Capítulo 6 - Topa?

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Quinta-feira | 7:16 a.m.

Mack

Depois de admitir ter ficado preocupado comigo no hospital e insistido para que eu ficasse mais de repouso, quase acreditei que Tom estava tentando resgatar nossa velha e empoeirada amizade, mas minhas pequenas expectativas foram cortadas. Tudo voltara ao normal. Na verdade, agora, Tom parecia com raiva de mim. Quase sempre irritado com minha presença. Mas o que ele não sabe é que quem está perdendo a paciência sou eu. Se ele não quer minha amizade, eu não vou insistir, como nunca fiz. Mas também não fiz nada para atrair seu descontentamento e não irei aceitar seus desaforos.

No caminho para o colégio, Zach comentou o quanto Colin havia ficado preocupado comigo, e insinuou de brincadeira que em breve me perderia para o ruivo. Então, Tom olhou pro seu irmão — me ignorando, para não perder o costume — e disse:

— Só o avise dos riscos de se relacionar com alguém mimada o suficiente para não se lembrar nem das próprias alergias. — arregalei meus olhos com sua fala zero sensível.

— Você está de sacanagem com a minha cara, Thomas? — usei o tom de voz menos agradável que eu tinha e, juro, pude ver os três surpresos. Eu nunca havia chamado Tom de Thomas, e aposto que nunca tinham me visto tão brava, mas talvez tenha sido porque ninguém me tratara daquela forma antes, e eu me recusava a deixar Thomas ser o primeiro.

— Falei apenas a verdade, Mackenzie, uma coisa que não deve estar acostumada a escutar, já que todos te bajulam. Mas advinha? Eu não dou a mínima. — suas palavras me cortaram mais do que deveriam, e mais do que deixei transparecer.

— Cara, o que deu em você hoje? — Sam me defendeu encarando o irmão com uma genuína indignação. Olhei para Zach e percebi que o mesmo apenas encarava Tom com um olhar de deboche, não entendi tal atitude, mas o questionaria mais tarde.

— O que deu nele em todos os outros dias também, Sam. Porque seu irmão tem algum sério problema comigo, mas advinha? Eu não dou a mínima. — olhei para Tom pelo retrovisor com as sobrancelhas arqueadas enquanto dizia minha maior mentira já dita: "eu não dou a mínima." — Não tenho nada a ver com seus problemas e com as suas verdades, Thomas, só não aceito desaforos. Se for pra se dirigir a mim desta maneira, prefiro que volte a me ignorar como tem feito nos últimos anos.

Após essa desagradável troca de desafetos, os dez minutos de trajeto pareceu ter triplicado. O silêncio no carro era ensurdecedor. Assim que Tom estacionou, pulei para fora do carro e quase corri para dentro do enorme edifício que abrigava centenas de alunos.

Argh! Como ele podia ser tão... tão...

— Hey, gatinha! — Keith disse empolgado enquanto se sentava ao meu lado.

— Fala, jogador. — o olhei com um pequeno sorriso. Eu o chamava assim porque do meu ciclo de amizades, ele era o único jogador de futebol.

— Você não cansa de assustar seus pobres amigos, não é mesmo? — passou um dos braços por meu ombros — Ficou as férias inteiras longe de nós sem dar sequer um oi, e agora tenta se matar ingerindo manjericão?

Revirei os olhos com sua fala sobre tentar me matar ter me lembrado a de Tom, me acusando. Mas Keith não estava fazendo isso, havia apenas divertimento e preocupação em sua voz.

— Sim, eu odeio vocês. Quando voltei, não suportei a convivência e não encontrei outra alternativa senão esta. — entrei na brincadeira.

Eu adorava Keith, ele era uma das pessoas mais divertidas e doces que eu conhecera neste colégio. Apesar de ter fama de atirado — Ok. Admito que ele realmente era — Keith nunca havia faltado com respeito comigo ou com qualquer menina.

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