[7] O gatilho para evolução estelar

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Accidentally In Love (From "Shrek 2" Soundtrack) • Counting Crows

Jimin me deu banho, secou meu cabelo, me enfiou em um conjunto de moletom, pois a chuva intensificou e o clima frio se acentuou, mandou eu ficar quietinho em sua cama e foi preparar nossos lanches.

Estou morto de fome e quase tendo um colapso tentando adivinhar qual é a tal surpresa. Tentei de tudo até agora, mas ele foi irredutível e não me deu uma pista. Sacanagem, ele é muito ruim comigo.

Contudo, deve ser a coisa mais foda do universo, já que hoje completamos sete anos de amizade, sete anos desde que entrei no banheiro da escola para agradecer pelo que ele havia feito, mesmo que não fosse por mim.

Sete anos desde que cuidei do seu nariz sangrento e ele tocou minha franja a fim de tirá-la da frente dos meus olhos, foi quando trocamos o primeiro sorriso, quando senti que não seria o último, que seria para sempre. Foi em um dia sete. Nasci em um dia sete. É, sete é o meu número.

Aqui está ele, equilibrando um bolo, um bolo, ele comprou um bolo! Uma caixa com um embrulho roxo e nossos lanches. Em outra vida esse menino trabalhou como garçom, não é possível!

Engatinho sobre a cama e alcanço o bolo. Tem uma vela, o número sete, é claro. Uma polaroid nossa na época da escola, nossa primeira foto e minha nossa, não tenho ideia de como ele ainda tem isso. Éramos tão... miúdos e ele usava boné sem parar, eu dizia que ele iria ficar calvo, ganhava uma gargalhada em resposta e um para de ser besta, menino!

Bem, além da foto, tem confeitos em forma de luas, sóis e estrelas, cobertura aquarela em tons de roxo e amarelo, nossas cores, segundo ele.

Ele mandou fazer um bolo.

Droga, meu nariz está ardendo. Levo minha atenção até ele e as lágrimas despencam. Nego com a cabeça. Ele coloca tudo sobre a cama, até mesmo o bolo e me abraça.

— Eu te amo, solzinho — digo num soluço.

— Eu te amo, minha lua — responde, também num soluço, apertando ainda mais minha cintura em seus braços.

— Desculpa por esquecer... — digo, morrendo de vergonha. — Nem comprei um presente.

— Ei, está tudo bem, sei que foi um fim de semana difícil para você e que as coisas na agência não são fáceis e que você fica meio avoado quando chove muito. Não tem que se desculpar, e você é o meu presente.

Nos afastamos, fungando, com sorrisos bobos e trocamos um beijinho.

— Você é o único alfa possível em toda a extensão terrestre e se existir vida em outras planetas como creio que exista, você continua sendo o único.

— E só seu! — Outro beijo.

Sentamos na cama e ele acende a vela. Meu peito parece que irá explodir e cá estou eu chorando novamente, a ponto de ter que esconder meu rosto com o moletom.

Certa vez, uma amiga, da agência, estava falando sobre algo relacionado a termos sete vidas, sobre a primeira e a última. Não entendi muito bem, não sou atento a esses assuntos, mas se essas coisas são reais, quero que essa seja a primeira e quero encontrá-lo em todas as outras vidas. Uma só não é suficiente, não é!

— Bebê, precisamos soprar a vela — diz todo afetuoso, fazendo carinho em minha orelha.

— Desculpa — peço e mostro meu rosto, ao olhá-lo, noto que está chorando tanto quanto eu.

— Não precisa pedir desculpas. Se pedir de novo, vai ter que me levar para jantar num sábado à noite, no melhor restaurante da cidade.

— Mas o melhor restaurante da cidade, que funciona aos sábados à noite, serve pizza! E ela não chega aos pés da sua!

Todos os planetas • pjm + jjk • aboOnde histórias criam vida. Descubra agora