Meu paciente favorito (Bilhetes de uma garçonete)

Capítulo 8

Quando olho pro lado vejo um menino, coisinha mais linda, mas com semblante triste, pode ser impressão minha, sou acostumada ouvir barulho da minha filha gritando e guargalhando que acho que toda criança tem que ser igual.

Lavínia- Oii príncipe!

Dou um largo sorriso pra ele que me retribui no mesmo instante.

Lucas- oii

Ele fala tímido, logo seus olhos desviam para Laura, tenho uma leve impressão de que ele está com medo.

Laura- Esse é o Lucas, o pivete é insuportável, só não ligar pra ele, ignora sua existência.

"Meu Deus, como uma mãe fala assim do seu propio filho?"(pensamento)

Ela começa me mostrar o quarto que pedi preparar para as sessões, observei a piscina, será muito útil daqui uns dias, me mostra tudo, quando chega no quarto do senhor Cristhoffer ela me deixa sozinha.

Lavinia- mulherzinha insuportável

(Falo comigo mesmo) Bato na porta, mas ninguém responde, resolvo entrar mesmo assim, quando entro quase sou acertada por um copo arremessado em direção da porta.

Lavinia- que isso, não esperava uma recepção, mas isso, misericórdia de Deus!

Cristhoffer- Quem é você?

Lavinia- hum não aconteceu nada, imagina, não precisa pedir desculpas.(resmungo comigo mesmo)

Cristhoffer- anda, perguntei quem é você?

Lavinia- Sou Lavínia, a sua fisioterapeuta.

Cristhoffer- Quem disse que preciso?

Lavínia- olhando para você precisa sim!

Cristhoffer- ninguem te chamou aqui, vai embora!

Lavinia- sinto muito, mas estou sendo paga para trabalhar, e é isso que eu vou fazer, você pode cooperar comigo, ou me atrapalhar, se escolher a segunda opção, não serei tão boazinha.

Tento me parecer firme, mas na verdade estou com o coração saindo pela boca.

Cristhoffer- Sai daqui, não preciso da sua ajuda nem da sua piedade!

Lavinia- Vish, quem foi que disse que tenho piedade de você? Bora, vamos tomar um banho, nossa esse quarto está com cheiro forte, vamos logo!

Cristhoffer- eu não vou a lugar nenhum com você!

Lavinia- ah mais vai, não acha que está velho de mais para ficar fazendo birrinhas de criança.

Cristhoffer- sai daqui agora!

Me concentro em todo meu estudo, se meu professor me visse discutindo com um paciente, tirava o diploma de mim kkkkk, mas esse besta está me irritando de um certo jeito, pego sua cadeira e vou empurrando para o banheiro, ele fica xingando um montão de palavrão.

Ate que do nada um silêncio, não fala mais nada, não me ajuda mais não também atrapalha, tiro sua camisa, vi que ele estava so de cueca, coloco a banheira pra encher, e tento colocar ele dentro, mas ele e o dobro da minha altura, apesar da deficiência nas pernas e em um dos braços, ele é bem forte.

Lavinia- que tal da uma ajudinha aqui bonitão?

Cristhoffer- horas, cadê aquela marra toda?

Lavinia- Humm, por favor, me ajuda vai!

Cristhoffer- ok

Com um braço ele me ajuda, me esforçando coloco ele na banheira, nao estava cheia, então coloquei as costas primeiro, depois coloquei suas pernas, dentro da água eu começo a mexer em seus músculos, me parece que ele nunca fez fisioterapia...eu vou te ajudar bonitão.

Paro por um momento e fico admirando aquele pedaço de mal caminho bem na minha frente.

Céus como é lindo, pena que quando abre a boca parece um ogro, termino de ajuda-lo a tomar banho e chegou a hora difícil, tirar da banheira.

Cristhoffer- vamos fracote, força!

Lavinia- ogro

Cristhoffer- o que?

Lavinia- hunn, não falei nada rsrs

Com muito sacrifício consegui tirar ele, parecia que ele estava soltando todo seu peso do corpo de propósito, na hora de secar foi o sacrifício mesmo, puta que pariu, como de ser tão perfeito.

Cristhoffer- parece que está gostando do que vê?

Lavínia- hora de colocar a camiseta.

Fingindo demência e termino colocar a sua camiseta, as vezes olhava e percebia que ele estava me encarando de um jeito diferente, enrrolei a toalha e tirei a cueca molhada, comecei a conversar pra ver se agilizava o processo de por a parte de baixo sem ver e nem tocar em nada comprometedor, a maioria dos meus pacientes tem suas próprias enfermeira, nunca tinha dado um banho num homem, nem nada do tipo, confesso que fiquei constrangida.

Lavinia- quanto tempo você está aqui nesse quarto?

Cristoffer- Sem conversa, faz o que tem que fazer e vai embora!

Lavinia- como queira, mas ir embora agora será impossível, tenho o dia inteiro para ficar aqui, isso vai ser você querendo ou não.

Olho na porta e vejo o pequeno Lucas nos olhando

Lucas- ...

Lavinia- Vem, entra, cansou de ficar sozinho?

Lucas- posso mesmo?

Lavinia- claro, o que você faz para se divertir? tem muitos brinquedos no jardim ,você deve vincar bastante né?

Lucas- Não posso brincar neles, falaram que não mereço o que tem lá fora.

O pequeno abaixa a cabeça e me dá um nó no peito.

Lavinia- que tal depois que eu terminar aqui a gente brincar um pouquinho?

Lucas- Mamãe, quero dizer, Laura tambem não deixa.

Como assim aquela peçonhenta não deixa ele chamar ela de mãe, por que raio uma criança de 5 anos ter um olhar tão triste?

Lavinia- víbora!

Falo baixinho, mas não o suficiente para que o ogro nao escute, olho para ele envergonhada, e simulo com a boca que vou pedir desculpas, mas a fecho de imediato quando vejo um meio sorriso?

Comecei a conversar com Lucas, realmente essa casa não é saudável para uma criança, o que adianta tanta riqueza, se a coisa mais valiosa eles não dão valor.

Lucas- e só o tio Cris que fala comigo!

Lavinia- hun então tem um coração aqui dentro desse músculo todo?

Lucas- kkķkk tem, um bem grandão.

Vejo o ogro segurar a risada, mas é besta, coloquei ele na cadeira de rodas e levei para sala de jantar, para tomar café, Luquinha veio junto, sentou do meu lado, servi o ogro, a mão direita não tem muito movimento, então teve que comer com a esquerda, era só nós  3, estava tranquilo até que a perereca plastificada chegou.

Laura- o que ele está fazendo aqui?Quem autorizou que tragam ele para cá?

Lavinia- bom, como pode ver está tomando cafe, pelo que intendi, essa casa é dele, e nada mais justo que o dono da casa tomar um bom café da manhã no lugar que foi lhe posto pra isso.