenho uma boa e uma má notícia - eu disse enquanto guardava o celular no bolso. - Qual você quer saber?

— A ruim - ele respondeu .

— A notícia ruim é que o Renan teve um problema e não vai poder buscar a gente, então vamos ter que ir andando. A boa é que a gente só tá há uns 10min a pé da minha casa, então vai ser tranquilo.

— Achei que seria uma coisa pior hahaha, então vamos logo antes que o sorvete derreta - ele disse começando a tirar os sacos do carrinho e ir em direção a porta.

— Olha o lado bom, vamos passar um tempo sozinhos - eu disse sorrindo enquanto acompanhava os passos dele com 2 sacolas na mão.

— Tem razão, é realmente bom - ele diz acho que sem perceber, eu olho sorrindo e ele devolve com um sorriso envergonhado. Como eu adoro esse sorriso.

Saímos do supermercado e começamos a caminhar em silêncio.

— Bom você já tá aqui há alguns dias e eu ainda não sei muito sobre você, o que você fazia pra passar o tempo? - eu pergunto tentando quebrar o gelo.

— Acho que a maior parte do tempo eu tô ocupado com a escola, eu participava de um programa de resgate de gatos em situação de rua, mas ele fechou tem uns 2 meses, e em casa eu... a esquece.

— Ei, pode falar qualquer coisa pra mim, e sobre a parte dos programa dos gatos isso é muito legal, é uma pena que tenha acabado.

— Valeu, eu gostava muito de fazer aquilo, e sobre a outra coisa eu conto se você prometer que não vai rir nem fazer nenhuma piada, promete? - ele pergunta levantando o dedinho.

— Isso é realmente necessário? - eu pergunto e ele balança a cabeça em afirmação. - Tá bom haha, eu prometo - eu digo junta seu dedo com o meu fazendo uma promessa de mindinho.

— Eu gosto de compôr músicas, eu nem sei se as letras ficam boas, provavelmente ficam péssimas, mas eu gosto de ficar no meu quarto e escrever sobre o que eu tô sentindo. - ele diz olhando pra baixo.

— Espera, então aquela música que você cantou e tocou no violão na noite em que a gente se conheceu é sua? - eu pergunto surpreso. - Porque se for, só pelo pedaço que eu escutei eu achei ela incrível.

— Obrigada de verdade - ele diz sorrindo - eu chamei ela de monstros, não sei acho que é porque fala da minha infância e todo esse lance de monstros do passado e meus monstros interiores.

— Você quer falar sobre esses montros? - eu pergunta tentando ajudar.

— Acho que isso é história pra outro dia, vamos mudar de assunto, acho que agora eu que quero saber mais de você. - ele reponde.

— Tá bom, o que você quer saber.

— Não sei, você ainda não falou nada sobre os seus pais, o porque eles não estão aqui ou porque você não foi com eles.

— Ahh bom, eles tiveram que ir pra SC, a minha vó paterna mora lá e ela tá meio doente, então sempre que eles tem algumas férias eles vão pra cuidar dela.

— Nossa, eu sinto muito pela sua vó espero que ela melhore, acho q a Gi já tinha mencionado alguma coisa sobre eles terem viajado mas ninguém nunca apronfundou muito no assunto. - ele diz pondo a mão livre no meu ombro.

—  Tudo bem, é só que eu não falo muito nesse assunto porque... deixa pra lá - eu digo parando na calçada.

— A gente não precisa falar sobre nada que você não quiser, mas eu tô aqui pra ouvir qualquer coisa que você quiser dizer - ele diz me abraçando, juro que senti que aquele foi um dos melhores abraços da minha vida.

— Eu sei e eu agradeço muito, é só que eu não gosto de falar porque eu me sinto muito egoísta sobre esse assunto -eu digo sentando na calçada olhando pra rua e vejo o João sentar do meu lado - Eu amo a minha vó e acho uma atitude incrível dos meus pais de cuidarem dela sempre que podem, mas as vezes eu me sinto deixado de lado, eu entro de férias e acaba que eu não consigo passar tempo com eles. Todos acham que é incrível os pais viajarem nas férias porque pode ficar com a casa só pra você e fazer festas, mas eu não me sinto assim. - eu termino de dizer segurando uma lágrima.

— E tá tudo bem você sentir isso, você não é egoísta por sentir falta dos seus pais, é bem compreensível o que você tá sentido - ele diz passando o braço pelo meu ombro.

— Valeu, acho que você tem razão. - eu digo limpando uma lágrima que escorreu.

— Agora chega de assuntos tristes, vamos logo pra sua casa preparar esse almoço, mas você vai ter que me levantar - ele diz esperando eu levantar e esticando a mão.

Eu seguro a mão dele e puxo de vez, mas nessa tentativa acabo caindo na calçada.

— Você tá bem? - ele me perguntou em meio as risadas, estávamos rindo tão alto que um casal que passava começou a olhar estranho pra nós.

— Eu tô bem haha - eu disse levantando e limpando minha calça.

— Que sorte que você tava segurando os potes de sorvete e não os tomates, se não já estariam todos amassados. - ele diz rindo.

— Ahh tá, eu quase morro caindo por culpa sua e o que importa são os tomates? - eu pergunto brincando.

— Eita como é dramático, e não foi minha culpa você caiu sozinho, agora vamos logo pra casa - ele me diz sorrindo e voltando a caminhar, e eu o acompanho logo em seguida.

[...]

Depois de uns 6 minutos tinhamos chegando na porta da minha casa.

— Ei João, antes da gente entrar e começaram as perguntas do por quê demoramos tanto, eu queria te agradecer por me ouvir hoje, é raro eu me abrir com alguém em tão pouco tempo e eu me senti bem falando com você. - eu digo dando um abraço nele.

— Tô aqui sempre que você precisar falar, a gente tá a literalmente uma cerca de distância, eu acho que dá até pra ver o seu quarto pela minha janela hahaha- ele diz devolvendo o abraço.

— E eu também queria te agradecer por me ouvir, e também por me fazer rir com a sua queda na calçada e tua risada alta. - ele diz brincando e eu o solto do abraço dando um empurrão no seu ombro direito.

— Idiota, você me fez cair, mas não vou começar essa discussão de novo, vamos entrar logo. - eu digo começado a buscar a chave de casa nos meus bolsos.

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Acho que esse foi um dos melhores capítulos até agora, ficou um pouquinho maior mas vale a pena pela emoção. ❤️

As férias da minha vida (Pejão)Onde histórias criam vida. Descubra agora