𝙿𝚛ó𝚕𝚘𝚐𝚘

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Não, não, não

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Não, não, não...

Suas mãos em mim poderiam ser facilmente comparadas ao ferro, um ferro tão frio quanto a água em que eu estava a poucos minutos atrás. Meu corpo lutava com uma repulsa instintiva, já sem forças para resistir, sua pele contra a minha trazia um sentimento absoluto de silêncio, vazio, dor... sentimentos fincados por ele em minha alma que jamais serão apagados.

Mãos que tinham um significado tão diferente, já não me traziam mais a sensação da adrenalina ou os arrepios pela pele. Eram como uma borracha apagando papel, apagando uma história. No entanto, nunca será capaz de apagar os amassados, tantos, tantos amassados. Eu nunca mais voltarei a sentir nada disso por ele, apenas o sentimento dolorosamente vazio do medo, nada além disso.

Nick colocou pressão em meu peito novamente, o que fez com que a água retornasse com o bile e fosse expelida para fora de mim. Eu não queria essa sensação novamente, não queria suas mãos em mim. "Tire suas mãos de mim" palavras incapacitadas alojadas em minha garganta.

A necessidade pelo oxigênio era o monstro que me dominava, arrancando fio por fio da minha sanidade. Virar... eu precisava de suas mãos me virando para esvaziar meus pulmões abarrotados de água. Eu não queria sentir seu toque novamente ao mesmo tempo em que precisava dele, essa era a sensação de querer algo que eu nunca poderia ter? Um veneno capaz de curar à medida em que matava minuciosamente sua vítima?

Meus músculos protestavam, queimando como se tivessem sido ateados ao fogo, implorando por um momento de repouso, enquanto minhas veias pareciam estar se lixando em meu próprio corpo. Nick encostou seus lábios nos meus para me enviar uma grande rajada de ar. Meus olhos se abriram em súbito e me virei para o lado, permitindo que a água finalmente deixasse o meu corpo, para poder ir de encontro com a madeira do Píer, o mesmo píer do qual ele me jogou antes de tentar me matar.

Minha cabeça latejava com o desgaste mental que estava sendo feito para lembra-me dos últimos 10 minutos. Os 10 minutos destinados a me colocar entre a vida e a morte, simples 10 minutos foram capazes de mudar tudo. Olhei para a cruz de prata jogada a minha direita enquanto a decepção me inundava e transbordava, a mesma cruz que a 10 minutos atrás, possuía um significado totalmente diferente. Agora, como Nick, a cruz não me significava mais nada.

"Há cerca de 10 minutos atrás, acordei com Nick sobre mim em minha cama, tentando me despertar de meu sonho. Eu já estava acostumada com as pedrinhas sendo jogadas em minha janela para alertar-me de sua chegada, mas agora estávamos em sua casa de verão, ele não precisaria de convites aqui."

"Nesta noite o seu olhar estava diferente, mas eu ainda não havia conseguido perceber o porquê. Devastador era a palavra certa para defini-lo, um olhar tão diferente que não reconheci o garoto que certa vez já me arrancou gargalhadas às escondidas, seus olhos azuis cristais estavam tão frios e profundos que poderiam ser facilmente confundidos com o Oceano."

"Nick havia me dito que queria ver o nascer do sol junto comigo em meu aniversário. Como presente ele me daria sua Cruz de família, a mesma Cruz que sempre cobicei. Em qualquer oportunidade que eu o encontrava, importunava o com o meu desejo de colocar meus dedos em sua Cruz, claro que ele sempre negava, mas depois de um tempo se tornou nossa brincadeira pessoal. Ele fugia enquanto eu ia atrás. Uma coisa era roubar de brincadeira o colar de Nick, mas para sempre? Como um presente?"

"Nick foi mais distante comigo do que o normal em nosso caminho para o píer, conversamos um pouco e em minha cabeça, o silêncio se dava ao fato de que ele apenas estivesse precisando de uma companhia, da minha companhia, meu coração desejava que fosse isso. Notei minha tolice ao ouvi o som de um tiro soar a distância e ver a falta de surpresa no olhar vazio de Nick".

