GARRA

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Pov Namaari

Raya muito provavelmente iria até Garra, a cidade mais próxima dela, mas antes de segui-la precisava avisar minha mãe. Ou dar tempo a Raya.
Cavalgando de volta a Presa, quando de repente grandes pedras em formato de dragão surgiram ao meus olhos. Sinalizei aos demais para que reduzissem a velocidade, e lentamente, passamos por aquele cemitério de dragões.
Mortos, petrificados para a eternidade por se sacrificarem por nós... cobertos pelo mato e flores que passaram milhares de anos crescendo a sua volta... Mas, uma ainda estava por aí, Sisu, ainda estava em algum lugar, eu queria acreditar. E Raya também, então eu a deixaria tentar e acompanharia de perto, porém despercebida, tudo o que ela achasse. Mas agora, ela estava indo longe demais, roubando as jóias... Sempre imprudente.
Assim que atravessamos o cemitério, os reverenciei pelo amor nos dado, e secretamente, orei para que Raya encontrasse Sisu.

....

Pov Raya

A noite caiu, mas nenhum de nós conseguia descansar. Entramos em um rio que se tornou estreito demais, com a floresta ao redor perto demais, e agora, na escuridão, podíamos ver de longe o brilho sombrio dos Druuns, milhares deles a volta, impedidos de nós matar apenas pela água.
-Sabe, de dia quase esquecemos que eles estão aqui.-Comecou Boun, sentada na ponta do barco, remando com o bambu -Mas a noite...-Ele encarou a floresta.-É por isso que eu não saiu do barco nunca.
-É um garoto esperto.-Sorri para ele, enquanto afiava a espada sobre um banco, tentando me distrair.
-Mas, afinal, o que são os Druuns?-Ele me perguntou, mas foi Sisu quem respondeu. Ajoelhada ao lado de um prato de flores, encarando a água.
-São uma praga, fruto da discórdia humana.- A voz dela era falha, sem um fio daquela alegria de antes.-Eles sempre estiveram por aqui, esperando por um momento de fraqueza para atacar. São o oposto dos dragões... Ao invés de trazer água e paz para o mundo, eles trazem um fofo implacável que consome tudo ao redor deles, deixando apenas cinzas e pedras no caminho.
-Eles levaram a minha família...-Roun sussurrou.
-A minha também.-Sisu pegou 4 flores violetas nas mãos, levando-as a testa em uma reza e as jogou na água. Observei Boun se aproximar dela e fazer o mesmo. Então me levantei e fui até eles, acariciando devagar as costas da criança, em uma tentativa de amparo e peguei uma flor. Um tributo a meu Ba.
Em silêncio encarando as flores se juntarem, boiando na água, uma luz surgiu no horizonte, a cidade.
-Parece que chegamos.-Boun falou.-Então... pra onde vai depois de Garra?-Ele perguntou, sorrindo tímido.-Pode ser que eu vá pra lá também.
Sisu e eu sorrimos.
O barco se aproximou do porto lentamente, revelando uma enorme cidade iluminada de mercadores, flutuando na água.
-Uau!-Exclamoi Sisu, fixada nas luzes.-Que jeito inteligente de proteger a casa contra os Druuns! Basta construir em cima da água! Esse povo é genial!
-É. Garra pode parecer legal, mas é jeito de batedores de carteira e charlatões.-Expliquei, terminando de prender o cinto da espada na minha cintura.
-Que sorte então, por que eu não trouxe carteira!-Ela riu.
-Okay, vamos a boa notícia: Eu sei exatamente onde está o pedaço da jóia. A má notícia: É que está sob a guarda do notório chefe da Garra: Dang Hai. Um cara muito maldoso.
-Entendido! Só precisamos caprichar no charme e dar uma presente para ele!
-Sisu, talvez seja mais seguro você ficar aqui no barco com o Boun.-Falei, segurando-a de leve.
-Mas...
-Sem você, não conseguiremos reconstruir a jóia.
-Mas eu quero te ajudar!
-Eu sei, e você vai ajudar a todos! Ficando em segurança. Vou voltar mais rápido do que imagina.
Desci do barco, onde Boun o estava amarrando.
-Se vir alguém com fome, mande pra cá!-Ele falou.
-Pode deixar, Capitão!

RAYA - Um novo MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora