Prólogo

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P R Ó L O G O


O veículo de Graziela parou em frente ao hospital

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O veículo de Graziela parou em frente ao hospital.

Antes de sair, ela apertou as mãos contra o couro do volante. Respirou uma, duas, três vezes, soltando o ar de forma profunda. Graziela só precisava de um momento de paz antes de sair daquele carro e enfrentar a batalha que estava por vir. Na cabeça, fez a contagem que havia aprendido a fazer vendo um tutorial no YouTube, na intenção de manter-se tranquila ─ embora fosse difícil tendo em vista a situação a qual ela se encontrava naquele momento.

── Querida ── Ricardo chamou por ela. Graziela balançou a cabeça levemente, olhou para o marido e encontrou seu olha preocupado sobre ela. ── Está tudo bem?

Bem.

Se ele lhe perguntasse isso semanas atrás, ela teria o respondido sem pensar uma segunda vez. Como uma pergunta tão simples podia ser dona de uma resposta tão amarga?

Como quem queria enganar a si mesma, ela sorriu.

── Eu.... só estou pensando ── respondeu, distante. ── Não está sendo fácil. Esse lugar ── apontou para a grande instalação com o olhar. Uma lágrima teimosa insistiu em descer. ── Me traz muitas lembranças.

Não era a primeira vez, tão pouco a última. Mas agora era de uma forma permanente, por tempo indeterminado. Graziela sentiu o peso das suas palavras revirarem seu estômago, causando-lhe uma sensação de enjoo. Era a segunda vez que ela teria que ver sua rotina ser bagunçada por médicos com falsas esperanças, aparelhos hospitalares e procedimentos longos que prometiam fazer milagres. Ela já havia visto e vivido tudo aquilo, e agora estava prestes a dar um passo para viver tudo novamente.

Era doloroso.
Doloroso igual arrancar a casca de uma ferida recém cicatrizada.

── Nós vamos conseguir, meu amor. Por ele. ── Roberto apertou a mão dela, olhando para trás.

No banco de trás, Lucas se distraía com um desenho que assistia no celular do pai, sem ter motivos para se preocupar com algo. Graziela abriu um meio sorriso com a imagem, então limpou o rosto sem que o filho percebesse e respirou fundo.

── Tudo bem. Eu estou pronta.

Por mais que tenha se enchido de coragem as suas mãos não queriam se desgrudar do volante e Graziela fez um grande esforço para finalmente solta-las. Seu maior desejo era que a doença do filho fosse um pesadelo e que ela acordaria em breve dele. Mas o barulho da sirene da ambulância que chegava era real, as pessoas que saiam de dentro delas, feridas e deitadas em macas, também era uma imagem muito mais real. Uma imagem cruel demais para se ver logo pela manhã.

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