"Eu odiei a forma como meu coração se estilhaçou antes mesmo que qualquer palavra deixasse os seus lábios, pois eu sabia, eu já sabia o que ele iria fazer e que tinha a capacidade para seguir em frente. Odiei a forma como ele havia me agarrado para me impedir de correr, uma forma que já desejei em circunstâncias diferentes. Odiei o medo me inundar quando ouvi o segundo tiro ser disparado, sentir a incapacidade e negação me atingindo como um Tsunami em água parada, feito para acertar apenas a mim. Mas nada se compara ao ódio que senti quando caímos na água com um movimento causado por ele, nada se compara a dor alojada atrás de minha cabeça e do movimento de seus dedos em cima do meu cabelo. Ele tentou me matar, mas seu verdadeiro erro foi tentar e fracassar".

A verdadeira pergunta que assolava a minha mente, ecoando e ecoando era; Porque? Por que me matar? Por que me tirar da cama na madrugada de um sábado? Não seria mais fácil apenas ter me matado em minha cama, com um travesseiro sobre o meu rosto? Eu não iria morrer asfixiada de qualquer forma? E quem estava puxando o gatilho de uma arma, não uma, mas sim duas vezes!"

— Que por-ra toda foi essa? — Ergui o queixo em desafio, demonstrando minha descrença, com minha voz traindo minha determinação ao falhar, merda.

Nick soltou uma risadinha e o silêncio se perpetuou enquanto ele retirava um cigarro do maço, colocando-o entre os lábios, acendendo a ponta com o isqueiro e dando uma tragada. Quando a fumaça se dissipou, sumindo na escuridão da madrugada, seus olhos encontram os meus, tão sombrios que podia jurar que o azul de suas íris tinha se tornado preto. Ele estava com raiva. Conclui com um arrepio que me percorreu desde a base da coluna à nuca. Como ele ousava esta com raiva? Ele não tinha esse direito.

Sabe? Isso é bom, você... finalmente aos meus pés feito a cadela que sabe que é. — Disse, com a voz carregada de desdém.

Minha garganta queimou ainda mais quando inalei a fumaça que pairava no ar, falhando em uma tentativa patética de levar oxigênio ao meus pulmões ainda exaustos.

Ele segurou o cigarro entre o polegar e o indicador, dando uma longa tragada antes de jogar a bituca no rio. Logo em seguida se aproximou, até que estava a centímetros de distância de mim, mas não se ajoelhou na minha frente, ele nunca se ajoelharia para mim.

Nick encostou seu dedo indicador em minha testa com uma pressão forte o suficiente para me fazer cair para trás.

Aproveitando o momento para se encaixar entre minhas pernas, Nick posicionou sua mão firmemente em minha cintura enquanto me puxava para si. Fome residia em seus olhos e eu não via mais o vazio que antes o dominava. Sua fome acabou por me esquentar e cheguei a odiar a necessidade que sentia de que ele acabasse com a distância que mantinha entre nós. Com sua mão esquerda, Nick jogou meu cabelo para atrás do ombro, se aproximando lentamente de mim, e com seu lábio inferior, passou subindo e mordiscando meu pescoço até que parou em meu ouvido.

Está fazendo as perguntas erradas, Alyssa. Senti como se meu coração pudesse sair pela boca a qualquer momento. — Não quer saber a quem foi direcionado aqueles dois tiros que ouvimos?

Um iceberg, Nick era um maldito iceberg afundando meu coração nas profundezas do mar. De repente, não consegui respirar e tive a impressão de está lutando para engolir navalhas. Meu corpo perdeu a cor tão rápido quanto se esquentou segundos atrás.

Pode abrir às pernas para mim o quanto quiser Ally, mas quando eu for te foder, quero que esteja em circunstâncias mais... adequadas.

Com um último suspiro no meu pescoço e com suas palavras ainda pairando ao redor como um maldito fantasma, Nickolas se afastou de mim e me deixou sozinha no escuro da madrugada.

Eu queria sentir raiva dele, queria que ela me consumisse e queimasse até que o frio impregnando em mim se tornasse apenas cinzas, mas meu corpo tinha fincado raízes na madeira úmida do pier e o ar ameaçava me congelar no lugar.

No entanto, não demorou muito para gritos soarem a distância, aquecendo meu sangue e me arrancando do transe. Que porra eu estava fazendo?

Não precisei nem de 2 minutos para correr em direção à casa de verão dos Ross.

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