PRÓLOGO

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— Acabou, Murilo! — Ela disse sem me olhar.

— É sério isso, Suzana? E quando você pretendia me avisar? — respondi já alterado, não conseguia acreditar que estava sendo rejeitado novamente.

— Na verdade não iria — Continuou colocando o restante de suas roupas em uma mala — Só vim ao seu apartamento para pegar minhas coisas e ir embora. Eu não sabia que ia chegar mais cedo hoje — Parou por um segundo, deu um suspiro e suplicou — Não vamos tornar isso pior do que já é.

— Então me fala, o que eu fiz para merecer um término sem nem ao menos a decência de conversar comigo? — Cruzei os braços no peito me escorando na porta do quarto.

— Incompatibilidade, Murilo, é isso.

— Nossa, levou mais de dois anos para descobrir que somos incompatíveis? — Fui sarcástico me controlando para não explodir.

— Na verdade, não. Mas desde o mês passado eu percebi que precisamos dar um tempo...

— Calma... Você começou a mudar comigo, depois que transamos com o Bruno! — Um suspiro ligando os pontos e nossas últimas experiências — Não brinca comigo! É ele, não é? — Suzana cresceu o olhar e levantou as sobrancelhas — Eu vou matar aquele desgraçado!

Dei um murro na porta saindo para a sala.

— Onde você está indo?

— Estou indo atrás do filho da puta que está seduzindo minha namorada.

— Ele não me seduziu, Murilo. Aconteceu! E as coisas entre nós não estavam indo bem nos últimos meses, não coloque a culpa de suas ações nas pessoas. Nem tudo gira ao seu redor, sabia? Pare de se achar, que você não é isso tudo, e está muito longe de ser.

— Não? Então gira em torno de você e de suas vontades — Procurei meu celular no sofá — E quer saber de uma coisa? Eu fui o idiota que buscou satisfazer todas elas. Topou transar com você e outros caras a seu pedido, por você!

— Não me venha com essa, você adorou brincar com eles, tanto que eu já fiquei de escanteio — Foi a vez dela cruzar os braços sobre o peito atrás do sofá onde eu procurava meu celular.

— Ficou porque quis! Gostava de assistir e até isso fiz por você. Entenda, Suzana, mesmo que eu também curtisse o sexo com os dois, no final das contas, ainda me sentia preterido por você que sempre se demonstrou liberal. Liberal até demais para mim.

— Você nunca me disse isso. Não me culpe por não saber controlar o seu ciúme!

— Meu ciúme tanto tinha razão que agora estou sendo trocado pelo cara com quem transamos mês passado.

— Viu como somos incompatíveis? Você é possessivo, Murilo!

— Ele ainda vai descobrir o quanto eu posso ser possessivo — ameaço já procurando minhas chaves no aparador.

— Espera! — Suzana me puxou pelo braço, seu olhar era de súplica — Não faz nada com ele, por favor. Ele não tem culpa de nada, eu me apaixonei por ele!

Lá estava o punhal sendo cravado no fundo do meu coração. Pisquei uns segundos, engolindo em seco a dor e o choro que queria vir. Eu não iria lhe dar o gosto de desmoronar na sua frente. Todo o meu auto controle, que já estava no fim, acabou.

— E o que eu faço com aquilo ali? — Apontei para o seu violão que havia comprado para ela — E isso? — Peguei as chaves dela no balcão — E isso Suzana? — Apontei o aparelho de jumping que ela queria e nunca usou — Eu faço tudo para te agradar, comprei um monte de porcaria para você ficar aqui — Avancei em cima dela apertando os ombros a empurrando até que ela batesse com as costas e a cabeça na parede — Dei as chaves do meu apartamento para você. Eu fiz tudo para você, até aceitei essa porcaria de menáge para te satisfazer a troco de quê? De ser abandonado!

Eu Não Sou o Mocinho - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora