A Proposta - Jensoo

6

Às seis em ponto, Jisoo tocou a campainha do apartamento de Jennie. Já tinha ido ali tantas vezes em horários completamente aleatórios, que sua entrada era totalmente autorizada. Por causa dessas suas visitas — entre muitas aspas — inesperadas, tinha se tornado amiga dos porteiros, dos seguranças, das faxineiras e conhecia vários vizinhos da editora.

O prédio que Jennie morava era luxuoso e enorme, um dos mais caros de toda Seul. Tudo ali era requintado e feito para demonstrar o quanto seus moradores tinham dinheiro. Nos corrimões das escadas e em alguns detalhes dos elevadores a cor dourada reluzia. Na cabeça da jovem assistente, aquilo podia ser facilmente feito de ouro maciço, pois o preço para morar ali condizia com decorações que envolvessem aquele metal. Se duvidar, os lustres no hall de entrada eram de cristais Swaroski, e o chão que brilhava tanto quanto uma estrela, possivelmente era do marfim mais caro que existia no mercado.

Mesmo sem nunca ter ido até onde ficava, Jisoo sabia que havia uma piscina quase olímpica de borda infinita com água azulzinha. Além disso, o salão de festas podia ser facilmente confundido com o saguão de entrada de algum hotel luxuoso de Paris. A academia tinha tantos equipamentos diferentes, que Jisoo nem sabia que haviam certas partes do corpo que poderiam ser malhadas. Os tapetes que eram dispostos em alguns lugares, eram tapetes persas legítimos. Sem contar que haviam esculturas e quadros de artistas renomados espalhados por todos os cantos.

Embora tudo aquilo sempre a surpreendesse, nada se comparava com o choque que teve quando entrou no apartamento de Jennie a primeira vez. Ficou embasbacada como era grande e sofisticado. Aquilo aconteceu em seu primeiro ano de trabalho, quando a morena ligou para ela às duas da manhã exigindo que levasse até ela um pote grande de sorvete de chocolate, absorventes e remédios para cólicas. Aquela só foi a primeira vez de muitas que teve que sair de madrugada para socorrer a mimada da sua chefe. Depois disso, aparecer naquele local se tornou corriqueiro.

Após esperar alguns minutos, Jennie abriu a porta com uma tigela de cereal nas mãos. Ela não falou nada, apenas sumiu para dentro do apartamento deixando Jisoo sozinha. A loira foi até uma poltrona na sala e se sentou esperando a madame retornar de onde ela tinha se enfiado. Não demorou muito e a escutou gritar seu nome. Já preparada para o longo dia que teria, foi até onde vinha a voz estridente.

— O que foi dessa vez? — Jisoo perguntou se encostando no batente da porta do quarto da morena e cruzando os braços.

— Me ajuda a fechar essa mala.

— Você não sabe fazer nada sem mim, hein? — foi até a morena que tentava fechar o zíper de uma enorme mala. — Por que está levando algo desse tamanho? Só vamos passar o fim de semana lá.

— Vamos ficar uma semana — Jennie continuou tentando fechar o zíper enquanto a loira fazia força para empurrar as roupas que estavam dentro.

— Por que vamos ficar uma semana?! — Jisoo perguntou surpresa. Aquilo definitivamente não fazia parte do acordo.

— Para você me apresentar para sua família como sua noiva e termos tempo de fazerem eles acreditarem nisso antes da entrevista na próxima semana — a fitou. — Sua família, provavelmente, vai ser interrogada por aquele oficial da imigração, temos que fazê-los acreditarem que somos um casal de verdade. Nosso plano tem que dar certo.

— Nosso plano, não! — Jisoo começou a fechar o zíper, pois Jennie já tinha desistido. — Seu plano. Eu sou um mero peão nesse seu joguinho.

— Nosso plano, sim! — Jennie se afastou indo até seu closet e logo voltou vestindo um casaco e com uma bolsa nas mãos. — Nós duas temos que fazer dar certo ou nós duas pagaremos por isso.

— Meu Deus, onde eu fui me meter? — Jisoo olhou para o céu em busca de uma resposta. — Que pecado eu cometi para estar passando por isso? — tirou a mala pesada da cama e colocou no chão. — Eu deveria ter sido uma pessoa muito horrível na vida passada para ter que passar por isso.