Desventuras

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Março de 2004. A família Radamés, uma pioneira no ramo da hotelaria e uma das mais ricas famílias do país, havia tomado seu jatinho particular para passar o fim de semana numa fazenda pertencente a um grande amigo.

No avião estavam o chefe da Família, Marcondes Radamés, sua esposa Sônia e seus dois filhos, Jacinto Radamés o mais velho e Catarina Vicentina Radamés, a mais nova. Além do piloto e do copiloto. Eles estavam contentes, pois iriam comemorar o nono aniversário de sua caçula com uma festa típica rural, mas o que aquelas pessoas não sabiam era que uma tragédia estava prestes a acontecer.

— O que está vendo, comandante? – o copiloto perguntou ansioso.

— Não sei dizer! Mas por algum motivo os controles parecem estar falhando. – respondeu com certa apreensão. — Avise aos passageiros que coloquem os cintos, acho que vamos ter que retornar para a cidade!

O copiloto assentiu e pegou o comunicador avisando à família que colocassem os cintos. Marcondes se levantou e foi em direção da cabine a fim de saber do comandante o motivo de tal sugestão.

O mesmo pediu ao chefe da família que retornasse, pois o avião começou a perder altitude e que por conta disso deveria retornar ao aeroporto. Marcondes voltou para o seu lugar, mas não contou o ocorrido para sua família a punho de não os amedrontar, porém não conseguia esconder sua preocupação. Os pilotos então começaram a emitir o alerta de que teriam de retornar, eles avisaram a respeito dos problemas à torre de controle que deram sinal verde para que pudessem concluir a manobra de retorno, mas o avião nunca chegou a fazê-lo.


—Meu Deus! Nós vamos cair! – exclamou o copiloto.

***

Apesar de ser pequena, a família Radamés não era de tudo tão pequena assim. Isso por que Marcondes tinha um irmão mais novo, Adriano Radamés e este se encontrava na piscina da sua casa de praia com a esposa Ana e a filha Carolina, quando o empregado veio lhe trazer o telefone.

— Me desculpe, senhor Radamés, mas é urgente. –falou o jovem servente, com o semblante triste.

— O que aconteceu? Foi algo com a empresa? – perguntou colocando o telefone no ouvido.

Adriano balançava a cabeça sinalizando entender o que estava sendo dito do outro lado da linha. Em seguida ele entrega o telefone ao rapaz que pergunta se estava tudo bem, mas o homem nada respondeu, ele apenas fechou os olhos, franziu os lábios e depois de vestir o roupão, entrou para dentro da mansão.

Adriano sempre foi o mais desajustado dos irmãos. Ainda em vida, seu paia, Paolo Radamés, repartiu a rica herança da família entre os dois depois que sua esposa e mãe dos varões, Constanza Di Carmelo, faleceu. Adriano não soube muito bem lidar com o dinheiro e gastou quase tudo em viagens de luxo, caprichos de sua ainda jovem esposa e também na jogatina. Ele chegou a beirar a falência total não fosse o irmão mais novo o ter socorrido colocando-o como um dos diretores da matriz de sua companhia. Ao chegar no interior da casa ele foi direto para o quarto onde Ana, sua esposa, escolhia um vestido para a festa de logo mais.

Ela correu para junto do marido com um estiloso vestido azul de um estilista famoso, o azul, como sempre disse Adriano, combinava com os olhos da bela mulher. Ela que era dona de um corpo escultural, cabelos loiros e ligeiramente ondulados, lábios carnudos e olhos azuis. A mulher mostrou o vestido caríssimo com um sorriso de orelha a orelha. O que ela tinha de bonita, tinha de fútil.

— Gostou? É para a festa dos Andrade logo mais à noite! – falou dando uma volta em torno de si mesma como se estivesse dançando com o próprio vestido.

Uma Mulher de Coragem - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora