Capítulo 3.

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NATASHA ROMANOFF

Um dia inteiro de folga foi realmente relaxante nas primeiras horas, mas depois tudo se tornou chato e monótono. Tony vivia dizendo que eu trabalhava demais e dedicava tempo de menos a mim mesma e eu estava começando a acreditar que isso era verdade.

Tentei distrair a cabeça com algum programa bobo na TV, mas nada parecia muito eficaz. Decidi então que cozinharia seria uma boa ideia e isso jogou um pouco de ânimo no meu dia. No entanto, mal os ingredientes estavam dentro da panela e imagens do dia anterior quando alimentei Wanda no hospital assaltaram minha mente.

Foi impossível não deixar uma risadinha sair lembrando de sua teimosia, eu adorava a energia rebelde que emanava dela, me fazia lembrar de mim há alguns anos atrás. Sim,eu continuava obcecada por ela e por sua história e nem estava mais preocupada em disfarçar isso, pelo menos não para mim.

Enquanto levava uma das bruschettas que havia feito à boca, me perguntei se a garota aprovaria meus dotes culinários e então uma ideia me passou pela mente.

Ainda mastigando, procurei por uma vasilha térmica dentro do meu armário e comecei a preparar uma marmita. Depois de pronto, joguei tudo na bolsa e peguei as chaves do carro que estavam na mesinha de centro da sala. Eu sabia exatamente para onde queria ir.

Já no hospital, coloquei meu carro na minha vaga de garagem e me encaminhei até a ala das enfermarias. Não estava no horário de visitas, mas sabia que nenhum dos meus colegas me impediria de entrar.

— Pelo amor de Deus, mulher! Você não descansa nunca? –Tony disse pelas minhas costas e então me virei para encará-lo. —Não deveria estar de folga hoje? Até onde sei não tem plantão hoje e ninguém faltou para que você substitua.

Eu sabia que qualquer resposta que desse a ele seria passível de julgamentos, então decidi seguir com a verdade.

— Sim, eu descanso. E não, não vim substituir ninguém. –respondi com um sorriso falso e ele revirou os olhos para mim. — Estou aqui para visitar a Wanda.

— Meu Deus, por que eu não me surpreendo? –ele disse com um ar de deboche que fiz questão de ignorar.

Dei as costas mais uma vez, arrumei a mochila no ombro e comecei a andar pelo corredor, deixando-o para trás, mas logo seus passos rápidos me alcançaram e ele estava andando ao meu lado.

— Tudo bem, tudo bem. Não vou falar nada. –ele disse e eu o ignorei mais uma vez. — Na verdade, talvez sua visita seja uma coisa boa.

Ao ouvir aquilo meus pés frearam bruscamente e um medo irracional me atingiu. Tony também parou e me encarou como se esperasse que eu dissesse as próximas palavras, mas eu estava com medo de perguntar.

— Ela está... bem? –minha voz saiu em um fio.

—Bom, a garota ainda tem uma pneumonia grave e comprometimento em vários órgãos como você já sabe, mas seu quadro continua melhorando. –ele deu uma risadinha quando dei um suspiro de alívio. — Entretanto, ela tem sido especialmente difícil com todos os enfermeiros que passaram pelo seu quarto hoje. Talvez ela esteja sentindo falta de uma pessoa em específico.

Aquele pedaço de informação foi o suficiente para me fazer querer sorrir, mas suprimi isso porque não queria Tony me enchendo mais do que ele já estava fazendo.

— Ela não tem culpa se vocês fazem um péssimo trabalho. –o provoquei apenas para ouvir os seus resmungos. — Agora, se me dá licença, eu preciso ir.

Deixar Tony irritado era uma ótima maneira de tirá-lo do meu pé e foi exatamente o que aconteceu. O enfermeiro apenas deu meia volta e saiu resmungando coisas que eu não conseguia entender.

Waste (Short fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora