Ares do meu Brasil

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Catarina saiu do aeroporto e foi diretamente para sua casa. A mação estava localizada em um residencial chamado Village Dumont. Assim que o motorista estacionou em frente a mação cuja fachada era toda recoberta por uma espécie de trepadeira, que durante a primavera deixava sua beleza ainda mais esplendorosa com suas belas flores em tom rosê. Já era início de tarde, quase noite, ela abriu a porta da frente. Tudo estava arrumado como no dia em que fora para outro país, mas sabia que as pessoas a quem mais gostaria que estivessem ali, nunca mais as veria.

— Quanta falta vocês me fazem. – disse ela olhando o quadro gigante de seus pais, pendurado na parede que ficava ao fundo da sala.

A iluminação estava fraca por conta das luzes que ainda não haviam sido acesas por Catarina. O quadro só podia ser visualizado por causa da claridade que vinha de fora. A moça ficou ali parada e observando a pintura realista transmitindo a imagem dos pais que ela tanto amou, ao virar para o lado, sobre um aparador dourado ela viu um porta-retrato com a foto do seu irmão.

Catarina caminhou até o aparador e pegou o porta-retrato em suas mãos, apertando-o forte contra seu peito. As lágrimas não conseguiram permanecer em seus olhos e a jovem chorou copiosamente, era grande a sua dor e a mesma foi arrebatada por uma nostalgia sem igual, apenas a solidão lhe era por companheira naquele momento. Foi quando o barulho do telefone chamou sua atenção.

— Quem será? – Perguntou. — Será que alguém sabia que eu viria?

Catarina limpa as lágrimas do rosto e depois de limpar a garganta, ela pega o telefone.

— Alô? – pergunta.

— "Alô!" "Cacá?" – uma voz feminina do outro lado, responde.

— Quem está falando? Somente uma pessoa me chama assim! – ela sorriu depois de longos momentos de choro. — Solange, minha babá!

— Me desculpe por não poder estar aí, minha menina, mas amanhã mesmo eu passo aí para te dar um abraço, viu? Os seus tios mandaram arrumar a casa direitinho? – a mulher perguntou com uma preocupação que mais parecia uma mãe.

Catarina respondeu que aparentemente sim, pois ainda não havia adentrado os outros cômodos. Mas a mulher mais velha podia sentir que sua pupila não estava bem, porém, assuntos delicados a impediam de ir ao seu encontro ainda naquela noite. As duas conversaram por alguns minutos, a mulher disse que tinha muito a contar para sua Cacá, mas que haveria tempo para isso.

— Esperarei ansiosa por você amanhã, minha doce Sol! – ela respondeu — você não sabe como eu senti sua falta todos esses anos em que estive longe de você, da minha casa, da minha vida.

— "Mas esse tempo acabou, pequenina, agora estamos juntas novamente." "Agora procure descansar e amanhã a gente conversa mais. E veja se tem comida, se não tiver, peça para alguém levar para você!"

— Está bem, Sol, eu farei isso. – respondeu. — Vou tomar um banho e procurar descansar!

A jovem enfim criou coragem e acendeu todas as luzes da casa. Parece que a conversa breve como Solange lhe restaurou os ânimos e ela parecia bem mais contente. Chegando em seu quarto, a cama de solteiro ainda estava do mesmo jeito de quando ela partiu para a Europa, mas aquilo precisaria mudar, então decidiu que dormiria no quarto de seus pais. Apesar de parecer estranho, ela deveria deixar o passado para trás, pois acreditava que seria exatamente aquilo que iriam querer.

Após tomar um longo e relaxante banho com várias essências aromáticas que proporcionavam um estão de calma, Catarina saiu da banheira e foi direto abrir uma de suas malas, ela havia se esquecido do quanto o Brasil era quente e ainda mais por que estava no verão. Ao olhar pela janela, avistou o céu em um tom avermelhado por causa da fumaça que poluía a grande Rio de Janeiro.

Uma Mulher de Coragem - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora