16-Nem o sangue azul Part 2

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(Especial Fei Shun) part 2

Certa vez invadiu a cozinha enquanto os alunos escreviam sobre técnicas de esgrima no pátio e colocou laxante no vinho do professor, esse acabou passando mal durante uma demonstração de lutas com espadas e tendo uma diarréia severa na frente de todos.

Não demorou a descobrir quem era o culpado, já que ele foi o único a ter uma crise de riso, o que lhe custou uma surra, alguns estrangulamentos e uma noite amarrado a um poste do lado de fora da casa, foi uma noite desconfortável, mas não muito diferente daquelas naquele cativeiro que chamavam de quarto.

Durante os banhos onde todos tomavam juntos, era insuportável de se olhar, os hematomas azuis e roxos que se estendiam por todo o seu corpo.

Com o tempo ele foi se acostumando com tudo aquilo e parava de ser uma criança tão terrível, algumas vezes ainda se recusava a fazer algumas coisas como dá dezenas de voltas pela montanha ou carregar o sedan do professor sobre os ombros, lhe rendendo puxões de orelha até quase pingar sangue.

Por mais cruel que fosse, o homem nunca ousava tirar sangue do menino, deixava apenas hematomas e cortes rasos que iriam desaparecer com o tempo, o imperador jamais poderia ficar sabendo de todas aquelas atrocidades ou pediria o pescoço do homem.

Descobrindo que a descida da montanha não era completamente vigiada e que os quartos não eram totalmente vasculhados antes do toque de recolher, Fei Shun começou a descer a montanha quase todas as noites ao cair da noite. Lá ele bebia vinho, farreava e se divertia até o amanhecer onde chegava ao pátio antes de todos acordarem, começando seu primeiro treinamento, recebendo elogios. Na verdade nem sempre ele ia apenas para se divertir, algumas vezes a única refeição do dia era cortada completamente como desculpa de que fazia parte do treinamento, às vezes nem essa desculpa era dada então ele descia para tentar comer alguma coisa.

Fez isso por noites sem ser descoberto, então começou a levar seus amigos com ele de vez em quando, como já tinha o costume de fazer amizades pelos bares para garantir seu vinho ou na rua para a janta, uma vez conheceu o filho do imperador de Jiaying, conversaram por horas, se conheceram e se tornaram amigos. O garoto um pouco mais velho que ele contou que estava estudando em uma escola ali na região e quase todas as noites estava por ali, agora todas as vezes que descia a montanha era com o intuito de encontrar seu amigo, juntos comiam, bebiam e brincavam.

Uma vez marcaram de passear de barco e acabaram indo um pouco longe, quando voltou o sol já estava de pé e os alunos espalhados pelo pátio em fila, na frente o professor que a tempos havia achado suspeito a disposição do jovem para treinar.

Aquele foi para ele o pior castigo, teve que ouvir um sermão sobre disciplina e obediência por quase o dia todo e mais uma vez esteve amarrado ao poste, ao relento dessa vez por 5 dias. No último dia teve sua cabeça raspada completamente enquanto ouvia sobre o quanto era inútil, que seu avô o mandou para lá porque ele não tinha serventia no reino, que todos o odiavam por ele ser quem é, que ele não merecia o amor e a piedade de ninguém e que ele era realmente muito burro, nunca havia aprendido a escrever e muito menos a ler.

Quando não aguentava mais ele desmaiou e acordou em um lugar desconhecido, no meio de uma floresta, rodeado de árvores imensas, nem se ele quisesse conseguiria sair dali, era aparentemente um templo budista, julgando pelo monge que acendia um incenso ao seu lado. Quem frequentaria um templo no meio do nada? obviamente aquele templo não estava alí para visitas diárias. Aquele monge vestindo roupas alaranjadas tinha um olhar simpático, não dialogava com ele com frequência, mas também não o tratava mal.

Foram exatamente seis meses em que passou naquele templo, praticamente sem conversar com ninguém, ao lado de um velho que se fosse apostar ele jurava que era um monge falso, que raspava sua cabeça sempre que o cabelo voltava a crescer, era um lugar limpo, mas a cama era tão dura quanto aquela que estava acostumado a dormir, provavelmente aquele careca imundo era amigo do seu professor, já que suas refeições continuaram sendo apenas uma e segundo ele o homem que o deixou ali queria que o garoto encontra sua paz primeiro antes de se concentrar em outras coisas.

Still Hurts ( O Quanto As Lembranças Podem Ser Selvagens?)Onde histórias criam vida. Descubra agora