Capítulo 107

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Summer

Sinto o perfume das flores, e um vento que arrepia cada canto de meu corpo. Abro os olhos com dificuldade, já que a claridade me incomoda bastante. Uso apenas um vestido lilás rodado, que marcava minha barriga, e estou descalça. Tento reconhecer onde estou, mas nada me vem a mente, na verdade, não me lembro de muita coisa.

O lugar parecia um bosque, e tinha um balanço na maior árvore que havia ali. Começo a caminhar em volta, achando que posso encontrar algo, mas a única coisa que vejo, é uma mulher, não muito longe de mim.
Suas vestes eram brancas, o cabelo estava solto, mas eu ainda não conseguia identificar.

- Summer ? - sua voz soou, um pouco baixa demais

Andei mais de pressa em sua direção, e cada vez que me aproximava, sinto um frio na barriga. Travo, assim que reconheço ela. Mãe. Ela abre os braços em minha direção, e uma lágrima cai, logo quando nos encontramos.

- O que você está fazendo aqui ? - pergunta, assim que nos afastamos

- Não sei, eu só lembro de estar sendo carregada, e acordei aqui. Aonde eu estou ?

- Com certeza não é para estar aqui. - ela afirma, um pouco ansiosa

- Eu morri ?

- Não, de jeito nenhum! Tem pessoas que precisam de você lá.

Sinto meus olhos arderem, quando lembro de tudo que passei nas mãos de David, um nó se forma em minha garganta, e sou incapaz de falar qualquer coisa.
Minha mãe beija minha tempora, alisando meus cabelos.

- Eu sei de tudo o que aconteceu, dele tentar me tocar, e eu implorar para que ele não fizesse nada. Ele só não continuou, porque eu estava grávida, e disse que sentia nojo de mim. David me bateu, ele me dava socos todos os dias, tapas, chutes, cuspia em mim, fora a pressão psicológica. Eu não aguento mais, eu não quero voltar - falo, em meio a soluços

- Summer, aconteceu a mesma coisa comigo, por dois anos. Quando eu fiquei doente, contei a ele achando que as agressões parariam, mas ele continuou. Usei roupas longas por muito tempo, já que escondiam os hematomas, eu sei o quanto doeu. Anthony nunca levantou a mão para mim, nunca. Poderíamos brigar, ter nossas diferenças, e vai por mim, eram muitas, mas ele não me bateu. Seu pai foi o amor da minha vida, e meu maior arrependimento foi não ter continuado com ele. David pagou por tudo que fez com você, acredite em mim. Mas você precisa manter esse coração batendo, entendeu ?

- Não quero voltar e ter que sentir dores, a lembrar de tudo que ele me fez. Se for assim, eu prefiro ficar aqui com você.

- Não posso deixar que fique, Catarina e Ethan precisam de você. Alya precisa de você. Não é sua hora ainda, tudo bem ? Eu estou orgulhosa de você, Martínez - ela diz a última parte baixo, e me dá um sorriso confortador

Realmente ela não foi a melhor mãe do mundo, e a conversa que estamos tendo agora, eu queria que tivéssemos tido enquanto ela estava viva.

Sento no balanço que tinha visto a um tempo atrás, e Ângela começa a me empurrar devagar.

- Pode me contar mais sobre seu relacionamento com o meu pai ?

- O que você quer saber ? Sobre meus gostos para homens ? Isso você já sabe, olha pra você. - afirma, me fazendo rir - Por onde posso começar... Lembrei! Podemos falar sobre o dia que eu acordei com desejo de madrugada, e fiz seu pai ir na rua com Lorenzo.

Um sorriso se forma em meu rosto, a lembrança de que isso já aconteceu comigo vem em minha cabeça, e meus olhos começam a lacrimejar.

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