Cores?

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Cor

/ô/

substantivo feminino

1.1
Cor é a impressão que a luz refletida ou absorvida pelos corpos produz nos olhos. A cor branca representa as sete cores do espectro: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. A cor preta é a inexistência de cor ou ausência de luz.

Pov Sam

Cores, não faço a mínima ideia do que sejam, bom na verdade sim porque aprendemos isso quando crianças, mas eu não as enxergo. Já fui a inúmeros médicos, especialistas e nada, elas simplesmente decidiram não se fazerem presentes em minha vida. Acho que me lembro vagamente de ter visto algum relance de cor em uma flor uma única vez, mas logo ela desapareceu, então nunca soube explicar ou detalhar para alguém. Mas isso não me importa muito saber o que são ou não, eu gosto do cinza que meu mundo é, as árvores com folhas em preto, o céu em um tom cinza claro, enfim eu amo essa cor! Para quê ia querer alguma cor para distorcer minha palheta de cores.

Acabo sendo acordada de meus devaneios com o estalar da régua que minha avó sempre usava para me "corrigir" se chocando contra a mesa, pisquei um pouco assustada e a olhei. Ela estava com seu semblante sério e frio de sempre, aquele falso levantar de lábios, seus punhos cerrados e sua mandíbula travada em certa raiva, eu sabia que receberia mais um castigo mas como isso sempre acontecia eu nem me assustava ou chorava mais.

- Poderia repetir o que lhe perguntei Samanta? - A mulher se aproximou de meu rosto, tocando meu punho e o apertando com certa força, eu odeio quando ela faz isso. Só por estar com raiva de algo desconta em mim e nas minhas irmãs, bom não mais, já que as duas saíram de casa e eu não pude ir junto por ser menor de idade.

- É Sam, vovó. A senhora sabe que não gosto de ser chamada dessa forma, me deixa desconfortável. Mas claro que posso repetir o que me foi falado. "La vie perd ses couleurs chaque jour où nous nous déconnectons de nous-mêmes. Je ne suis pas malade, je fais juste semblant de ne pas voir les couleurs parce que je suis une petite-fille ingrate." (A vida perde suas cores a cada dia que nos desconectamos de nós mesmo. Eu não sou doente, eu apenas estou fingindo não ver cores porque sou uma neta ingrata.)

- Isso, você sabe que eu te amo, certo minha neta? Só estou fazendo isso porque me preocupo com você e não quero que acabe como suas irmãs, elas me abandonaram e não quero que você acabe como elas. - Minha avó passava as mãos em meus cabelos fazendo um carinho um pouco agressivo mas eu já estava acostumada, suspirei fundo concordando.

- Tenho de ir me deitar, amanhã tenho aula e não posso me atrasar. Com sua licença. - Me levantei fazendo uma reverência para a mulher mais velha, coloquei minha cadeira de volta seu lugar na desnecessária enorme mesa, já que éramos só nós duas desde que Nueng e Song saíram de casa.

Caminhei pelo longo salão da mansão em que vivo, ser neta do rei da Tailândia tem suas vantagens, ser rica e desvantagem, ser rica. Odeio o fato de ser neta dele, porque eu mal o conheço mas ele é uma pessoa legal, o que odeio mesmo é o fato que a vovó não para de me lembrar disso. "você é neta do Rei, não pode agir como uma qualquer, tem que ser perfeita, se casar com um homem bom e que eu escolher para você. Você tem que cumprir cada parte de sua vida, até poder se casar e ter filhos para ser feliz."

Fazem 10 anos que as duas saíram de casa, tudo por culpa do mesmo papinho de sempre, mesmo discurso chato, me pergunto como ela iria reagir se soubesse que sou como minha irmã Song, lésbica. Fechei meus olhos com força ao ser atacada por memórias que eu não gostaria de relembrar.

Flashback On

O dia estava calmo, um lindo céu cinza claro, sem nenhuma nuvem, os pássaros voavam e cantavam em alegria sendo agraciados pelo tempo agradável que estava fazendo. Algumas borboletas dançavam entre as flores, algumas pousaram em minha mão e nariz, eu ri baixo sentindo as patinhas dela tocando a ponta dele.

La Vie en Rose 🌺 - FreenBecky Onde histórias criam vida. Descubra agora