Capítulo Dois

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Toc. Toc.

Depois de duas leves batidas na porta, ela se abriu e metade do corpo de uma mulher alta e de cabelos ruivos pode ser vista.

── Tia Teresa! ── Terence falou, em um tom alto e animado.

Renato, que dormia no sofá, acabou acordando com a voz do filho. Assustado, com os cabelos desgrenhados e a roupa amarrotado.

── Doutora Teresa ── ele rapidamente se levantou, aproximando-se dela, arrumando a roupa e passando as mãos em seguida no rosto. ── Me desculpe pelo jeito como eu estou. Não sabia que a senhorita chegaria tão cedo.

Teresa fechou a porta atrás dela e se aproximou dele, cumprimentando o homem com um leve beijo no rosto.

── Já disse para não me tratar com tanta formalidade, Renato. Pode me chamar de Teresa ou apenas você, que tal? ── questionou, vendo ele sorrir e coçar a nuca, sem jeito. ── E sou eu quem deveria estar pedindo desculpas. Mas é que os óculos novos do Terence ficaram prontos e eu decidi vim traze-lo para que ele começasse a usa-lo.

── Ah, eu tinha me esquecido disso.

── Mas e então, como esse pequeno príncipe acordou hoje? ── Teresa sentou na cama, ao lado de Terence e lhe deu um beijo na bochecha.

── Olha ── Terence pegou uma folha com um desenho que havia acabado de pintar e o mostrou para a mulher. ── Eu fiz pra você.

Um girassol. Grande e que cobria praticamente a folha toda.

Mas o que mais chamava a atenção de Teresa para aquele simples desenho era a variedade de cores que o garotinho havia usado. Cada pétala estava pintada de uma cor diferente, e a julgar pela mistura de tons, Teresa decidiu fazer um rápido teste com Terence.

Ela pegou ou desenho em suas mãos e sorriu olhando para ele.

── É um desenho muito lindo. Poderia me dizer que cor é essa, meu amor? ── perguntou, apontando para a pétala que estava pintada de rosa.

── Vermelho. Uma vez o papai me disse que você gostava da cor vermelha.

Teresa olhou para Renato e viu o homem devolver-lhe um olhar de preocupação. Ela voltou sua atenção para Terence e afundou seus dedos finos no cabelos dele, os penteando para trás em um movimento suave.

── Eu amo vermelho. Vamos ver seus óculos novos agora? ── Terence balançou a cabeça em sinal de positivo.

Teresa foi até onde sua bolsa estava e a abriu para pegar a pequena caixa que estava ali dentro.

Aquela já era a terceira troca de óculos que Terence fazia, com um grau ainda maior que os anteriores. Fazer aquelas trocas eram necessárias já que a visão do garoto mudava em um ritmo rápido.

Ninguém gostaria de descobrir que seu filho pode não enxergar mais o mundo a sua volta algum dia, mas Renato tentava lidar com aquela notícia da melhor forma que conseguia e podia. Desde que descobriu aquela possibilidade ele pediu afastamento da escola onde trabalhava como professor de matemática para se dedicar cem por cento ao filho. Por mais que estivesse ali com ele, o tempo todo, ele sentia que não estava fazendo tudo o que podia. Sentia que estava falhando e desejava estar no lugar de Terence.

10 Dias Com Você (Não São O Suficiente)Onde histórias criam vida. Descubra agora