Que poder têm os sonhos?
Zoe sempre foi uma mulher sonhadora. O que ela não esperava era que isso significava muito mais do que ela jamais poderia esperar. E agora que mundo desperto havia lhe virado as costas, para quem mais poderia pedir ajuda se...
I was fighting but I just feel too tired to be fighting
Guess I'm not the fighting kind
Where will I meet my fate?
A Bad Dream | Keane
Morpheus estava extremamente reflexivo.
Perpétuos não eram seres que simplesmente apareciam no mundo. Será que Destino estava ciente disso? Ora, seria estúpido presumir que não, mas por que motivo ele não falaria aos outros? Como contatar o Criador? Que diabos perguntaria a ele?
O Rei dos Sonhos e dos Pesadelos não tinha ideia de como resolver isso.
Ele balançou a cabeça, um pouco frustrado com a situação. Zoe poderia ser um ser poderoso, preparado para os bens e males do mundo, e, antes de tudo, ser alguém que conquistou seu coração tão cansado de sofrer.
Morpheus sempre quis amor. Amar e ser amado. Ter alguém ao seu lado. Mas em todas as suas eras, nada nunca deu certo. A decepção no amor já lhe era tão comum que ele havia desistido dele. Desejo sempre entraria em seu caminho, preparado para destroçar qualquer sentimento bom e levá-lo a loucura.
E o monarca não poderia permitir que isso acontecesse novamente. Não podia perder mais uma pessoa. Mais um amor.
É de se imaginar a frustração de Morpheus quando voltou para os salões e não sentiu a presença de Zoe em lugar algum. Nenhum. Nada. Nem um tipo de resquício de seu poder ou sua alma.
O Rei dos Sonhos e dos Pesadelos ficou parado no meio do salão, congelado, tentando entender o que havia acontecido. Travado, parecia ter expectativas de acreditar que aquilo era simplesmente uma mentira tola. Ela tinha que estar no Sonhar.
– Mestre! Mestre! – Lucienne entrou no salão atrás de Morpheus, buscando chamar sua atenção com a voz embargada de medo e aviso. – Zoe...
– Ela sumiu, não é mesmo? – completou ele. As narinas tremendo com o ódio subindo em seu peito.
– Matthew disse que ela saiu para os campos e que desapareceu – explicou ela. – Eu sinto muito, Mestre.
Os dentes de Morpheus cerraram. Alguém havia sequestrado Zoe de seus domínios. A levou embora. Ele fechou os punhos com tanta força que seus dedos ficaram ainda mais brancos e seus poderes se mostraram, mesmo tentando controlá-los, com um pequeno terremoto no castelo, enquanto o Rei dos Sonhos caminhava para fora, frustrado com tudo e todos. Indignado pelo sumiço da mulher que havia conquistado seu coração.
Uma grande tempestade começou a cair no Sonhar, com raios, trovões e sons estridentes que mostravam a grande confusão e desespero que parecia surgir dentro de seu Rei. Ele pensava em quem poderia ser o culpado pelo sumiço. Zoe não conseguiria sair por conta própria dali. Ela havia dito que nem o queria. Será que Destino havia preparado alguma coisa para ela? Ou então Desejo a teria descoberto e a usaria contra ele? Morte, sua querida irmã, poderia ter alguma relação com isso?
As dúvidas não paravam de surgir.
– Há algo que possamos fazer pelo senhor? – a bibliotecária caminhava ao seu lado, vendo a raiva brilhar como lava nos olhos do Senhor do Sonhar.
– Não Lucienne. Apenas fique aqui – disse ele, a voz em um estrondo que representava um pouco dos seus sentimentos.
Sonho foi caminhando pesadamente para fora de seus salões, com uma expressão que colocou medo em grande parte de seus súditos que, de forma esperta, sumiram de sua frente.
A cada passo que o Rei dos Sonhos e dos Pesadelos dava, um novo estrondo acontecia e não havia alma presente naquele mundo, naquele momento, que não tenha sido afetada pelo seu comportamento e pelos sentimentos que rondavam seu ser. A raiva pulsava por suas veias, mostrando o estresse através das rachaduras que surgiam pelo chão em extensas estrias marcadas em um tom escuro. Até as paredes pareciam tremer.
A chuva forte parecia representar todos aqueles sentimentos que ele adoraria esconder, como sempre fez com tudo. Mas apesar de tão calado como costumava ser, aquele perpétuo poderoso era um livro aberto pois tudo que dele vinha, para todos se mostrava.
E apesar de sua mente tecer os mais diversos pensamentos que buscavam a resposta para o sumiço de Zoe, poucas coisas o guiavam para um resultado conclusivo. Mas um estalo foi o suficiente para uma pequena brecha de luz surgir e um pensamento chegar até ele, estressante, passível de bons resultados, mas estressante só de imaginar. Ele suspirou fundo, franzindo o cenho e suas lindas sobrancelhas escuras e marcadas, apertando os lábios finos e balançando a cabeça.
Existia apenas uma coisa que Morpheus poderia tentar fazer, mas ele odiava isso. Sempre que algo nesse sentido acontecia, uma mudança drástica vinha consigo.
Havia chegado a hora de ter um encontro de família.
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