Trust me

Capítulo 23 - Tão feliz

- Simplesmente porque não significou nada. - Desviou os olhares. - Beijar a Sharon só me fez perceber que NÃO dá pra tirar você da cabeça. Eu só pensei em você.

Natasha deixou escapar um sorriso em meio a irritação, passou os dedos entre os finos fios de cabelos ruivos e os jogou pro lado. Wanda viu aquela cena em câmera lenta e seu coração quase saltou do peito, por pouco não deixou o guidão da bicicleta escapar de sua mão.

- Você pensou em mim enquanto beijava ela? - A ruiva perguntou tentando esconder que estava satisfeita por aquilo.

- Por um momento pensei que era você, mas quando olhei nos olhos castanhos dela cai na realidade, não era esse seu olhar verde que me encanta.

Wanda falou com toda sinceridade do mundo e Natasha estava sem palavras, a irritação tinha ido embora rápido e agora ela só estava com vontade de beijar a morena mais uma vez, mas estava receosa porque estavam em público.

- Wanda, eu quero beijar você. - Falou se contendo. Wanda riu de leve pelo jeito desesperado da ruiva. - O que eu faço?

- Me beija, ué. - Disse em um tom óbvio, mas Natasha não saiu do lugar. - Está com vergonha de estarmos em público? - Assentiu com as bochechas rosadas. - Eu não ligo, Tasha. Não devemos nada pra ninguém, e na verdade ninguém liga.

A ruiva concordou mentalmente com o que a Wanda disse, então andou até a morena e sorriu antes de selarem seus lábios em um beijo amoroso. Wanda segurou na cintura da ruiva com uma mão enquanto a outra segurava a bicicleta.

Natasha percebeu que não ligava de beijar Wanda em público, foi um medo bobo que não vai voltar.

- Você quer ir pra casa? - A morena falou encarando os olhos castanhos, que olhavam cada milímetro de seu rosto. A ruiva poderia passar horas olhando a morena e nem sequer ouviu o que Wanda disse.

- Han...- Falou perdida nos olhos castanhos de Wanda. - Que? - Sorriu amarelo e Wanda riu. - Desculpa, não ouvi.

- Quer voltar pra casa? - Repetiu calmamente.

- Você quer?

- Por mim tanto faz, baby. Se você quiser ir pra algum lugar, tudo bem. Apenas prometi pros seus pais que não iríamos chegar tarde.

- Seu joelho não está doendo? - Fez um carinho na bochecha da morena, que negou, mas o joelho estava doendo sim. - Na verdade eu só quero ficar abraçada em você em qualquer canto.

- Ouvir isso saindo da sua boca é como ouvir música. - Wanda falou boba, fazendo a ruiva sorrir envergonhada e dar um pequeno selinho em seus lábios. - Podemos ir pra casa, você não conhece meu quarto ainda.

- E o seu pai?

- Ele que se foda. - Saiu sem querer e Natasha riu da cara encabulada que Wanda fez. - Desculpa.

- Tudo bem. - Disse ainda rindo.

Por segurança das duas, Wanda decidiu guiar a bicicleta mesmo com o joelho machucado. Não é que ela não confiasse na Natasha, era apenas pra ter total certeza de que não iriam cair no meio da rua.

- Wanda? - A ruiva falou alto por conta do vento em seus rostos, abraçava forte a cintura da morena enquanto apoiava o queixo em seu ombro.

- Eu! - Falou alto também enquanto pedalava e prestava atenção no trânsito.

- Eu posso sentar no guidão?

- Pode, só deixa eu frear.

Wanda freou na ciclovia e Natasha saiu do banco de trás. Antes de subir no guidão deu um beijo estalado na bochecha da morena, que sorriu boba.

A ruiva sentou de costas pra Wanda na barra prata de ferro, segurou nas mãos da morena por cima da manopla e Wanda entrelaçou seus dedos ali.

- Segura firme, tá bem? - Wanda falou se ajeitando no banco pra conseguir enxergar a sua frente.

- Como você vai enxergar? - Natasha perguntou olhando por cima do ombro.

- Fico de pé enquanto pedalo. - Ergueu o corpo e beijou a bochecha da ruiva. - Vamos?

- Vamos. - Natasha estava sorrindo e voltou a olhar pra frente.

Wanda deu impulso na bicicleta e começou a pedalar. Natasha estava radiante por estar ali em cima sentindo o vento bater no rosto, os pés balançarem. Em seus lábios um enorme sorriso contagiava todos que passavam por elas. A ruiva sentia as mãos de Wanda embaixo das suas segurando firme na manopla, aquele pequeno contato já a deixava fascinada.

- Quer tomar sorvete? - Sentiu seu corpo arrepiar por ouvir a voz rouca pertinho de sua orelha.

- Eu não peguei dinheiro.

- Perguntei se quer tomar sorvete, Natasha.

- Eu quero! - Falou animada. - Sorvete agora seria perfeito.

Wanda estava feliz porque Natasha sorria perfeitamente, queria ficar admirando a bela ruiva em sua frente mas precisava concentrar em pedalar até a sorveteria mais próxima.

Assim que acharam uma sorveteria, Wanda puxou o manete do freio delicadamente pois não queria Natasha voando do guidão. Natasha desceu da bicicleta e a morena em seguida.

- Eu amei ficar aí em cima. - Falou sorrindo observando Wanda prender a bicicleta no poste. - Quero repetir isso mil vezes.

- Você é adorável. - A morena falou indo até ela, que sorriu envergonhada e lhe roubou um pequeno selinho.

As duas entraram na sorveteria e os olhos de Natasha brilharam por ver tantos sabores expostos.

- Qual o que você mais gosta? - Wanda perguntou ao ver que a ruiva estava quase babando.

- Banana, chocolate, morango, flocos, pistache, baunilha...- Suspirou. - Todos!

- Acho que você não aguentaria comer todos. - A morena falou rindo. - Qual seu preferido deles?

- Morango. É o melhor de todos!

- Senta em algum lugar que vou pedir os nossos, tá bem?

Natasha assentiu sorrindo e sentou em uma mesa próxima a enorme porta de vidro, ficou olhando Wanda de longe e pensando o quanto aquela morena era linda, ainda mais na pontinha dos pés toda fofa segurando no balcão enquanto pedia os sorvetes.

Wanda pagou os sorvetes e olhou pelo local procurando Natasha, logo viu a mesma sentada perto a porta e deu um sorriso indo até ela.

- Esse é o seu. - Entregou a casquinha nas mãos da ruiva e sentou na sua frente.

- Obrigada, Wanda. - Falou provando aquela maravilha. - O seu é de que?

- De creme. - Natasha fez uma cara engraçada. - O que foi? - Wanda perguntou rindo.

- Creme é tão sem graça.

- Não é nada! É o melhor. - Respondeu de nariz empinado, fazendo a ruiva rir.

- Wanda...- Falou sentindo suas bochechas esquentarem. - Eu nunca me senti tão feliz quanto hoje, fazia muito tempo que eu não me sentia assim.

- Fico feliz por isso, babe. - Sorriu sincera. - Vamos ter muitos momentos como esse.