My Sweet Girl - 2Yeon

Capítulo sete

~Jeongyeon~

Será que forcei muito a barra? Eu sou uma idiota. É assim que você demostra seu interesse Jeongyeon?! Que merda!

Talvez Nayeon não me suportasse porque eu fosse mesmo uma insuportável, mas não tive a intensão de atazana-la - ao menos não de propósito - e muito menos de deixa-la desconfortável. Nos últimos dias devo ter colocado muita pressão sobre ela. Queria ao menos saber o porquê de ela me tratar de uma forma diferente. Não que eu estivesse reclamando por isso, claro, ser tratada de uma forma rude não é lá a melhor coisa do mundo, mas por algum motivo, vindo de Nayeon, isso não me incomodava nem um pouco. Sempre foi gentil e educada com os demais, mas quando se tratava de mim, ela era completamente diferente, parecia mais sincera, mais verdadeira quando estamos a sós. E pensar que Nayeon está sendo ela mesma comigo me deixa feliz.

Parecia que estávamos nos aproximando, mas minha insistência a levou para longe de novo.

Saí da cozinha, e tive a certeza de que Nayeon tinha ido embora, as meninas me olhavam parecendo tão confusas quanto eu mesma estava, Mina havia pausado o filme e todas já estavam de pé me encarando como se procurassem uma explicação para Nayeon ter saído com tanta pressa.

- O que aconteceu? Por que Nayeon foi embora daquele jeito? - Jihyo perguntou com preocupação - Ela nem se despediu da gente.

- Acho que foi culpa minha - eu disse, com um pouco de receio - Vou ir atrás dela.

- Quer que eu vá junto? - Mina se ofereceu, já indo para a porta.

- Não precisa, Mina. Quero resolver isso sozinha.

Jihyo pôs a mão no ombro da japonesa, a puxando um pouco para trás em um pedido silencioso para que ela ficasse e veio até mim.

- Qualquer coisa você pode me ligar, sei que as vezes Nayeon pode ser um pouco complicada. Tenha paciência com ela.

Peguei minhas coisas com um pouco de pressa, e fui até a porta, pronta para sair. As meninas já haviam voltado a assistir o filme, com exceção de Jihyo e Mina, que eram consideravelmente mais próximas de Nayeon.  

- Vocês tem alguma ideia de para onde ela pode ter ido? 

- Ela é meio imprevisível quando se estressa - Mina disse pensativa.

- Mas é bem provável que ela tenha voltado para a biblioteca ou ido para algum bar aqui perto. É onde ela costuma ir quando quer relaxar.

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Passei em casa para largar minha mochila e não ter que carregar peso enquanto procurava pela Im, aproveitando para avisar meus pais que provavelmente chegaria tarde em casa. Eu sabia que a essa hora a biblioteca já estaria fechada, então não perderia tempo passando lá agora. Pensei em todos os bares que conhecia ali por perto, aquela parte de Seoul era cheia de bodegas e lojinhas, o que deixava tudo ainda mais difícil. Pra qual desses Nayeon poderia ter ido? Isso é, se ela realmente tivesse ido para um bar, porque ela poderia estar em qualquer outro lugar agora.

Entrei no primeiro bar, dando uma olhada rápida pelo lugar antes de ir até um dos atendentes. Um cara jovem que estava arrumado até demais para trabalhar naquela espelunca.

- Com licença, garçom. Você por acaso não viu uma garota, mais ou menos da minha altura, cabelo castanho na altura do ombro, um pouco estranha mas muito bonita? - perguntei e ele me fez uma careta, seguida de uma risada nasal com um ar debochado.

- Primeiro, eu não trabalho aqui, e segundo, você acabou de descrever metade das meninas da Coreia. Seja mais específica - ele diz, ajeitando a postura, se virando de frente para mim.

Peguei meu celular, procurando por alguma conta da Nayeon nas redes socias, quando encontrei, virei a tela do celular para ele, que pegou o aparelho, começando a rolar a tela para baixo.

- Quero saber se você a viu - falei, tomando meu celular de volta. 

Ele apontou para uma das mesas bem ao fundo, onde só havia alguém com capuz, virando um copo de soju atrás do outro. Revezei olhares entre a mesa e o cara, estreitando os olhos com desconfiança.

Caminhei até lá na ponta dos pés, ainda com desconfiança, a pessoa estava de costas e com o capuz do seu casado tapando seu rosto. Quando cheguei um pouco mais perto, consegui ouvi-la resmungando e reclamando baixinho, prestando mais atenção vi que aquela era mesmo a Nayeon. Ela estava com a mesa com três garrafas já vazias, fora a que ela segurava que também já estava quase no fim, Nayeon apertava o vidro com força, já nem se dando ao trabalho de servir no copo, bebendo o soju puro diretamente da garrafa.

- Essa canalha! - ela xingou, batendo na mesa. Eu dei um sobressalto pela surpresa, me sentando em uma mesa logo atrás da sua com cuidado para não fazer muito barulho e acabar chamando sua atenção.

Eu precisava conversar com Nayeon, precisava pedir desculpas a ela por tê-la importunado mais cedo e por seja lá mais o que eu tenha feito para ela guardar esse ranço de mim. Mas não sabia como aborda-la, as chances de ela acabar me expulsando se eu aparecesse assim tão repentinamente eram grandes, fora que ela provavelmente só quisesse ficar sozinha agora. Mas eu já cheguei até aqui, não iria embora agora. Ao menos não antes de me desculpar.

Nayeon se virou para trás de supetão, quase acertando seu cotovelo no meu ouvido. Me abaixei, escondendo o rosto com o cardápio temendo que ela me visse e pensasse que eu havia a seguido até ali. O que tecnicamente não seria verdade, já que eu não a segui, mas sim a encontrei.

Ela gritou para que o garçom trouxesse mais uma garrafa e voltou a resmungar e esbravejar sozinha.

- O que eu preciso fazer para afastá-la de mim?! - a cada fim de frase, era uma batida sobre a mesa - Essa idiota.

Ela grunhiu frustrada, e ouvi mais um estrondo na madeira da mesa, porém, dessa vez um pouco mais forte. Me virei para Nayeon, pensando que ela havia caído ou algo assim, mas ela estava apenas escorada com os braços estendidos, praticamente deitada sobre a mesa do bar, quase derrubando as garrafas e o copo que tinham ao seu redor.

Me ergui da cadeira, me esticando para segurar uma das garrafas pouco antes de ela cair. Olhei para Nayeon, vendo que ela já estava completamente bêbada, o que não me surpreendia, depois de ter bebido quatro garrafas sozinha.

Tirei o restante das coisas do alcance dos seus braços, pra evitar que ela acabasse derrubando algo e mais uma vez fui surpreendida com uma batida. Pelo visto ela estava descontando seu estresse na pobre mesa, e também em suas mãos, que já estavam com as palmas completamente vermelhas. Ela se virou, recostando a cabeça nos braços, com os olhos fechados.

- O que eu preciso fazer para parar de gostar da Jeongyeon? - a Im falou em um tom alto e frustrado - Eu nunca pedi para me apaixonar por essa garota insuportável. Que droga! - ela exclamou, batendo na mesa mais uma vez.

Nayeon gosta de mim. Ela está apaixonada por mim. Quando ouvi isso, meu corpo travou, e eu pude ter certeza que senti um arrepio percorrer desde a ponta dos meus pés até a minha nuca. Sem reação, deixei o copo que segurava cair sobre os meus pés, causando um barulho de vidro se quebrando tão alto quanto os estrondos das batidas que Nayeon dava na mesa. E foi aí, que ela abriu os olhos, olhando diretamente para mim.