capítulo três.

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naomi gray.

Você é minha.

Naomi Gray você é minha.

Espera, oque?

Levo um momento para raciocinar, mais um momento para deixar o choque de lado e transformar minha paz em tormento, um bolo se forma em minha garganta e meus olhos se arregalam. Quem ele pensa que é?

- Você é maluco? - olho para ele incrédula.

Suspiros e exclamações surgem ao redor. As pessoas pareciam gostar do show enquanto olhavam vidrados, loucos da porra.

- Nos vemos por aí, docinho. - ele então se afasta com as mãos no bolso, suas costas largas com um moletom escrito "White, 01".

Solto o ar que nem sabia que segurava, minhas mãos ainda trêmulas, eu estava constrangida, muitos olhares estavam em mim sussurrando coisas que eu não queria ouvir, coisas que de uma hora para outra foram criadas. A falta de ar atinge meus pulmões e sinto mãos me segurando, olho para elas notando as unhas vermelhas de Adelaine me puxando para seu lado, ela me olhava preocupada passando a mão por meu rosto.

- Tá tudo bem, passou, vem - ela me abraçar de lado me puxando para andar com ela - O que estão olhando porra? Meu pai é traficante, vai raspar a cabeça de vocês!

Ouço sua ameaça sabendo que ela era vazia e rio baixinho, um som oco que morreu rápido.

- O que foi aquilo? - olho para minha amiga descrente.

- Ah, eles acreditam nas minhas ameaças por ser brasileira, acham que eu sei como raspar uma cabeça e tudo mais.

- Bem, eu não me referia a isso. A situação, aquele é o Rowan? Por que do nada ele resolveu me enquadrar no corredor?

Ela me olha dando de ombros.

- Boa pergunta, ele sempre ignora tudo e todos com a pose de fodão dele. Vocês já se conheciam?

- Não, eu saberia se o conhecesse, o olhar dele me causou arrepios. - murmuro e ela me abraça de lado.

- Vamos, temos aula juntas, depois descobrimos o porque da cueca do fodido White ter torcido suas bolas. - Adelaine me guia e eu permito, me sentia confortável com ela, isso era uma surpresa porque dificilmente me sentia bem com alguém.

(...)

O horário de almoço soa e eu me levanto alisando minha roupa, Adelaine já tinha se separado de mim na troca de aula, visto que eram professores e conteúdos diferentes. Pego meu celular e fones saindo da sala, sentia olhares em mim desde o ocorrido no corredor e devo dizer, era desconfortável no mínimo irritante. Odiava estar no centro do mundo, não só porque me sentia encabulada, mas também porque com isso vinham fofocas e conversas atoa, coisa que eu também não gostava.

Ando até meu armário o abrindo, de lá cai uma flor branca e um simples bilhete, o abro sentindo meu estômago se contorcer.

"Bloco abandonado, sala de artes
Hoje às 21h.
venha sozinha, docinho"

-R.W

Era só oque me faltava, ótimo!

Amasso o bilhete, não precisava ser uma gênia para saber de quem eram as iniciais. O toque de recolher soava as 20h, eu estaria infligindo as regras logo no primeiro dia de aula. Se me pegassem fora do horário, em um bloco desativado e ainda por cima acompanhada eu estaria com grandes problemas.

𝗴𝗼𝗹𝗱𝗲𝗻 𝗲𝗹𝗶𝘁𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora