~Nayeon~
Acordei com uma imensa dor de cabeça, e com a pauma das mãos ardidas. Resolvi sentar na cama, mas me arrependi assim que minha cabeça latejou, por um instante achei que fosse vomitar.
Fecho os olhos, e coloco as mãos no rosto, esperando a tontura passar. Minha mente estava embaralhada, não sei nem como tinha vindo parar em casa. Tiro o cobertor de cima de mim, colocando os pés para fora da cama, mas sinto uma fisgada forte em minha cabeça, e meu estômago revirar, então acabo deitando de novo.
Eu só podia estar com ressaca. E uma bem forte.
- Fala sério - resmungo, com minha cabeça parando de girar aos poucos.
Por que diabos eu resolvi beber tanto dessa vez? Tinha prometido para minha mãe a algumas semanas atrás que iria parar, isso já estava começando a virar uma necessidade. Sempre que me sentia mal com alguma coisa ou me chateava com algo, eu recorria a bebida para esquecer, e isso não era nada bom, pelo menos não depois de tomar um porre. Quando conversei com a minha mãe sobre isso, ela achou melhor que eu encontrasse alguma outra forma de me distrair, que não envolvesse nada alcoólico ou ilícito. Foi aí que eu decidi me voluntariar para ajudar na biblioteca, organizar os livros em um lugar calmo, ou só ir lá para ler, já que lendo, meu foco ficava totalmente no livro, não tinha tempo para pensar em outra coisa, e isso era ótimo para acalmar meus pensamentos.
Mas as vezes eu ainda tinha algumas recaídas, bebia uma garrafa ali e outra aqui, mas nenhuma tinha sido tão ruim quanto essa.
Quando acho que estou pronta, me levanto da cama, espreguiçando os braços e estalando as costas, que também doíam. Olho para a palma das minhas mãos, me perguntando o porque de estarem mais vermelhas que o normal. Procuro pelo meu celular, demorando um pouco para encontra-lo enroscado no meio do cobertor, ligando a tela e vendo um bocado de mensagens das meninas.
Hyo: Chegou bem em casa? Estamos preocupadas com você +9
Mina: Você está bem? +2
Grude da Mina: RESPONDE DESGRAÇA +31
Dubu: Está em qual capítulo daquele livro?
Sana: A Jeongyeon está com você?? Ela disse que ia te levar pra casa +7
Pisco algumas vezes, ignorando todas todas as mensagens exceto a de Sana, entrando no chat da japonesa para ler o resto das mensagens. Jihyo com certeza me mataria depois.
Sana: Pra onde você foi?
Sana: O filme estava muito bom. Pensei que quisesse muito ver
Sana: O que aconteceu com vocês duas na cozinha?
Sana: Por que saiu daquele jeito?
Sana: As meninas estão loucas com você
Sana: Inclusive
Sana: A Jeongyeon está com você?? Ela disse que ia te levar para casa
Não sabia do que ela estava falando, de onde eu tinha saído? Que filme? E por que Jeongyeon me levaria para casa? Digito uma resposta rápida, tentando forçar a mente a lembrar de alguma coisa. Esse era outro lado ruim em beber demais, eu nunca lembrava do que tinha acontecido depois.
Nayeon: Por que ela estaria comigo? E por que ela me levaria pra casa?
Guardo o celular na bancada, olhando para as minhas roupas, eu estava com um casaco moletom e uma calça jeans, o moletom estava sujo de alguma coisa, e a calça toda amassada. Fora o cheiro forte de álcool que subiu quando respirei mais profundamente. Eu precisava de um banho. Vou até o armário e separo uma roupa confortável, atravessando o corredor até chegar a porta do banheiro, porém, antes de entrar escuto uma voz irritantemente familiar. Dou meia volta, indo direto para a cozinha, dando de cara com quem eu menos queria ver agora.
- Você - exclamo, encarando Jeongyeon como se quisesse estrangula-la ali mesmo.
- Querida, que bom que acordou - minha mãe diz, com um sorriso - Sua amiga te trouxe pra casa a algumas horas, você estava horrível.
- Depois conversamos sobre isso, mãe - relaxo minha expressão ao falar com ela, não queria deixá-la pior. Sei que estava decepcionada comigo, mas não queria demonstrar isso.
Entro na cozinha, puxando a Yoo pelo pulso até o meu quarto com cuidado, já que a mesma segurava um copo de água na outra mão, encostando a porta depois de entrarmos. Não queria arranjar mais problemas com a minha mãe.
- Você está bem? Está com dor em algum lugar? - Jeongyeon perguntou, oferecendo o que imaginei ser um remédio para ressaca junto do copo de água.
- Eu não quero essa porcaria - afasto a mão dela, voltando a encara-la com raiva - O que pensa que está fazendo na minha casa?
- Você não lembra de ontem? Eu te encontrei bêbada em um bar, já estava indo pra sua quinta garrafa e não estava dizendo nada com nada. O barista já estava querendo fechar o estabelecimento porque já eram passado das três da manhã mas você não queria sair de jeito nenhum, até se agarrou em uma das cadeiras dizendo que ia viver lá agora, então eu tive que te trazer antes que ele chamasse a polícia.
Meu rosto foi corando conforme ela falava, me sentei na cama tapando o rosto com as mãos para esconder minha vergonha. Não só passei vexame na frente de Jeongyeon, como também deixei que ela me visse naquele estado. Eu estava me sentindo patética, estava deixando que Jeongyeon visse o pior em mim, as partes escondidas de mim estavam se tornando impossíveis de esconder.
Odeio essa sensação. Odeio me sentir fraca. Odeio me sentir vulnerável. Não consigo nem olhar para ela, porque pensar em ver tudo aquilo nos olhos dela, em ver sua expressão de pena, faz minha pele coçar.
É por isso que eu escondo coisas e guardo segredos. Foi o que fiz durante toda a minha vida. Coloquei uma máscara, moldando uma personalidade que não era minha para as outras pessoas, e agora que essa máscara estava caíndo eu não sabia o que fazer. Não queria ser um livro aberto. Não posso ser. Porque logo abaixo de toda essa farça, existe uma Nayeon desprezável, que não sabe lidar com os próprios problemas e enche a cara para tentar fugir da realidade, e, no fundo, tenho medo que ela saiba disso.
Jeongyeon se senta do meu lado, e tenta pegar a minha mão, os dedos mal chegam a roçar nos meus antes de eu me afastar e levantar abruptamente.
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My Sweet Girl - 2Yeon
FanfictionJeongyeon se confessou para Nayeon que a rejeita de uma forma áspera e arrogante, totalmente contrária de sua personalidade habitual de "boa menina". E, ser rejeitada daquela forma só serviu para deixá-la curiosa em relação a repentina mudança no hu...