Naquele dia ventava tanto quanto na noite anterior, e ainda era muito cedo pela manhã quando parecia que uma verdadeira tempestade iria chegar.
A janela do escritório era sacudida para lá e pra cá freneticamente, às vezes batendo com força na parede outras vezes indo quase até o final e voltando rangendo feito uma risada maligna.
Cansado daquilo, Li Gong se levantou e caminhou até ela para fechá-la ou quem sabe quebrar em pedaços.
No momento em que ele se pôs em frente a dita cuja, uma ventania rodopiou o quarto pegando uma pilha de papel sobre a mesa e espalhando pelos ares, em seguida passando pela janela e a jogando contra seu rosto, acertando na mosca o seu nariz, o que fez sangue quente descer logo em seguida.
-Janela de Merda!
Aquilo fez sua raiva subir em um nível absurdo.
Cambaleando para trás ele alcançou sua espada na cintura pronto para retalhar aquela infeliz em mil pedaços minúsculos e dar os restos para Shanyuan usar de lenha para cozinhar o almoço, quando de repente a porta foi aberta.
-A-ah, Shanyuan me mandou vir aqui, mas parece que estão ocupados, Amitabha...
Era Zhao Qing. Ao ver a cena, ela brincou com a situação e como se tentasse apagar uma história foi fechando a porta em sua própria frente.
-Para onde vai? Entre, foi eu quem lhe chamou aqui.
Se recompondo, ele embainhou novamente a lâmina, catou os papéis pelo chão enrolando um pedaço e enfiando no nariz para estancar o fio de sangue, depois voltou ao seu assento.
Sem ouvir um mandato, a menina foi se sentar ao lado do irmão o cumprimentando com o olhar.
-Já devem saber o porque chamei vocês aqui, preciso saber de todos os detalhes sobre aquele dia, se não me contarem não terei com o que trabalhar e nunca poderemos pegar o culpado. Então peço que cooperem comigo e me diga tudo o que estavam fazendo naquele dia e onde estavam quando o ataque começou, vocês têm conhecimento das pessoas que fizeram a invasão? Sabem o motivo? As pessoas da vila tem o costume de cruzar a fronteira? Qual de vocês vai falar primeiro?
-Eu começo!
A menina se pôs de pé rapidamente como se preferisse que seu irmão ficasse em silêncio.
-Nós temos sim, o costume de cruzar a fronteira. O outro lado permitiu que nós moradores locais, vendessemos nossos produtos do outro lado.
Li Gong ergueu as sobrancelhas indicando não sua surpresa mas a certeza das suas suposições.
-Vivíamos fazendo isso sem o consentimento do imperador, nunca achamos que isso poderia nos afetar em algo, mas acontece que por conta disso estamos presos nessa enrascada que ninguém pode nos ajudar porque todos lá eram ignorantes demais para notar qualquer erro ou comentário suspeito.
-Oh Deus! Que povo ingênuo, porque diabos vocês achavam que um reino precisava de uma vila? Que necessidade vocês achavam que eles tinham para querer vocês? Porque nossos vizinhos seriam tão bons para aldeões?
-Foi até sugerido que nossos animais pudessem pastar nos terrenos vizinhos e os deles também podiam caminhar livremente pelo nosso território. Costumávamos transitar livremente pela cidade, mas em um determinado dia, um pastor de ovelhas adoeceu de uma febre repentina e não pôde ir buscar seus animais, ele também se esqueceu de pedir alguém que fizesse isso por ele. Acontece que no outro dia pela manhã todas as ovelhas estavam mortas e enfileiradas na frente das nossas casas, quando foram confrontar o outro lado, soubemos que elas entraram nos jardins e pastos privados que o imperador tem perto das fronteiras e fizeram uma grande bagunça. Achamos que havia acabado por aí, mas quando um grupo de pessoas foram fazer um passeio por lá, foram barrados e levados à força de volta para casa. Eles cortaram laços conosco e nos proibiram de visitar o outro lado. Meses se passaram e já tínhamos esquecido esse acontecimento, mas um dia eles nos procuraram novamente e nos imploraram para voltarmos, dizendo que as pessoas estavam sentindo muita falta dos nossos vegetais e legumes e nos queriam de volta, claro que não fomos, ainda tínhamos nosso orgulho. eles estavam dispostos a ter nossos serviços de volta e até o próprio imperador daquele reino mandou pessoas especiais para nos implorar e mesmo assim não cedemos, foi humilhação demais o que nos fizeram. Quando achamos que finalmente havia acabado, nosso líder da vila foi convidado para ver o próprio imperador, pelo pouco que ele nos contou, houve mais uma tentativa de reatar os negócios e até ameaças se caso não quisesse, claro que foi recusado novamente, afinal quem ousaria fazer algum mal para pessoas que nem sequer fazer parte de seu território? Eles ousariam e fizeram...
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Still Hurts ( O Quanto As Lembranças Podem Ser Selvagens?)
Paranormal還很痛/ Hái hěn tòng/ Still Hurts/ Ainda dói-Ainda machucado. Em um mundo dominado por impérios... bem no meio da floresta de um deles existe um louco curandeiro. Por mais que seja o melhor curandeiro do território, Li Cheng-Gong não passa de um maluc...