Capítulo 2 - Sacrifício

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Uma luz muito forte em meu rosto me acorda e percebo que estou amarrada em uma cadeira.

- Louise... Oliver - ouvi de algum lugar a voz de um homem não tão jovem, mas também não tão grave como a de um adulto.

- Quem é você? Onde estou?

- Isso não interessa agora. Fiquei sabendo que tentou falsificar a marca do seu filho.

- Tentei? Eu fiz isso... e funcionou por oito anos

- Bom, na verdade era sobre isso que queria te falar. - Ele aparece das sombras e começa a acariciar meu rosto.

- Já sabíamos disso. Nada escapa do conhecimento do Grande Baldur. A soberana regência tem controle sobre tudo o que vocês, ratos fedidos comem e cagam. Sabemos de todos, até dos engraçadinhos que pensam que podem enganar o governo global. - Ele se agacha na minha frente e fica perto de mim com a mão nos meus joelhos. O sujeito não tinha uma má aparência. Ele era cego de um olho, cabelo curto castanho escuro e algumas marcas no rosto.

- Onde está o garoto?

- Não vai ser fácil tirar isso de mim

- Temos várias ferramentas que talvez faça você mudar de idéia

- Eu to pouco me fodendo pra o que podem fazer comigo. Só quero meu filho longe disso. - Digo olhando para ele com uma cara de nojo.

- Vamos encontrá-lo... e caso ele queira se redimir e se juntar a nós...

- Nunca!

- ...Ele poderia até ser um militar no futuro!

- Meu filho não ousaria sujar as mãos com sangue inocente.

- Os não-marcados não são ignorantes e muito menos inocentes. Eles são pragas e disseminam o ódio. Baldur quer iluminar o mundo, e não seria possível sem eliminar os que atrapalham seu caminho.

- Credo. Os ovos do cara já devem estar molhados de tanta babação - O desgraçado não aguentou a piada e levantou me acertando com um tapa no rosto. Eu devo ter tocado em algum ponto fraco.

- Mais respeito! Lembre-se quem é que está amarrada numa cadeira! Tsc, já podem levar! Divirta-se apodrecendo...- O rapaz se ajeita e caminha pra fora daquela sala, ordenando que me levassem pra algum lugar. Depois, outros homens me tiraram daquela sala vazia e me levaram para uma cela com outras mulheres aparentemente com o mesmo peso que eu. Não foi como nos filmes, as minhas companheiras de celas eram mau-encaradas mas me receberam bem.
Dias, semanas, meses se passaram e só conseguia pensar num jeito de sair de lá. Precisava do meu filho... era irracional, mas eu sonhava em sair de lá e reencontrá-lo... ficava imaginando em como ele sobreviveria sozinho sem mim... se ele encontrou ou não algum rebelde, se foi pego ou se algo de pior o aconteceu.
Por isso, todos os dias nos momentos que tinhamos para comer e sair das celas, eu arrumava uma nova integrante na minha pequena rebelião, e pouco a pouco o grupo ia crescendo.

- Louise, já temos o que precisamos mas nada disso vai ser útil se não tivermos como nos defender - Disse Rebecca, uma colega que está comigo desde o meu primeiro dia de detenta.

- Tá com os remédios aí? - Perguntei pra ela.

- Sim, mas a guarda da farmácia disse que não vai mais me dar nenhum. Já é a terceira vez só essa semana que vou lá. - A Rebecca me dá os saquinhos discretamente com alguns remédios para dormir.

- Certo, acho que isso vai ser útil, muito obrigado. - Seguro em sua mão e a dou um beijo em sua boca por um instante, então saio e me distancio para evitar suspeitas.
Alguns dias depois, consegui apagar um guarda com aquela substância... Tive que seduzi-lo e ganhar sua confiança por um tempo, mas certa vez consegui fazer ele tomar os remédios dizendo que eram drogas fortes que a gente contrabandeava. Eu já tinha um uniforme, uma pistola e umas chaves... devia servir pra iniciar o plano.
Depois disso andei para a sala onde ficava o painél de controle com o uniforme de guarda, e consegui soltar todas as detentas de um determinado setor.

- Ótimo!

As meninas daquele setor eram do meu grupo, elas entraram em combate violento contra os guardas e apesar de algumas baixas elas conseguiram garantir a vitória pela quantidade. Elas pegaram seus armamentos e prosseguiram avançando para me encontrar.
Antes de partir me certifiquei de destruir o painél responsável pelos equipamentos de defesa do topo do prédio, mas acabamos tendo uma surpresa chegando lá em cima.

- Ise, você não falou que essa merda era tão alta!

- Tem um rio lá embaixo - Respondi Rebecca

- O que vamos fazer? Torcer pra que seja fundo? E o impacto?

- Fogo! - Enquanto Rebecca pergunta, reforços militares surgem no topo do prédio e disparam contra todas nós. Tirando a vida de muitas e acertando Rebecca no abdômen.
Como reação instintiva apenas abraço Rebecca e pulo de lá na esperança que as águas daquele rio nos abraçassem.

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