Amor/Amor

0.2

- Valeu Robson.- Agradeço após pagá-lo e bato no portão a frente.

As ruas estão desertas, as crianças que brincavam alegres enquanto jogavam bola ali já não estavam. Ultimamente por aqui tudo está tranquilo e calmo. Até demais.

- Já ouviu falar em campainha?!?- Alguém grita da janela a cima, levanto os olhos e aponto o dedo do meio pra ele.- Pensei que não voltaria mais pra casa, vadia linda... onde cê tava hein?

- No inferno, agora abre e não enche...

Ele ri e sai correndo pra abrir com a cara mais sinica do mundo. Está com seu habitual cabelo ruivo bagunçado e recém cortado, sem camisa descalço e sua típica bermuda preta.

- Leona tava pra dar um enfarto garota!- Diz me abraçando e o abraço de volta.

- Foi mal... eu precisava respirar.

Ele se afasta e me fuzila de sobrancelha arqueada, mais antes de brigar comigo, alguém o interrompe:

- E desde quando respirar, significa sentar em qualquer vara que encontrar hein? - Grita Leona vindo atrás dele.

Ela me encara de baixo pra cima e após 10 segundos me abraça também.

- Sua doida!- Fala e os dois me abraçam.

- Também tava com saudade gente, afinal vocês são minha família.- Falo.

- Somos!- Gritam em uníssono.

Entramos em casa e vejo Sol já sentada no sofá. Seu cabelo preto longo e seu vestido florido são o reflexo próprio de uma princesa.

- Eai gata, tava onde?- Pergunta pra mim e tocamos as mãos.

Sol é uma morena linda de cabelo cacheado e olhos pretos, porém ciumenta rsrs tive que mostrar pra ela que eu e Leona somos melhores amigas e que não passa disso, só assim ela confiou, as duas são namoradas e ambas se amam e combinam.

Minhas lésbicas favoritas.

- Por aí sabe como é...- Respondo beijando sua testa e ela ri.- Mais cadê o rango?

Aslan bate de leve em meu braço direito e comenta:

- Mesmo depois de ter trepado horrores, você tá com fome?!?

- Sim, Aslan! - Gargalhamos juntos.

Após comer como se não tivesse amanhã, fico sentada na cozinha com Aslan, enquanto Leona sai pra passear com Sol.

Começo a bebericar meio copo de vinho.

- Sabe... aparecia tanto noticiário de mulheres mortas e tal, a gente só pensava o pior.- Balbucia Aslan tocando em meu ombro. Meneio a cabeça.

- É eu sei...

- E sabe mesmo, onde já se viu passar uma semana longe sem dizer nada pra gente Bry?!?

- Vocês sabem como eu sou...

- E como sabemos mais, você não pode desistir de tudo por causa deles.

Lá vamos nós. A última coisa que quero é lembrar do meu passado, mais taí algo que sempre vai me assombrar. Meus pais.

- As vezes eu fico pensando sabe Aslan, acho que eu ter nascido foi a pior coisa pra eles...

Falo sem jeito e jogo o restante da bebida goela abaixo.

- Pode até ser minha amiga, mais pra nós aqui, que moramos com você, que te conhecemos, que já passamos tantas coisas juntos foi a melhor coisa.

Começo a chorar e ele me conforta me envolvendo em um abraço.

Aslan é como um irmão pra mim. Nele eu confio.

- Mais diz aí você tava com aquele "peso morto" de novo né?

Rapidamente solto uma gargalhada, só ele pra me fazer rir.

- Sim.

Ele bate palmas revirando os olhos pra mim.

- Eu sabia... não vai me dizer que tá apaixonada?!?

Bufo, corto uma fatia de bolo e mastigo o mesmo.

- Não, nem sonho com isso, mais você sabe como eu curo meus problemas, você sabe...

Ele se aproxima e se junta a mim, comemos juntos o bolo de chocolate feito por Leona.

- É eu sei, só não te esquece que se ele te fizer mal, sou eu que vou parar na cadeia!

Rimos e começamos a conversar sobre ele e sua faculdade de direito, Aslan é um ótimo amigo, protetor e bonito, todas as suas amigas de escola querem ter pelo menos a chance de sentar perto dele, mais como é focado nos estudos ele não pensa em relacionamento, nem em ficar com alguém. É o típico nerd solteirão.

Ruivo e bastante agressivo, principalmente com qualquer pessoa que me faça sofrer.

Lavo as louças e subo pro quarto, tomo uma ducha e espero Leona chegar pra nos arrumarmos juntas.

Afinal nosso trabalho noturno começará logo mais.

Foto: Aslan 👆