Tudo nos conformes

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O dia amanheceu e Catarina despertou bem cedo. Cíntia havia preparado um delicioso café da manhã para ela, do jeito que a morena dos olhos cor de âmbar, havia pedido, com muitas iguarias típicas do Brasil. Tapioca, cuscuz de arroz, bolo fubá e café com leite. Ela comeu, leu as principais notícias dos jornais e em seguida subiu para se arrumar. Vestiu um terninho azul escuro e scarpin da mesa cor, com uma camisete branca por baixo.

Entrou no carro e pediu para que Celso a levasse para a sede da empresa, o rapaz assentiu. Celso era bem jovem e Catarina o escolheu exatamente por isso. Ele fazia parte da equipe que cuidava da manutenção da casa enquanto não havia ninguém morando nela. O rapaz era de boa aparência, pele morena, cabelo bem cortado e estava no primeiro ano da faculdade de direito, o que recebeu os sinceros parabéns de sua patroa.

Devido ao trânsito que estava um caos naquele dia, eles demoraram um pouco para chegar e quando ela entrou no saguão da empresa, todos os olhos se voltaram para ela.

— Bom dia pra vocês também, minha gente! – exclamou com um largo sorriso.

Todos responderam e sorriram da forma extrovertida de Catarina. Ela entrou no elevador, o ascensorista já a conhecia e a cumprimentou com elegância.

NO DIA ANTERIOR

Adriano recebeu de Catarina a missão de reunir o conselho de acionistas e apresenta-la como nova presidente da empresa, mas o atual comandante sabia que não seria uma tarefa fácil, mesmo assim fez conforme ela pediu, mas à sua maneira. Ele foi telefonando para cada um e relatou que a filha de Marcondes estava de volta e exigia comandar a empresa daquele momento em diante.

Alguns concordaram que a moça era detentora de tais direitos, pois assim constava no testamento de seu pai, mas outros retrucaram dizendo que Catarina era jovem demais e que precisaria de mais tempo até apreender a dirigir a Companhia Radamés. Isso acabou gerando um impasse que agradou muito a Adriano. Então, todos acabaram concordando em comparecer à reunião e alguns deles seria por vídeo conferência, por estarem de viagem.

TEMPO PRESENTE

Catarina saiu do elevador no andar do executivo. Era o mesmo andar em que ficava a sala da presidência, mas ela não sabia a surpresa que a aguardava. A morena se dirigiu para a sala de reuniões e cumprimentava a todos por onde passava. Juliana estava saindo da sala de Adriano, quando deu de cara com a herdeira, os olhares se chocaram e Catarina a encarou, ela sabia que teria sérios problemas ali, ela sentiu.

— Estou sendo aguardada na sala de reuniões, mas não me lembro mais onde fica. – falou, encarando a amante de seu tio.

— Acompanhe-me, senhorita. Eu a levarei até lá. – respondeu, já virando as costas para a morena. Mas logo descobriu com quem estava lidando.

— Eu ainda não tive a chance de conversar com a minha tia, mas logo iremos colocar o papo em dia, sabe?

Juliana virou-se de frente para Catarina e viu fogo em seus olhos.

— Nada mais justo do que estar perto dos parentes, senhorita. – tentou desconversar.

— Não pense que sou idiota e vou logo dizendo que não permitirei esse tipo de safadeza aqui na empresa a qual o meu pai comandou com tanto respeito. — falou Catarina, imperiosamente.

— A senhora deve saber que certas escolhas não são nossas. – quase sussurrando, para não chamar atenção, Juliana respondeu.

— Ah, são sim! – retrucou Catarina. — Principalmente quando se tem respeito e amor próprio... sem falar na dignidade. Agora vamos!

Juliana assentiu, mas suspirou em seguida. Ela estava a dois passos à frente de Catarina e franziu os olhos em sinal de não ter gostado muito da conversa.

Uma Mulher de Coragem - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora