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Amélie pegou uma das telas de um tamanho considerável, pegou alguns pincéis e pegou o suporte da tela.

Os colocou do lado das que estavam os do seu pai, o quadro feito por seu pai era claramente maior e mais belo ( Realidade: Não pode nem pintar), mas Amélie não fazia aquilo por beleza e sim para aliviar os sentimentos que sentia.

— Você claramente não veio aqui somente para fazer desenhos, quer desembuchar o motivo? — 

Montel disse endireitando os óculos na ponta de seu nariz, sem tirar o olhar do quadro.

— Agradeço por perguntar… eu amo como você sempre é tão afável comigo — Disse fazendo o favor de retribuir a provocação — Como sabe que eu não vim só para isso?

Ele se vira para olhá lo, abaixa o óculos um pouco somente para visualizar a menina melhor e então solta um suspiro.

— Você sempre usa suas roupas velhas ou as que odeia para pintar, nunca roupas de marcas que segundo você não são dignas de tal ato — Colocou seu olhar de volta à pintura — Você já teria desenhado e pintado muito mais do que isso, poderíamos chamar isso até de esboço.

Um pouco daquilo era verdade, Amélie não tinha pintado nada, apenas feito um desenho simples e inofensivo. E suas roupas eram caras e de marcas, mas aquilo era insignificante para ela.

— Não penso desse modo sobre minhas roupas, isso é uma coisa tão antiga, mas sobre a pintura está certo.

— Dois a zero, desembuche, Amélie — Pegou um pouco da tinta azul.

— Estive pensando em levar alguém para você e mamãe conhecer

— Hum… quem seria essa pessoa? Aquela tal de Helena Gama? Ou seria Otávio? 

— Não, é uma outra pessoa — A mulher buscou realçar os traços do desenho — Você ainda não a conhece.

— Une autre! Une autre, Amélie! — Ele larga os pincéis sobre a palheta de tinta e bufa irritado — Quantas serão até o final do ano?

Mais um! Mais um!

Horrorizada com as palavras do pai, Amélie bateu com o pincel fortemente sobre o cavalete se irritando. Nunca imaginou que palavras como aquela sairiam da boca do homem.

Ela levanta a mão prestes a bater na cara do mais velho, mas se segura por um momento contando até dez. A mulher abre seus olhos agora os castanhos lacrimejavam, mas não de medo ou de vergonha, mas sim de raiva.

— Mes mains sont attachées! J'ai arrêté! — Exclamou em um falso sotaque francês, a mulher pegou suas coisas em um ato enfurecido.

Eu estou de mãos atadas! Eu desisto

— Onde vai? Quando não aguenta as palavras irá fugir? Assim como sua mãe? Eu lhe dei tudo que tem, Amélie! — O homem disse enquanto a olhava ainda parado no mesmo lugar, sem remorso alguns de suas palavras.

— Eu construí tudo que tive, o meu cargo, minha casa e todas as outras coisas! E sabe o que moveu? A única coisa que você pode ter me dado ódio e desgosto.

Ele abre a boca para responder a garota, e então busca se aproximar, erguendo as mãos em ameaça.

— Eu não tenho medo de você, eu cresci vendo você fazer isso. Aliás tire o nome de minha mãe da sua boca imunda, ou eu irei contar a todos a verdade sobre você.

Ela estava tentando ser calma e a melhor filha, mas não era ela quem precisava mudar… ele deveria.

Sempre fora assim escondendo as verdades, e achando que a mentira era o ideal, mas mentir já havia extrapolado o limite e quanto mais mentiras mais se tornava difícil sair desse buraco.

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