RAYA - Um novo Mundo

FRAGMENTOS

  ... Você já se perguntou como o nosso mundo ficou tão fragmentado?

Bem, tudo isso começou a mais de 500 anos atrás, quando nosso terra ainda era uma só, quando ainda éramos Kumandra e vivíamos em harmonia com os espetaculares dragões: criaturas mágicas que nos traziam água, chuva e paz... Era uma época maravilhosa. Mas aí, apareceram os Druuns, criaturas sombrias que espalharam rapidamente uma praga que consumia vidas, transformando-as em pedras assim que as tocavam...

 Os dragões fizeram de tudo para nos proteger... Mas não foi o suficiente.

Foi quando então a poderosa Sisudatu, o último dragão vivo, concentrou toda a sua magia em uma jóia e destruiu os Druun.

 Todos que foram transformados em pedra voltaram a vida. Todos, exceto os dragões... E tudo o que sobrou de Sisu foi a jóia dela.

 Você deve pensar que esse momento importante devia ter inspirado a humanidade a se unir para honrar seu sacrifício, não é?

Mas, em vez disso, como é típico das pessoas, elas brigaram pela posse do último vestígio da magia dos dragões.

 Fronteiras foram traçadas e Kumandra foi dividida. Viramos inimigos, e a jóia teve que ser escondida. Mas, sinceramente, não foi assim que o mundo rachou. Isso só aconteceu de verdade 500 anos depois, quando eu entrei na história...

...

A noite escura e chuvosa era o alarme para alertar de que esse seria o dia. Me vesti apropriadamente e prendi com firmeza meus bastões de bambu as costas, observando a chuva cair devagar lá fora. Subi lentamente sobre a janela e encarei o telhado próximo, calculando a distância entre mim e ele. Eu já havia feito isso várias vezes, mas a chuva poderia me derrubar com facilidade. Mesmo assim não recuei, dei alguns passos para trás para pegar impulso e comecei a correr, até saltar e pousar do lado de fora, onde a chuva chicoteava meus braços. Desci com cautela as escadas ao.lado de um beco e corri em direção a montanha que se erguia do centro do bosque.

 A gigantesca montanha a minha frente exibia uma única porta aberta, esperando por mim, e lá dentro, um corredor levava para uma segunda passagem.

Parei na ponta do local e observei o chão e as paredes ao redor. Eram diferentes em vários lugares, mas não pelo desgaste do tempo , mas sim, por acionarem armadilhas. Tateei o chão a minha frente até sentir uma das pedras levemente solta, e no segundo em que a apertei, uma rede pesado caiu do teto, mas devagar o suficiente para que eu pudesse desviar. Sorri.

—Parece que alguém está querendo ser esperto!-Chamei meu pequeno tatu bola, meu melhor amigo que imediatamente veio até mim.—Tuk tuk? Você pode me ajudar a mostrar o que é esperteza?

O pequeno animalzinho sorriu em minhas mãos e pulou rapidamente para o chão, rolando em direção a porta redonda no final do corredor, acionando todas as redes no caminho, desarmando-as. Me espremi no chão e me arrastei por debaixo delas até o final do cômodo. Fácil demais.

—Você foi muito bem amiguinho!-Exclamei para tuk tuk. 

Encarei a porta a minha frente, a pintura entalhada na própria pedra era uma combinação para abri-la, como um cofre. Mas a tempos eu treinava para destranca-la. Peguei meus bastões das costas e encaixei-os nos buracos desenhados na rocha, girando-a para a direita e fazendo-a se abrir no mesmo instante.

 Uma escadaria se revelou a minha frente, com um pequeno rio fluindo dele, mas na direção oposta. Ao invés da água correr para baixo, ela subia as escadas.

 Tirei os sapatos e entrei lentamente no lugar, tomando cuidado para não fazer ruídos altos, até que o altar da pedra do dragão surgiu a minha frente, brilhando como o sol, tão perto que eu poderia toca-la... Mas, porque está tão perto?

—Isso está fácil demais...-Sussurrei para mim mesma, olhando ao redor. E num piscar de olhos, o homem alto e mascarado apareceu entre mim e a jóia.

—Chefe Benja.-Sorri.—Sei que o seu trabalho é tentar me deter, mas você não vai conseguir!