Felps.‐ Colegas de Apê.

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[Amizade×Fofo]


                        Mais uma vez eu me via sozinha, sentada na varanda, lendo outro livro de romance, aos quais, genuinamente, gosto.
                        Sendo sincera, eu não estava realmente focada na leitura, estava prestando mais atenção em como o silêncio parecia me deixar, levemente, surda. O vento frio batia nas minhas pernas nuas, fazendo com que meus pelos se arrepiassem, e balançava as folhas do meu pé de pimenta, que ficava no balcão da varanda.
                         Era estranho me sentir sozinha em um lugar onde duas pessoas, silenciosas de mais, moravam.

                         Mordi a bochecha internamente, enquanto espiava Felipe passar pelo corredor em direção à cozinha, com uma garrafinha em mãos. Ele estava quase arrastando os pés, parecia meio sonolento, com suas meias coloridas, seus braços pendiam, como se ele tivesse passado horas fazendo exercícios de musculação.
                          Me obriguei à enfiar a cara de volta no livro, e tentar ler o conteúdo do mesmo, o quanto antes. Aparentemente funcionou, já que eu estava chegando na metade, e Felipe agora tinha as mãos em meus ombros, me balançando levemente, novamente... eu não sabia o que tinha acontecido no livro.
                         Fechei o objeto e então ergui a cabeça para encará-lo.

— Hum!?– Exclamei arrumando minha postura.

— Perguntei se você tá afim de pedir alguma coisa pra jantar.– O rapaz disse preguiçosamente.

— Ah, não... – Dei uma pausa. — Eu posso fazer hambúrgueres pra gente, se você quiser ou outra coisa. Cansei de comer pizza.

— Você sabe fazer hambúrguer? – Ele me perguntou, desconfiado.

— Artesanais, sei sim! – Respondi meio envergonhada.

                          Já faziam alguns meses, desde que me mudei para esse apartamento, e tentava ser o mais discreta possível. Felipe e eu, não éramos, exatamente, os melhores amigos... e confesso que foi arriscado aceitar ser colega de apê, de alguém que mal conhecia.
                         A nossa relação era menos pessoal possível. Dificilmente conversávamos, eu tinha uma rotina fixa, e ele era mais do tipo "Se der hoje, foi!". Nossas interações se limitavam à compartilhar uma pizza, cada um em seu celular.
                          Por ironia do destino, me dei super bem com sua irmã. Carol era o tipo de pessoa amável, espontânea e que te arrasta para qualquer coisa, e te faz sentir confortável em qualquer situação.

                          Após nosss pequena interação, levantei, deixando o livro na mesinha de centro, e caminhei até a cozinha e Felipe, surpreendentemente, me acompanhou com empolgação, como se quisesse muito ajudar à fazer nossa comida.

— Como eu posso ajudar?– Derrepente eu estava na presença de um novo Felipe, um Felipe mais empolgado.

— Ah... você pode começar tirando a carne do congelador.– Disse, abaixando para pegar os temperos no armário.

                         O cacheado abriu a geladeira e então tirou de dentro um pote de tampa rosa com.uma etiqueta identificando o alimento. Felipe me encarou questionar e eu ri.
                         Eu era uma pessoa organizada, não exageradamente, como pode parecer, mas isso facilitava minha vida. Entre faculdade, trabalhos e uma rotina de academia, era fácil me perder entre as coisas na hora de cozinhar.

— Você é bem organizada, não é [S.a]?!– Felipe exclamou com um sorriso.

                         Ouvir meu apelido em sua voz era estranho, não de um jeito ruim, pois nós não costumávamos falar o nome do outro, nunca havíamos a necessidade de trocar uma palavra sobre outros assuntos que não fossem: tarefas da casa, compras e contas, no meio disso acabamos por usar sempre o termo "você".
                         Sorri para ele de volta, e entreguei uma vasilha rosa para ele.

╰►𝑰𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆𝒔 𝑺𝒕𝒓𝒆𝒂𝒎𝒆𝒓𝒔/𝒀𝒐𝒖𝒕𝒖𝒃𝒆𝒓𝒔.Onde histórias criam vida. Descubra agora