Papéis e Pompons - Beomjun

Reencontro - Final

Havia demorado alguns minutos para o carro de Jungho conseguir sair da perimetral devido o trânsito intenso na noite gelada de Busan. Logo o shopping ficou à vista dos dois e Beomgyu suspirou, retirando o cinto de segurança.

— Espera, amor. Tô quase achando uma vaga pra gente... - disse Jungho, tentando colocar o carro num espaço relativamente pequeno. - Malditos adolescentes que não sabem estacionar!

Beomgyu riu e conferiu se estava com o cartão de crédito na bolsa. Jungho queria muito ver o filme mas seu salário estava atrasado pela segunda vez seguida, então sobrou para Beomgyu pagar para os dois o passeio. Depois que o namorado finalmente conseguiu posicionar o carro, saíram até a entrada iluminada do edifício. Sentia-se ansioso, enquanto concordava vez ou outra com o que o namorado dizia, apenas para não parecer mal educado. Após passarem pelas portas que levava até a ala do cinema, o coração do garoto quase saiu pela boca ao ver um poster enorme com a foto de Yeonjun ao lado do ator que faria "seu papel" no romance.
Alguns jovens se reuniam perto de um Yeonjun de papelão para tirarem fotos, outros apenas riam e cochichavam. Jungho sorriu animado vendo tudo aquilo.

— Olha só, Choi Yeonjun em papelão, não é demais ? Quer tirar foto com ele amor?

— O que? Não! Não precisa. Vamos logo comprar nossos ingressos, ok?

Beomgyu sentia seu rosto perder a cor lentamente enquanto suas mãos suavam. Céus, ir àquele local tinha sido uma péssima ideia afinal. Ele poderia ter mentido, inventado uma gripe, qualquer coisa para evitar aquilo. Jungho olhou para o namorado, estranhando o comportamento, mas associou que fosse ao estresse do trabalho.

— Quer que eu vá comprar? - perguntou.

— Não, eu vou. Já venho.

Beomgyu se afastou rapidamente, entrando na fila para a compra dos ingressos, enquanto abraçava o próprio corpo, dizendo a si mesmo que aquilo logo iria acabar e ele estaria em casa.
Após a compra de tudo que julgavam ser necessário para ver ao filme, os dois entraram na sala de cinema e a tortura silenciosa do menor começou. O roteirista havia mudado algumas coisas para se encaixar melhor na trama de romance, mas ainda era a mesma história, ou melhor , a história deles dois. Quando a cena do primeiro beijo começou, Beomgyu sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e não aguentou mais. Levantou- se da poltrona rapidamente, inundado de lembranças e correu até a saída da sala. Logo um Jungho preocupado apareceu, chamando seu nome, mas o rapaz não parou e continuou correndo, até não poder mais devido seu braço ter sido agarrado com força pelo namorado.

— Beom? Beom o que foi, hm? Porque saiu daquela forma? Está passando mal?

O pequeno Choi que já estava chorando começou a chorar ainda mais. Sentia-se tão cansado daquilo tudo e era culpa dele mesmo, que não se permitia esquecer o passado e viver o presente. Ele só queria poder ser capaz de esquecer. Sentiu seu namorado lhe envolver em um abraço, que ele não correspondeu ao invés disso o afastou.
Jungho o encarou, confuso.

— Beom...amor...

— Precisamos terminar. - disse o mais novo, sem conseguir encara-lo.

Era injusto estar prendendo Jungho daquela forma, num relacionamento que ele nunca quis. Já o havia feito perder tempo demais.

— O que? Porque?

— Eu preciso de um tempo pra mim. Eu preciso arrumar minha vida, refazer meus planos e sinto muito por você não fazer parte deles, jungho... Me perdoa. - Beomgyu dizia enquanto chorava, tentando se manter firme mas falhando.

O homem à sua frente parecia perdido. Passou a mão pelo rosto e depois nos cabelos, claramente angustiado.

— Porque isso de repente? Eu fiz algo?