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REYNA

REYNA LEVOU A MÃO À espada, mas então se lembrou de que a haviam confiscado.

- Saiam daqui! - gritou Phoebe, preparando o arco.

Celyn e Naomi correram em direção à porta fumegante, só para serem derrubadas por flechas negras. Phoebe gritou de raiva, e respondeu com fogo enquanto as amazonas avançavamcom escudos e espadas.

- Reyna! - Hylla a puxou pelo braço. - Precisamos ir embora!

- Não podemos simplesmente...

- Minhas guardas vão ganhar tempo para você! - gritou Hylla. - Sua missão precisa ser cumprida.

Mesmo se odiando por isso, Reyna saiu correndo com Hylla. Quando alcançaram uma porta lateral, Reyna olhou rapidamente para trás. Dezenas de lobos, escuros como os que ela enfrentara em Portugal, jorraram para dentro do armazém. Amazonas corriam para interceptá-los. No vão da porta de metal, tomado pela fumaça, amontoavam-se os corpos das que não haviam resistido: Celyn, Naomi, Phoebe. A Caçadora ruiva que tinha vivido por milhares de anos agora jazia imóvel, os olhos arregalados em choque, uma flecha negra imensa cravada em sua barriga. A amazona Kinzie avançou, grandes facas reluzindo em suas mãos. Saltando os corpos, ela mergulhou na fumaça.

Hylla puxou Reyna. As duas cruzaram a porta e puseram-se a correr, juntas.

- Todas elas vão morrer! - gritou Reyna. - Tem que haver alguma coisa que...

- Não seja estúpida, minha irmã! - Lágrimas brilhavam nos olhos de Hylla. - Órion foi mais esperto que nós. Ele transformou a emboscada em um massacre. Só o que podemos fazer agora é segurá-lo enquanto você foge. Você precisa levar aquela estátua para os gregos e derrotar Gaia!

Guiando Reyna, ela subiu um lance de escadas. As duas seguiram por um labirinto de corredores, até chegarem a um vestiário. Lá, viram-se cara a cara com um grande lobo, mas, antes que a fera pudesse sequer rosnar, Hylla lhe deu um soco bem entre os olhos. O lobo desabou.

- Por aqui. - Hylla correu para a fileira de armários mais próxima. - Suas armas estão aí dentro. Depressa.

Reyna pegou a adaga, o gládio e a mochila. Depois, ainda seguindo a irmã, subiu por uma escada de metal em caracol. A escada terminava no teto do vestiário. Hylla se virou e olhou com uma expressão muito séria para a irmã.

- Não vou ter tempo de explicar isto, ok? Segure firme. Fique bem junto de mim.

Reyna não sabia o que poderia ser pior do que a cena que elas tinham acabado de deixar para trás. Então Hylla abriu uma portinhola de alçapão, que levou as duas até... sua antiga casa. A sala estava exatamente como Reyna se lembrava. A luz entrava por claraboias opacas posicionadas nos tetos altos. As paredes imaculadamente brancas não tinham nenhum adorno. A mobília era de carvalho, aço e couro branco, totalmente impessoal e masculina. Sacadas se projetavam nas duas extremidades do cômodo, o que sempre fizera Reyna sentir como se estivesse sendo observada (porque, afinal, muitas vezes não era apenas uma sensação).
O pai das duas tinha feito de tudo para dar um visual moderno à centenária hacienda. Tinha instalado as claraboias, pintara tudo de branco para tornar o ambiente mais claro e arejado. Mas só conseguira fazer com que o lugar parecesse um cadáver bem-arrumado em um terno novo. A portinhola se abriu no interior da enorme lareira. Reyna nunca tinha entendido por que eles tinham uma lareira em Porto Rico, mas ela e Hylla fingiam que era um esconderijo secreto; onde o pai não as encontraria. Imaginavam que, ao entrar ali,viajariam para outros lugares.
Agora, Hylla fazia essa fantasia se tornar realidade. Ela havia ligado seu esconderijo subterrâneo ao lar de sua infância.

AFTERGLOW pt. 2 [Percy Jackson]Onde histórias criam vida. Descubra agora