Capítulo 1 - Despedida de verão

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Estou me sentindo nervosa
Tentando ser tão perfeita
Porque eu sei que você vale a pena
[...]
Se eu pudesse dizer o que quero dizer
Eu diria que eu quero te impressionar
Estar com você todas as noites
Estou te apertando demais?
Se eu pudesse dizer o que eu quero ver
Eu quero ver você se abaixar em um joelho
Case comigo hoje?
Acho que estou desperdiçando minha vida
Com essas coisas que eu nunca vou dizer

Things I'll Never Say — Avril Lavigne



Sábado | 10:55 p.m.

MACKENZIE

O ensino médio sempre foi o meu sonho.

Sim, eu sei. É um sonho estranho e peculiar. Mas, bem... é o sonho que tinha no momento. E dentro dele, existiam algumas expectativas.

O ensino médio seria a fase em que eu formaria laços que durariam para sempre. Eu também descobriria minha vocação e profissão dos sonhos, muito provavelmente iniciaria minha vida amorosa — e eu torcia tanto para que fosse com Tom! — e poderíamos ir para a faculdade juntos.

Eu sempre gostei de planejar absolutamente tudo. Formar a base para o restante da minha vida a partir do ensino médio não era apenas uma hipótese para mim. Eu tinha que acreditar que tudo aconteceria, porque assim, a probabilidade aumentava. Bem, era o que meu pai sempre me dizia, pelo menos. E ele nunca mentia.

Mas... eu era boa aluna em matemática, e eu tinha a plena consciência de que, na probabilidade, os resultados não podiam ser determinados antecipadamente. E cá estou eu: sem alguma ideia do que quero cursar na faculdade, ou ao menos para qual universidade almejo ingressar. Muitas ambições e metas, mas nenhum sonho ou motivação.

Ah! E não podemos esquecer: Thomas Dean parece viver alheio diante de minha existência. Logo, posso afirmar que as probabilidades podem sim, trair suas crenças e certezas.

Tudo bem, eu sei que mal acabei de começar o segundo de quatro anos de ensino médio. Mas eu esperava mais, esperava muitas coisas, exceto essa melancolia toda em mim que já está me deixando louca!

     
Nessas férias de verão eu e minha família fomos para Ibiza, foram os três meses os quais mais aguardei o ano inteirinho, mas não posso negar que senti saudades de Tom, e isso é uma merda. Não o fato de sentir a saudade em si, mas sentir falta de alguém que, se eu deixasse de existir, nem notaria pelos próximos meses ao menos que alguém o comunicasse — e, se me permite acrescentar, duvido que utilizaria mais do que três segundos pensando em minha ausência.

E ainda assim, com todos os contras para eu não ser apaixonada por Tom, meu coração insiste em me fazer de gado. Pois é, aqui quem comanda não é minha brilhante cabecinha, mas meu estupido coração.

Eu conheci Tom quando eu tinha nove anos. Sempre morei em Manchester, até a empresa que papai trabalhava abrir uma filial na grande Londres e, como um dos mais requisitados, papai foi convidado para comandar a filial. Mamãe era médica, com recomendações de seus colegas de trabalho, conseguiu um emprego novo em Londres antes mesmo de pisarmos em solo londrino. Nos mudamos para uma rua muito aconchegante, lembro que eu, mamãe, papai e Maximo — que na época tinha apenas dois anos — fomos convidados para jantar na casa dos nossos novos vizinhos que moravam a nossa direita, os Dean's. Nos demos bem logo de cara já que eles eram uma grande e acolhedora família. Tinham uma criança pequena também, na idade de Maximo, o Will. Tinham também os gêmeos — Zach e Sam — que tinham a minha idade: nove anos. E tinham Tom, um ano e meio mais velho que os gêmeos e eu. Eu, Tom e os gêmeos sempre estávamos juntos brincando, fosse no parque ou em nossas casas. Zach sempre fora o que mais me dava atenção, éramos como irmãos, realmente.

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