O desconhecido não se importou com a minha presença, nem sequer se mexia. Minha inércia era como a dele. Ambos a mercê de uma força maior que nós.
Tudo era silencioso. Nada se movia. Era incontáveis minutos que se transformavam em horas. Mas aos olhos do desconhecido tudo passava como segundos, e era essa a nossa divergência.
A vida não tinha efeito em mim pois o vazio me dominava, e para o desconhecido os efeitos da vida o dominavam. Era sentir tudo e nada. Éramos os dois lados da moeda.
Os seus olhos eram de uma confusão enorme, não se dava para enxergar muito além do caos. Me pergunto o que se passava em seu âmago, o que ele estaria gritando, o quanto queria fugir. Eu não sabia. Mas fiquei sentada ao seu lado, ao lado de quem nem conhecia, tudo pelos grandes olhos em caos. Que diferente dos meus carregavam algo.

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Besta fera, mas minha
PoetryEssa obra carrega uma história de aceitação e repulsa, onde o caos é procurado para cessar o ébano do vazio. Os opostos são singulares no âmago, há algo que compartilham, há partes perdidas um no outro. Temos que nos perder, para nos encontrar. E é...