Todos os planetas • pjm + jjk • abo

[3] O planeta mais pesado

Accidentally In Love (From "Shrek 2" Soundtrack) • Counting Crows

✦

A ponta dos dedos dele, estão tremendo sobre o volante. Seus olhos, maiores que o normal, um tanto desfocados. Se eu intensificar a pergunta, tenho certeza que uma gotícula de suor escorrerá pela lateral do rosto pálido.

Jimin aprontou alguma e eu preciso saber o quê.

É territorialista, eu sei. Principalmente com relação a mim, que já passei por coisas desagradáveis. Sei que já me protegeu, mesmo que não falasse, contudo, o que aconteceu no mercado, não me deixou nenhuma pista.

Aquele cara não era uma ameaça, Park nem estava por perto, mesmo que tenha a audição acima da média. O que ele teria ouvido, usando de suposição, seria eu pedindo desculpas por trombar em alguém.

— Eu não sei — responde por fim, e sem olhar para mim. Está fugindo. Por quê?

— Tem certeza?

— Sim? Eu por acaso fiz algo estranho hoje? Algo que normalmente não faço? — pergunta, ainda sem me olhar.

— Não — respondo encarando meu colo.

Sobre ser beijado, abraçado, apertado, cheirado, estou mais que acostumado, é sua linguagem de amor, afinal.

— Talvez, ele tenha um super olfato? — Me encara rapidamente, ombros encolhidos, sobrancelhas franzidas, está na defensiva. Por quê? — Nós sempre estamos grudados, meu cheiro pode acabar ficando preso em você.

É, ele tem um ponto. Apesar do seu comportamento estranho. Acho que viajei um tanto. Não tem como ele me marcar assim, propositalmente.

Que começo de dia mais agitado, eu preciso, hm, esqueci que não teremos o domingo só para nós dois e não posso dormir em cima dele na metade de algum filme do Shrek, durante toda a tarde.

— É. Deve ser isso mesmo. — Afivelo o cinto ao meu redor. — Vamos? Temos duas novas crianças precisando da gente. Era só isso mesmo, fiquei encucado, enfim, desculpa, eu viajei.

— Não precisa se desculpar, meu bem. Eu também acharia estranho. — Faz carinho na minha orelha. Gosto desse carinho. Lembro bem da primeira vez, estava tendo uma crise de choro horrenda e ele começou a fazer carinho em minhas orelhas, parei de chorar quase que instantaneamente.

Trocamos um sorriso ameno e ele dá partida no carro.

— Não vai escolher uma música? — diz, saindo do estacionamento.

Apenas nego com um movimento fraco de cabeça. Sinto que ficarei remoendo a situação inusitada por um pouco mais de tempo, mesmo não querendo.

— Então, deixa comigo.

Smile da Avril começa a tocar, involuntariamente um sorriso cresce em meu rosto. Esfrego minha testa e o encaro de lado. Ele não vale nada!

É uma tática infalível. Durante nossa amizade, dedicamos várias músicas um para o outro. Quando o clima entre nós dois fica meio estranho, colocamos algo que nos remete a um momento bom, e como num passe de mágica, a nuvem cinzenta dá espaço ao céu azul.

— Você é tão canalha, Park Jimin! — digo ao ponto de quase morder uma das minhas mãos.

— Você sabe que eu sou uma vadia louca. Faço o que eu quero quando sinto vontade. Tudo que quero fazer é perder o controle, oh, oh! — Canta todo animadinho, o fã da Avril sou eu, mas essa é sua música favorita em todo o mundo. — Vai! — Estende o braço.