[6] O planeta com o clima mais hostil

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Accidentally In Love (From "Shrek 2" Soundtrack) • Counting Crows

Urano se remexe no meu colo, roubando minha atenção. Se ele consegue dormir com toda a algazarra que eu faço enquanto jogo, e acordou assim, ele está captando um som novo. Deve ser Jungkook, mas ele não chega... Minha nossa, já era para ele ter chegado, não vi a hora passar e caramba, passou muito rápido.

Deve ser o clima, nunca vi uma segunda-feira tão tempestuosa e agressiva. O Sol não deu o ar da graça por um segundo hoje. São cinco da tarde, mas parece que já passa das nove. Levar a Vênus no veterinário hoje foi uma luta. Ela é bem novinha e sim, ela tem um filhotinho na barriga, Jungkook e eu decidimos que ele ou ela, se chamará Terra.

Espero que meu ômega não tenha pegado chuva, esse menino fica doente por qualquer coisa. E ele tava tão dengosinho ontem, passamos o dia na cama, vendo série, comendo besteira, nos beijando e ele dormiu todo agarradinho comigo, não quero ele doente.

Nossa, que saudade dele!

Tiro os meus fones e me ergo com Urano em mãos. Uma rápida olhada e vejo Vênus, Saturno e Júpiter sentados sobre a cama, acordaram junto desse, ou dessa, ainda não sabemos, cinzinha aqui, como Jeon começou a chamar.

O coloco com os outros e a sessão de lambeção começa. Onde imaginei que um dia eu teria tantos gatos e todos eles sobre minha cama. Acho que talvez o universo goste de mim.

Saio do cômodo e observo um rastro de água pelo corredor até o quarto de Jungkook. Apresso meu passo.

— O que aconteceu? — pergunto encarando suas costas, ele está encharcado. — E por que chegou só agora?

Começo a ajudá-lo na luta contra a camisa social enganchada nos braços. Eu já disse um milhão de vezes que não precisa usar roupas tão justas.

— É que... — Ele vira em minha direção quando conseguimos nos livrar da peça de roupa.

— É que o quê? — Não olho de imediato, estou tirando o cinto para o livrar da calça, também muito justa, ele não me ajuda!

— No caminho para casa...

Ergo meu rosto com a sua fala tão mansa.

— Não me diga que achou um, o que aconteceu com o seu rosto? Por que ele está arranhado assim? Por Deus, você achou outro gato? — Seguro suas bochechas.

— Sim! Ele estava jogado na calçada, todo molhado, muito machucado, eu não pensei, só saí do carro e fui vê-lo. Estava com a perna quebrada. Muito arisco! Quando eu o peguei, ele fez isso! — diz rápido e embolado, como se tivesse aprontado algo muito grave e estivesse se justificando para não levar uma bronca.

— Ei, calma. Respira. — Toco seus ombros, ele faz o que pedi e funga. Ficará doente, eu sei que sim, o conheço como a palma da minha mão.

— Ele me machucou, pois devia estar com medo, alguém deve ter maltratado dele... Mas não se preocupe, eu passei em uma farmácia e já comprei os remédios para isso — aponta para a testa e abaixo do olho esquerdo —, nunca se sabe. E ele está internado na clínica. Ficará lá por pelo menos uns três dias. Segundo o veterinário — espirra, espirra de novo, pela terceira vez, seu corpo tremelica —, ele iria morrer se ficasse mais um dia na rua.

Sem pensar muito, o abraço.

— Minha Branca de Neve, eu te amo por simplesmente existir e te amo ainda mais por ser assim!

— Eu também te amo, solzinho! Desculpa pelo susto, e nem me abraça, eu tô todo molhado.

— Não ligo e você não tem que se desculpar. — Seguro seu rosto outra vez e deixo um beijo sobre sua boca. — Agora vai tomar uma banho bem quente, coloque roupas bem quentes também, eu faço um chá.

Todos os planetas • pjm + jjk • aboOnde histórias criam vida. Descubra agora