Pai desesperado

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Cameron

Droga! Foi uma péssima ideia querer jogar basquete com Éden. Eu devia ter previsto que o pai do menino ficaria irritado. Mas eu não estava preparado para a reação dele quando me chamou no escritório. Seu olhar é perdido, parece desmotivado, e quando se aproxima, me tocando, sinto uma corrente de algo recorrer meu corpo.

— Eu preciso de sua ajuda, senhorita. Acho que já disse isso, mas na situação em que me encontro, não me custa dizer novamente. — ele fala, suspirando.

Eu penso por um minuto.

— Estou aqui para isso, senhor. Mas precisa entender que há coisas que devem ser mudadas nessa casa.

— Virou especialista de crianças agora, senhorita? — rebate, erguendo uma sobrancelha.

Eu bufo.

— Se o senhor continuar agindo dessa maneira, não vamos chegar a lugar nenhum. — argumento.

— Tudo bem, está certa. Então me diga, o que preciso mudar?

Bem, agora ele quer saber, então falarei a verdade, mesmo que doa a ele.

— Éden vive uma vida regrada, e eu não me oponho a isso. Só acho que o senhor cobra demais dele, o pequeno tem uma rotina exaustiva. O senhor também fica poucos momentos com ele. — falo tudo mesmo.

Oliver coça a cabeça, desconfortável. Eu sei que é difícil ouvir a verdade, mas ele precisa saber disso. Melhor agora.

— Éden terá férias nessa semana. Pensei em aproveitar e tirar alguns dias de folga também. Podemos viajar. Isso ajudaria? — há esperança em seus olhos.

Balanço a cabeça concordando.

— Acho que ele vai gostar. — sorrio. — O senhor é um bom pai, só falta ajustar algumas coisas.

Ele sorri também, desconcertado.

— Preciso confessar que não botei muita fé na senhorita no começo, mas está me surpreendendo.

Dou de ombros.

— Estou dando o meu melhor.

Por um instante, o olhar de Oliver sobre mim é estranho. É como se ele estivesse olhando diretamente para minha alma, e isso me incomoda, mas de alguma maneira estranha, também faz minha pele arder.

— Está dispensada, Cameron. Vá dormir, e não apronte mais. — ele diz sorrindo, de braços cruzados.

Eu saio do escritório e vou direto para meu quarto, e quando deito na cama logo em seguida, o que há em meu rosto é um sorriso iluminado pela felicidade de alguém que quer ver um garotinho viver bem.

Eu gosto de Éden, muito, de uma maneira que não sei explicar. Acredito, que se fui mandada para este lugar por um motivo especial, é minha obrigação ajudá-lo a ser feliz. Uma criança precisa sorrir, precisa brincar, e não é um problema que às vezes até apronte. Eu mesma aprontava muito na cozinha do orfanato, quando subia na cadeira para alcançar o pote de biscoitos em cima da geladeira, enquanto mais duas meninas espiavam se a madre vinha.

Noto que há uma mensagem em meu celular, e eu abro para ver quem mandou. É o pai de Éden.

Hoje dormirei pensando na senhorita. Quero dizer, em seu esforço para fazer meu filho feliz, porque se meu filho for feliz, eu serei também. Obrigado.

Não respondo, apenas coloco o celular sobre o peito, e fecho os olhos.

E nesse momento eu confronto uma realidade que há muito pode me comprometer. Há um sentimento, algo estranho acontecendo dentro de mim. Veja bem, explicarei. Eu nunca encontrei uma pessoa que me tratasse com tanta polidez, mas ao mesmo tempo certo carinho, e ser agraciada por um olhar que diz muito. Ora, como eu não posso sentir coisas estranhas perto de um homem como Oliver?

Apenas Sua: O CEO e a BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora